Vivianne Almeida Barbosa

 

MEMÓRIA E ESQUECIMENTO NO JAPÃO PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: UMA ANÁLISE HISTORIOGRÁFICA


Introdução

A Segunda Guerra Mundial deixou marcas profundas no Japão, influenciando bastante a identidade nacional e as memórias coletivas no país. A questão da memória e esquecimento no Japão pós-guerra é indispensável para compreender como a sociedade japonesa ainda lida com seu passado traumático. A problemática levantada neste trabalho é que a memória coletiva no Japão é construída e contestada através de narrativas oficiais e populares, somando um passado remoto e recente, revelando tensões entre lembrança e esquecimento e refletindo em como a identidade nacional foi moldada

 

A Ocupação Aliada e a Reconstrução da Memória

A ocupação dos Aliados no Japão (1945-1952) foi o marco inicial para a formação da memória coletiva da guerra. Sendo comandado pelos Estados Unidos, foram implementadas uma série de reformas que visavam desmilitarizar e democratizar o Japão, além de impedir que a onda comunista chegasse ali, já que próximo da Rússia, Coreia e China, era questão de tempo as ideias comunistas chegarem ao arquipélago. Essas reformas trouxeram um grande desenvolvimento capitalista para o Japão, porém diferente da Alemanha, sofreu poucas (ou até nenhuma) punição diretamente por ter participado do Eixo na Segunda Guerra Mundial. E a partir daí, a memória sobre essa participação e a questão das bombas se tornou uma espécie de tabu para a maioria da sociedade, manipulando, sob o comando Estadunidense, a memória coletiva japonesa, promovendo uma narrativa que favorecia os objetivos de reconstrução e controle político. A introdução de novos currículos escolares, a censura de publicações e a promoção de figuras como o Imperador Hirohito como símbolo de continuidade e estabilidade foram estratégias-chave para moldar memórias. Essas ações criaram uma memória oficial que, ao mesmo tempo, lembrava e esquecia aspectos críticos da guerra (DOWER, 1999). A censura, suprimindo os relatos de atrocidades cometidas pelo exército japonês promovia uma narrativa de vitimização nacional focada nos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, levando a um esquecimento coletivo, pois para lembrar do fatídico dia em que houve os bombardeamentos, teria de ser lembrado o que o Japão também fez, não como se isso justificasse os acontecimentos, mas seriam memórias desenterradas que resgatariam outras (NETO, 2021).

Além das questões citadas acima, a memória pós-guerra no Japão também adapta discursos nacionalistas, que já existiam ao longo da história japonesa, mas que ganharam forças com a Restauração Meiji (1868), onde houve uma reestruturação política, com o poder saindo das mãos dos Xogunatos e centralizando nas mãos do Imperador, legitimado pela linhagem divina de Amaterasu. E mesmo com a abertura para trocas comerciais com o Ocidente, ainda eram mantidos os ensinos utilizando métodos formais e tradicionais, reforçando os valores nacionais, com a ideia de criar uma unidade nacional, onde se defenderiam de países estrangeiros, mas que ao mesmo tempo haveria a inserção da modernização. Com a militarização e o início de conflitos imperialistas, como com a Rússia, Manchúria e Coreia, o Japão pode mostrar sua força em relação aos rivais, mesmo quando houvesse desvantagem geográfica, podendo aos poucos se igualar com as potências mundiais da época (SAKURAI, 2008). E com a ascensão de Hirohito e a chegada da Segunda Guerra Mundial, o país com os ideais nacionalistas se identifica com os pensamentos nazistas e fascistas da Alemanha e Itália, respectivamente, ocorrendo a aliança e a criação do Eixo.

 

A Educação como veículo para a Memória Coletiva

Após ser desenvolvido no tópico anterior sobre como foi reconstruída a memória e seus alicerces, será pontuado aqui como a educação é um dos principais campos onde se travam as batalhas sobre memória e esquecimento. Desde o pós-guerra, os currículos escolares no Japão têm sido revisados frequentemente para suavizar ou omitir referências às ações militares japonesas e às atrocidades cometidas. Essa omissão leva ao esquecimento, ideal para criar uma comunidade imaginada, explicada por Benedict Anderson (2008), onde a comunidade precisa de uma história construída por mártires, eventos marcantes e até desastres que a façam criar uma identidade de nação consolidada, ocultando a parte ruim e mantendo as aparências. Ainda sob essa mesma ótica, Beatriz Sarlo (2005) argumenta: “Seus grandes esquemas explicativos são relativamente independentes da matéria do passado, sobre a qual impõem uma linha superior de significados. A força organizadora desses esquemas alimenta-se do ‘sentido comum’ com o qual coincide. A esse modelo também corresponderam às ‘histórias nacionais’ de difusão escolar: um panteão de heróis, um grupo de excluídos e réprobos, uma linha de desenvolvimento unitário que conduzia até o presente. A quebra de legitimidade das instituições escolares em alguns países e, em outros, a incorporação de novas perspectivas e novos sujeitos afetaram também as ‘histórias nacionais’ de estilo tradicional”. (SARLO, 2005, p.14)

No Japão, essas revisões são impulsionadas por pressões políticas e sociais, refletindo a contínua tensão entre a necessidade de confrontar o passado e o desejo de construir uma narrativa nacionalista. A controvérsia sobre os livros didáticos atinge seu ápice em casos como os processos judiciais do historiador Ienaga Saburo (1978), que lutou contra a censura governamental de suas representações das atrocidades de guerra, onde denunciava questões sobre a bomba atômica, a postura dos EUA e os processos imperialistas do Japão com países vizinhos (NETO, 2021). Okamoto (1998) levanta a questão dos livros didáticos e mercados editoriais, mostrando a forma dos textos escritas originalmente e a resposta do Ministério da Educação:

“[texto original]: a guerra entre o Japão e a China estourou em 1937... Cerca de 700.000 coreanos foram trazidos à força ao Japão no ano seguinte. Eles foram compelidos ao trabalho escravo, onde os direitos humanos eram completamente negligenciados, junto com os chineses que foram trazidos como cativos da guerra sino-japonesa.

[opinião da censura]: ‘coreanos foram trazidos à força ao Japão’ pode ser assim na realidade. Contudo, como nessa época os coreanos eram considerados japoneses, isso não é forçado. Porque não escreve ‘pela Ordem de Mobilização Nacional’. Além disso, “o trabalho escravo onde os direitos humanos eram completamente negligenciados” pode ter sido assim em muitos casos, mas é necessário examinar se todos os casos foram assim.” (OKAMOTO, 1998, p. 31).

 

Esses conflitos evidenciam como a educação tem o domínio da direita conservadora e qualquer um que tente abordar sobre o passado conflituoso do Japão, acaba sendo vítima de censura. Esse processo de criação de uma memória coletiva controlada gera controvérsias internas e externas, com países vizinhos como China e Coreia do Sul que criticam o Japão por não reconhecer suas responsabilidades de guerra. E com a forte influência conservadora e capitalista, a política de esquecimento facilita a possibilidade da história se repetir, como por exemplo as falas de Shinzo Abe (antes de sua morte) em relação a um possível conflito com a China (NETO, 2021).

 

Políticas Oficiais e a Problemática do Esquecimento

As políticas de memória adotadas pelo governo japonês têm oscilado entre a total negação e o reconhecimento raro das responsabilidades de guerra. Nunca houve um pedido oficial às vítimas do imperialismo japonês, o mais perto disso foi o do secretário-chefe de gabinete, Yohei Kono, que pediu formalmente desculpas a Coreia do Sul em 1993. No entanto, essas desculpas são frequentemente acompanhadas por ações contraditórias, como as visitas anuais de políticos de altos cargos do Estado, incluindo Shinzo Abe, ao Santuário Yasukuni, onde estão consagrados os 12 criminosos de guerra que foram julgados pelo Tribunal de Tóquio (NETO, 2021). Ainda se tratando de monumentos, há a estátua de Sadako Sasaki, porém a memória criada em volta de sua história seria demonstrar o sentimento de resiliência perante a algo tão devastador como a bomba atômica e o pedido de paz, através dos tsurus feitos. Há a proposta de proteger bens culturais e criar monumentos, mas sem trazer a memória do que causou aquilo, tanto como o santuário, quanto a estátua de Sadako, são lembranças de algo, porém seu real significado e a problemática toda atrás disso foi esquecida.

A questão do esquecimento é abordada por Paul Ricouer (2007) como algo que pode ser inconsciente, como um trauma, mas que também pode ser algo voluntário e até imposto para manter uma paz social, como o caso das anistias. Esse esquecimento até traz a memória, porém ela é manipulada e fragmentada a fim de não trazer à luz o real passado. O autor ainda levanta o questionamento de que a anistia seria prejudicial para se fazer justiça, pois para fazê-la seria necessário trazer à tona a verdade. No contexto japonês, os dois memoriais citados refletem a luta entre narrativas conflitantes: a tentativa de reconciliação e a insistência em uma memória nacionalista que glorifica o passado militar, que acaba perpetuando as controvérsias, e os esforços para se fazer justiça sempre são minados pelos simbolismos que remetem a negação, pois nomear os algozes do Japão, trará a tona o quão algoz o Japão foi para outros países (NETO, 2021).

 

Cultura Popular e a Narrativa da Guerra

A cultura popular japonesa tem desempenhado um papel importante na formação e contestação da memória da guerra. A literatura de autores como Kenzaburo Oe e Haruki Murakami exploram as experiências pessoais e os traumas psicológicos decorrentes da guerra. Muitos filmes exploram temas de perda e sofrimento, oferecendo visões críticas e humanistas da guerra, tais como "Gen - Pés Descalços” (1973) de Kenjo Nakazawa e "Túmulo dos Vagalumes" (1988) de Isao Takahata que contrastam com as narrativas oficiais, apresentando uma perspectiva mais sombria dos eventos. O primeiro citado tem como autor alguém que viveu a guerra, perdendo todos seus parentes e lançou a obra como uma forma de pedir justiça pelo o que ocorreu, apontando os culpados. Já a segunda, Takahata, que também viveu a guerra, adapta o filme a partir de uma autobiografia de Akiyuki Nosaka, escrita em 1967, tornando o foco do filme as consequências de uma guerra para seus civis, que nada tinham a ver com a guerra e que morreram desamparadas.

A ideia de resgatar as memórias através de uma narrativa é desenvolvido por Walter Benjamin (1994) a partir da escassez da oralidade, dando lugar para a imprensa e os romances, e o principal motivo para esse enfraquecimento era causado pelas guerras, os traumas e as perdas, as memórias morriam junto com os soldados ou voltavam emudecidas para casa com seus veteranos de guerra totalmente traumatizados. Com isso, compartilhar as memórias evocaria o passado e, para o ouvinte, teria um efeito moralizante, talvez se questionando o porquê daquilo ter acontecido. Nakazawa e Takahata entregam para o telespectador a narrativa do sofrimento, das perdas e tecem críticas tanto ao Estado, quanto a sociedade por aceitarem e serem inertes ao que ocorre no Japão atualmente. Esses recursos narrativos da cultura popular devem ser utilizados para trazer debates apagados ou esquecidos, dando voz e sendo utilizados como objetos de pesquisa, de questionamento e de resgate de memória (CERTEAU, 1982).

 

Desafios Contemporâneos e a Continuação do Debate

Mesmo com todo o esquecimento forçado das memórias, incluindo o revisionismo histórico promovido pela direita conservadora, o Japão tem ganhado vozes de historiadores que buscam trazer às claras questões relacionadas à memória da guerra e do imperialismo. A partir dos anos 70 inicia-se uma dedicação na historiografia japonesa em estudar, utilizando arquivos de países como China, Coreia do Sul, Rússia, sobre os crimes de guerra cometidos pelos japoneses. Como o caso dos historiadores Yuki Tanaka (2001) e Yoshiaki Yoshimi (2002), que pesquisam a partir das memórias dos familiares e sobreviventes sobre as “mulheres de conforto”, que eram chinesas e coreanas que foram estupradas pelo exército japonês nas guerras sino-japonesas. Também sobreviventes, como o próprio Kenji Nakazawa, saíram das zonas reclusas onde ficavam os marcados pelas bombas e revelaram suas memórias, denunciando os medos e os preconceitos diante a sociedade. Nesse ponto, trazendo a fala de Svetlana Aleksiévitch, em Vozes de Tchernóbil (2016), o Japão se difere em Chernobyl apenas no fato em como os acontecimentos se deram, porém os resultados foram semelhantes. O medo do invisível e as consequências de uma explosão nuclear, tanto nos organismos quanto no meio ambiente, eram inconcebíveis para a mente humana e os que conseguiram sobreviver, eram marcados pelos resquícios dos acontecimentos, que não viveriam, mas sobreviveriam enfrentando as cicatrizes e as doenças. Todos esses que expõem as suas histórias vividas, tem uma fagulha de esperança de que o Estado japonês enfrente sua história de maneira aberta e honesta, promovendo uma reconciliação verdadeira, compensação para suas vítimas e uma compreensão mais abrangente do passado.

 

Conclusão

Ainda é um grande processo a questão da memória e esquecimento no Japão pós-Segunda Guerra Mundial, que levará anos para ser finalmente abordada. Talvez a soma da historiografia crítica japonesa com a cultura popular possa despertar os mais novos a perceberem como a memória de tantos foi esquecida. Compreender essa história é essencial para refletir e criticar as complexidades da identidade nacional japonesa. É necessário dar voz a essas memórias, pesquisar e debater sobre essas problemáticas, e é através da historiografia, buscando em diversos tipos de fontes que podemos identificar essas questões no Japão. É um longo caminho a se percorrer, principalmente com os crescentes conflitos no Extremo Oriente e ainda o forte conservadorismo japonês atrelado ao capitalismo, que, onde há a soma dessas duas (em qualquer parte do planeta), as vozes das minorias sempre serão apagadas.

 

Referências Bibliográficas

Vivianne Almeida Barbosa é graduanda em Licenciatura em História da UERJ e integrante do Projeto Orientalismo, sob orientação do Prof. André Bueno.

 

ALEKSIÉVITCH, Svetlana. Vozes de Tchernóbil. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas. São Paulo: Cia. das Letras, 2008.

BENJAMIN, Walter. “O narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov”. In: ____ Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.

CERTEAU, Michel de. A Escrita da História. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.

DOWER, John W. Embracing Defeat: Japan in the Wake of World War II. New York: W.W. Norton & Company, 1999.

NETO, Mario Marcello. O brilho de mil sóis: História, Memória e Esquecimento sobre a bomba atômica nos Estados Unidos e no Japão. Tese (Doutorado em História). Porto Alegre, Programa de Pós-Graduação em História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2020.

OKAMOTO, Tomochika. The Distortion and the Revision of History in Postwar Japanese Textbooks, 1945-1998. Dissertação (Mestrado em Sociologia). Nova York, Sociology Department of Queens College, 1998

RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas, SP: Editora da Unicamp,2007.

SABURO, Ienaga. The Pacific War: 1931-1945.New York: Pantheon, 1978.

SAKURAI, Célia. Os Japoneses. São Paulo: Contexto, 2008.

SARLO, Beatriz. Crítica do testemunho: sujeito e experiência. In: ____. Tempo passado: cultura da memória e guinada subjetiva. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 14.

TANAKA, Yuki. Japan's Comfort Women. London: Routledge, 2001.

YOSHIMI, Yoshiaki. Comfort Women: Sexual Slavery in the Japanese Military During World War II. New York: Columbia University Press, 2002.

 

11 comentários:

  1. Olá Vivianne. Parabéns pelo trabalho.
    As nações tendem a "corrigir" a sua história com frequência, aqui mesmo temos o caso do período do Regime Cívico-militar onde ainda hoje alguns saudosos do Milagre Econômico alegam que a ditadura fez o Brasil crescer. O seu trabalho foca no pós guerra, algo que não passamos. Como você vê esse processo de enfrentamento do "governo" em produzir uma memória e a sociedade em busca de dados mais relevantes sobre esse conflito?
    Abraço
    Anderson da Silva Schmitt

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa noite Anderson e muito obrigada por sua pergunta.
      O governo japonês tem criado uma memória coletiva que enfatize o seu papel de vítima, especialmente devido ao trauma das bombas atômicas, enquanto, ao mesmo tempo, minimiza, silencia e, pior, negligencia sua responsabilidade como agressor durante a Segunda Guerra Mundial. Há uma contradição entre seus discursos oficiais, monumentos e currículos escolares que priorizam narrativas de paz, mas que colocam em segundo plano episódios os abusos em países ocupados e ainda, puxando o gancho que você citou sobre a nossa situação brasileira, ainda há os atos de homenagens aos criminosos de guerra, feitos por muitos políticos.
      Por outro lado, uma parcela da sociedade em conjunto com sobreviventes de outros países, acadêmicos e jornalistas que buscam recuperar e expor pontos esquecidos dessa história com publicações, documentários, iniciativas de organizações e exposições independentes que desafiam a narrativa oficial e lutam por visibilidade e o reconhecimento dos crimes de guerra por parte do Japão.
      Espero ter respondido sua questão e mais uma vez, muito obrigada por sua pergunta!
      Vivianne Almeida

      Excluir
  2. Oi Vivianne! Que prazer ver seu trabalho por aqui.
    Gostei muito de como sua análise perpassa diferente temporalidades.

    Senti falta de ver um pouco mais de embasamento para questões como nacionalismo pré-Meiji e a identificação com o fascismo, ou pelo menos referências autores que defenda essa posição, uma vez que essas posições que você menciona não são consenso historiográfico, então é bom a gente se prevenir! Você já chegou a dar uma olhada no Before the Nation da Susan Burns e no artigo da Loise Young sobre a questão do fascismo?

    Adorei sua discussão sobre a memória e a manutenção da comunidade no Estado nacional moderno, e acho que ficaria ainda mais robusta com a contribuição do Prasenjit Duara sobre a construção da história nacional na Ásia (o foco dele é China mas também se aplica ao Japão com algumas adaptações).

    Como você traz diversos temas diferentes ao longo do seu texto, eu senti um pouquinho de dificuldade em identificar qual é o seu foco central. Você já chegou a pensar nessa questão ou é algo que você ainda vai encarar daqui pra frente na sua pesquisa?

    Pelo que já conversamos, imagino que você tenha intenção de expandir esse trabalho no futuro. A sua revisitação do estado atual da questão está muito boa, e aguardo ansiosamente pelas versões futuras que tragam mais a sua própria voz e posicionamentos a respeito da historiografia já existente.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa tarde Larissa, muito obrigada pelos apontamentos! Esse trabalho foi a primeira tentativa após o que nós conversamos, e como foi um artigo de conclusão de uma disciplina, precisei encaixar alguns autores propostos na ementa, o que pode ter ficado um pouco raso ou mal elaborado (também com a correria do final de semestre rs). A proposta inicial era de fato analisar de forma rápida sobre a memória e apagamentos do Japão com base na historiografia, mas como esses conceitos são complexos, acredito que de fato eu precise fazer um recorte e um embasamento mais elaborado, mas sim, esse tema é algo que quero me aprofundar mais como já tínhamos conversado, pretendo fazer um recorte menor e trabalhar com a cultura pop (que é algo que ainda estou a procura).
      Mais uma vez, muito obrigada pelos apontamentos, você tem me ajudado MUITO com todas as dicas e espero que no futuro possa continuar recebendo seus feedbacks.
      Vivianne Almeida

      Excluir
  3. Parabéns pelo texto, Vivianne!

    A memória tem sido uma preocupação constante dos historiadores. Acredito que os textos de Michael Pollak podem te auxiliar a pensar nessas memórias subterrâneas. Indico também o livro "Corpos da Memória", o autor analisa o surgimento dessas memórias contestadoras no Japão a partir dos anos 80.

    Gostaria de saber se você pretende analisar a historiografia que busca contestar esse silenciamento promovido pelo governo japonês?

    Luana Martina Magalhães Ueno

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa noite Luana! Agradeço muitíssimo por suas indicações e pergunta.
      Futuramente pretendo sim, mas , como eu respondi abaixo a pergunta do Cleberson, um dos principais problemas é a questão do idioma, pois muitas obras de historiadores japoneses que contestam tem obras em seu próprio idioma. No caso dos historiadores citados (Yuki Tanaka e Yoshiaki Yoshimi) consegui encontrar obras em inglês, mas haviam muitas outras, entrevistas, manifestos em japonês e hoje eu tenho a limitação de não ter nem o intermediário. Mas é algo que planejo para o futuro sim, além deles, conhecer muitos outros autores e trabalhos que compõem essa historiografia.
      Espero ter respondido de forma satisfatória e mais uma vez agradeço pela pergunta.
      Vivianne Almeida

      Excluir
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  5. Interessante o espaço que se dá aos vitoriosos na história. Agradeço a chance de acesso a um texto como esse, que se faz muito interessante.
    Esse é seu tema de pesquisa? Qual o seu maior desafio nessa pesquisa?

    Cleberson Vieira de Araújo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa tarde Cleberson! Muito obrigada pelo seu comentário. Então, meu tema de pesquisa ainda não está definido em 100%, mas pretendo seguir esse caminho, somente alterando as obras que analiso neste texto, que ainda estou na procura de quais serão. Mas o principal desafio é o idioma, pois mesmo havendo diversos trabalhos em inglês/português, algumas fontes eu precisei buscar em japonês, como no caso dos livros didáticos e é de uma tamanha insegurança ter que usar tradutores digitais e não ter certeza se foi traduzido de forma correta. Ainda estou nos primeiros passos de aprender a língua japonesa para tentar lidar até para um futuro mestrado/doutorado.
      Mais uma vez, muito obrigada pela pergunta!
      Vivianne Almeida

      Excluir
  6. Gostaria de parabenizá-la pelo texto. Fala sobre memória é sempre fascinante, recomendo-lhe autores como Maurice Halbwachs e Michael Pollak.

    Sobre sua pesquisa, gostaria de saber se a memória coletiva interfere no trauma das bombas nucleares?

    Júlia da Silva Amaral

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa tarde Júlia! Muito obrigada por sua pergunta.
      Sim, a memória coletiva japonesa interfere profundamente no trauma das bombas nucleares de Hiroshima e Nagasaki por ser complexa e envolta por tensões. O impacto dessas tragédias molda a identidade nacional, promovendo a valorização da paz e a conscientização global sobre os perigos nucleares. Museus, cerimônias e relatos de sobreviventes mantêm viva essa memória (como a história de Sadako Sasaki e os Mil Tsurus) transmitindo o sofrimento às novas gerações e reforçando o compromisso do Japão com o desarmamento nuclear.
      No entanto, essa narrativa de vítima contrasta com o apagamento de memórias relacionadas à participação do Japão como membro do Eixo na Segunda Guerra Mundial. O envolvimento em atos de agressão e crimes de guerra, como a invasão da China, o Massacre de Nanjing e a Coréia, raramente é
      destacado em discursos oficiais e nunca houve um pedido de desculpas muito menos indenizações. Essa dualidade na memória coletiva reflete a ideia de tornar o Japão como vítima e ocultar o seu papel de agressor no conflito. Com isso, o trauma das bombas nucleares convive com um silêncio histórico sobre outras responsabilidades da guerra, criando um panorama complexo e contraditório na construção da memória nacional.
      Espero ter respondido sua pergunta e mais uma vez agradeço pela atenção em ler o texto.
      Vivianne Almeida

      Excluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.