Vitória Ferreira Doretto

 

“TRAIN TO BUSAN” E A SOCIEDADE SUL-COREANA: UMA BREVE ANÁLISE


 

Personagens e histórias de terror, principalmente de monstros, permeiam a imaginação, literatura, cinema, música e televisão há muito tempo. Como acontece com quase todos os temas que são abordados no entretenimento, os monstros e demais seres fantásticos possuem épocas de altas e baixas — é possível verificar isto ao notar que em certas épocas há uma proliferação de obras literárias e televisivas sobre, por exemplo, vampiros em detrimento de anjos — e isto se dá, se considerarmos a discussão sobre globalização, desmodernização e retorno da figura do monstro feita por Mary Louise Pratt [2007], em razão do sistema político-econômico vigente na sociedade, com mercados abrindo e fechando, imigrações e naufrágios, que põem em relevo novos (ou seriam “remasterizados”?) dramas sociais.

 

É o funcionamento da sociedade atual que desperta medos, novos e antigos, ou repaginados. E estes medos ganham forma na figura dos monstros — daí voltamos aos movimentos de alta e baixa de temas explorados na indústria do entretenimento de forma bem-sucedida. De acordo com Texeira [2013]: “nos últimos anos, a popularidade do filme de zumbi cresceu tanto que ele despertou o interesse de diretores com maiores recursos e se tornou mais sutil, mesclando-se a outros gêneros”. Percebemos este movimento ocorrer também nas produções de entretenimento sul-coreano, notadamente em séries e filmes que chegam ao público ocidental por plataformas de streaming como a Netflix. Neste sentido, se olharmos as produções sul-coreanas nos últimos dez anos podemos citar filmes, como Zombie School [2014], Mad Sad Bad [2014], Train to Busan [Invasão Zumbi, 2016], Rampant [2018], The Odd Family: Zombie On Sale [2019], Peninsula [Invasão Zumbi 2: Península, 2020], #Alive [2020], e séries, como Kingdom [2019], Kingdom Season 2 [2020] e Zombie Detective [em tradução literal, Zumbi detetive, 2020], com roteiros envolvendo zumbis em diferentes épocas da sociedade sul-coreana e que tiveram diferentes resultados — de bilheterias e audiência local.

 

Neste texto trataremos de Train to Busan [2016] e sua escalada ao sucesso de bilheteria como um caminho duplo — por um lado, como um objeto de crítica e análise de uma sociedade; por outro, como um objeto do sistema de criação de produtos mais vendidos (star system), blockbusters, no cinema.

 

Train to Busan ou Busanhaeng (부산행, no Brasil: Invasão Zumbi) é um filme sul-coreano de apocalipse zumbi, ação e suspense lançado em 2016. Seu roteiro é de Park Joo Seok e Yeon Sang-ho, que também é o responsável pela direção. E em seu elenco estão nomes conhecidos do público sul-coreano, como Gong Yoo, Jung Yu-mi, Ma Dong-seok, Kim Eui Sung e Choi Woo Shik. O filme acompanha a jornada de um executivo (Seo Suk Woo, vivido por Gong Yoo) obcecado por trabalho e sua pequena filha (Seo Soo Ahn, interpretada por Kim Soo An) a bordo de um trem que viaja de Seul para Busan em meio ao surgimento de uma doença que transforma as pessoas em zumbis e se alastra descontrolada e rapidamente.

 

Neste texto, optamos por chama-lo de Train to Busan em detrimento de seu título utilizado nos cinemas e serviços de streaming disponibilizados para o público brasileiro (Invasão Zumbi) pelo papel importante que o trem para Busan, a segunda cidade mais populosa da Coreia do Sul, tem na trama — ele é, afinal, o local onde majoritariamente toda ação acontece, onde os personagens principais estão tentando sobreviver, e é também o lugar escolhido para uma das cenas utilizadas para a divulgação do filme (conferir Figura 1), destacando o olhar de desespero de um dos personagens — e porque entendemos que o uso do termo “invasão” em Invasão Zumbi parece remeter à ideia de algo que é externo entrando forçosamente em dado lugar, e na história as pessoas dos vagões (e, de forma geral, do país) são transformadas em zumbis pelo alastramento de uma substância descartada por uma indústria na água de um rio, que serve de alimento para animais silvestres, que vão ser transformados e então transmitir para os humanos com quem têm contato direto — a substância química é sim o “estranho” invadindo o corpo humano e provocando mudanças em sua natureza e comportamento, mas o foco do enredo não está realmente na substância e sim nos personagens humanos, na forma com que eles reagem à transformação de amigos e desconhecidos durante a viagem de trem e nas ações que se desencadeiam a partir destas reações.

 

Figura 1 – Cartaz de divulgação do filme

Fonte: Divulgação Next Entertainment World.

 

Dois fatos devem ser lembrados antes de analisarmos as questões propostas sobre Train to Busan. O primeiro é que o filme estreou em 13 de maio na Sessão da Meia-noite do Festival de Cannes de 2016 e ganhou 32 prêmios e teve outras 39 indicações a premiações. O segundo é que em 7 de agosto ele se tornou o primeiro filme de 2016 a ultrapassar a marca de 10 milhões de espectadores.

 

Ao apresentar sete teses sobre os monstros, Cohen [2000] aponta que o nascimento dos monstros ocorre nas “encruzilhadas metafóricas”, são corporificações de momentos, sentimentos ou lugares específicos e incorporam medos, desejos, anseios e fantasias de modo literal, ficando sempre na fronteira da possibilidade do “vir-a-ser”. É esta fronteira do poder tornar-se que é explorada em Train to Busan. Ao tratar do sucesso dos filmes de zumbi, Corso [2013] pergunta o que este tipo de monstro pode nos dizer e afirma que: “talvez sejam eco de recônditas questões que não nos atrevemos a pensar, e por isso elas abrem espaço na nossa consciência via fantasia”.

 

Quais questões são tratadas neste filme coreano? Conforme afirma Pratt [2007], os relatos de hoje são motivados por outro tipo de desejo e mostram os dramas da negação, exclusão e fracasso. Ao olharmos com atenção para os personagens, os cenários e as histórias contadas em Train to Busan, veremos uma série destes dramas, principalmente envolvendo fracassos: o personagem principal fracassa como pai por se dedicar rigorosamente ao trabalho e não passar tempo com a filha, que deveria criar sozinho depois do divórcio com a esposa; as duas senhoras idosas que conviveram a vida inteira não conseguem ter um diálogo entre si sem se machucarem; os jovens estudantes não conseguem expressar seu apreço uns pelos outros e, em especial, um deles não demonstra gostar da garota que o segue para todos os lados etc.

 

Acrescenta-se a isto questões próprias da sociedade sul-coreana (que podem também ser encontradas em outras sociedades): as pessoas se tornaram extremamente egoístas e apenas confiam em si mesmos, já que a mídia e o governo (ausente e responsável por encobrir a verdade na maioria das vezes) são facilmente manipulados pelas corporações. E é justamente a insensibilidade corporativa a culpada pelas mortes na trama — e aqui vale lembrar que a tripulação está mais preocupada em seguir os desejos de um empresário do que salvar os passageiros do trem.

 

Este detalhe sobre as corporações não é retratado por acaso: em 2014 uma tragédia abalou a sociedade sul-coreana, 300 pessoas, em sua maioria adolescentes, morreram afogadas quando uma balsa capotou no mar e, no final da investigação, a polícia descobriu que a corporação proprietária da balsa a sobrecarregou para economizar dinheiro — o que causou o acidente. O ponto mais sofrido para a população foi que o capitão e a tripulação entraram nos botes salva-vidas sem resgatar os passageiros e a mídia, acompanhando os informes do governo, reportou que todos tinham sobrevivido. Esta tragédia ficou conhecida como Naufrágio do Sewol.

 

Então, o filme critica a sociedade e ainda instiga a reflexão sobre sua existência: “Esses zumbis somos nós, em uma forma lúdica e rebaixada de filosofar sobre nosso destino” [Corso, 2013]. Mas não é apenas seu papel como crítico da sociedade que o fez um sucesso de bilheteria. Estima-se que um quinto da população sul-coreana tenha assistido o filme e ele quebrou diversos recordes na indústria cinematográfica sul-coreana, incluindo o de maior bilheteria em um único dia. Podemos apenas fazer suposições sobre a razão de seus altos números, mas devemos começar levando em conta seu elenco: Gong Yoo, o ator que interpreta o personagem principal, é um artista veterano que participou de filmes e K-dramas (as novelas asiáticas) muito conhecidos pelo público local, como Goblin [2016] e Coffee Prince [2007]; Jung Yu-mi é uma atriz também conhecida pelo público e esteve em filmes e K-dramas de sucesso, como Manhole [2014], Reply 1994 [2013] e The School Nurse Files [2020]; o mesmo pode ser dito de Ma Dong Seok, bastante conhecido por suas atuações em filmes e K-dramas como The Neighbors [2012], Nameless Gangster [2012] e Shut Up Flower Boy Band [2012], Kim Eui Sung, premiado ator veterano que atuou em filmes e K-dramas como Six Flying Dragons [2015-2016] e W [2016], e Choi Woo Shik, ator coreano-canadense que também atuou no aclamado Parasita [2019] e Time to Hunt [2020] e diversos K-dramas de sucesso, como Rooftop Prince [2012] e The Boy Next Door [2017]; estes e demais atores são conhecidos por seus bons desempenhos em produções, o que pode ter sido um fator que agregou atenção e levou também seus fãs aos cinemas.

 

Além disso, ter um elenco estelar faz com que haja uma produção de artigos e peças promocionais antecipando o filme, em manobras que aliam diversas mídias e que demandam um grande trabalho das equipes de marketing — o que é típico do star system.

 

Outro fator que pode ter lhe garantido o lugar entre os grandes lançamentos é a quantidade de indicações a prêmios e premiações vencidas. Como observado nos Quadros 1 e 2 apresentadas a seguir, Train to Busan teve trinta e nove indicações a prêmios e trinta e duas premiações vencidas, totalizando setenta e uma indicações, não só em premiações de associações asiáticas, mas também europeias e estadunidenses — destacamos aqui também a indicação ao Prêmio Guarani, a maior premiação crítica do cinema brasileiro, provando sua quebra de fronteiras geográficas.

 

Quadro 1 – Premiações

Premiação (ano) e/ou Organização

Categoria

Baek Sang Film (2017); Baek Sang Art Awards

Best New Director (Sang-ho Yeon)

Best Supporting Actor (Eui-sung Kim)

BloodGuts UK Horror Award (2016); BloodGuts UK Horror Awards

Best International Film (Sang-ho Yeon; director)

Blue Dragon Award; Popularity Award (2016); Blue Dragon Awards

Best Technical Award (Tae-Yong Kwak; Hyo-kyun Hwang - Special makeup effects)

Audience Choice Award

Buil Film Award (2016); Buil Film Awards

Yu Hyun-mok Film Arts Award (Sang-ho Yeon)

Best Supporting Actor (Eui-sung Kim)

Chunsa Film Art Award; Audience Choice Award (2017); Chunsa Film Art Awards

Most Popular Film

Technical Award (Tae-Yong Kwak - Special makeup effects)

Director's Cut Awards (2017); Director's Cut Award

Genre Film Award (Sang-ho Yeon)

Audience Award; Official Jury Prize (2016); FANCINE Festival de Cine Fantastico de la Universidad de Malaga

Best Film (Sang-ho Yeon - director)

Best Special Effects (Sang-ho Yeon - director)

Chainsaw Award (2017); Fangoria Chainsaw Awards

Best Foreign-Language Film

Audience Award; Cheval Noir (2016); Fantasia Film Festival 2016

Best Asian Feature (Sang-ho Yeon)

Best Film (Sang-ho Yeon)

Golden Trailer (2017); Golden Trailer Awards

Best Foreign TV Spot (Well Go USA Entertainment; Red Circle)

iHorror Awards (2017); iHorror Award

Best Foreign Horror

Asian Blockbuster Award (2016); International Film Festival & Awards Macao

Sang-ho Yeon

KOFRA Film Award (2017); KOFRA Film Awards

Best Supporting Actor (Ma Dong-seok_

Discovery Award (Sang-ho Yeon)

Korean Association of Film Critics Award (2016); Korean Association of Film Critics Awards

Technical Award (Tae-Yong Kwak - Special makeup effects)

Ten Best Films of the Year

Korean Film Actor's Association Award (2016); New Director Awards

Sang-ho Yeon

Festival Prize (2016); LUSCA Fantastic Film Fest

Best International Feature Film (Dong-ha Lee - director)

Audience Award (2016); Molins Film Festival

Best Film (Sang-ho Yeon - director)

Audience Award (2016); San Sebastián Horror and Fantasy Film Festival

Best Feature (Sang-ho Yeon - director)

Audience Choice Award (2016); Saskatoon Fantastic Film Festival

Gold Award (Sang-ho Yeon)

Official Fantàstic Competition (2016); Sitges - Catalonian International Film Festival

Best Director (Sang-ho Yeon)

Best Special Effects (Jung Hwang-su)

Audience Award; Special Award (2016); Toronto After Dark Film Festival

Best Feature Film (Sang-ho Yeon - director)

Best Director (Sang-ho Yeon - director)

Best Horror Film (Sang-ho Yeon - director)

Fonte: Elaborado pela autora com dados de IMDB (2021).

 

Quadro 2 – Indicações a prêmios

Premiação (ano) e/ou Organização

Categoria

Saturn Award (2017); Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films, USA 2017

Best Horror Film

Asian Film Awards (2017)

Best Actor (Gong Yoo)

Best Supporting Actor (Ma Dong-seok)

Best Editor (Jinmo Yang)

Best Visual Effects (Jung Hwang-su)

Best Costume Designer (Yu-Jin Gweon; Seung-Hee Im)

NETPAC Award (2017); Asian Film Critics Association Awards

Best Picture

Best Screenplay (Sang-ho Yeon; Joo-Suk Park)

AACTA Award (2017); Australian Academy of Cinema and Television Arts (AACTA) Awards

Best Asian Film (Dong-ha Lee - South Korea)

Baek Sang Film (2017); Baek Sang Art Awards

Best Film

Best Supporting Actor (Ma Dong-seok)

BloodGuts UK Horror Award (2016); BloodGuts UK Horror Awards

Best Actress in an International Film (Su-an Kim)

Best Actor in an International Film (Gong Yoo)

Blue Dragon Award (2016); Blue Dragon Awards

Best Supporting Actress (Yu-mi Jung)

Best Film

Best Supporting Actor (Eui-sung Kim)

Best Supporting Actor (Ma Dong-seok)

Best Screenplay (Sang-ho Yeon; Joo-Suk Park)

Best Cinematography-Lighting (Hyung-deok Lee – cinematography; Jeon-woo Park - lighting)

Best New Director (Sang-ho Yeon)

Best Editing (Jinmo Yang)

Best Art Direction (Mok-won Lee)

Buil Film Award (2016); Buil Film Awards

Best Film (Sang-ho Yeon)

Best Art Direction (Mok-won Lee)

Best Supporting Actress (Yu-mi Jung)

Best Cinematography (Hyung-deok Lee)

Chunsa Film Art Award (2017); Chunsa Film Art Awards

Best Actor (Gong Yoo)

Best Supporting Actor (Ma Dong-seok)

Best Supporting Actor (Eui-sung Kim)

Best Supporting Actress (Yu-mi Jung)

DFCC (2016); Dublin Film Critics Circle Awards

Best Film - Tied with Capitão Fantástico (2016), Paterson (2016), O Regresso (2015), O Quarto de Jack (2015), O Filho de Saul (2015) and A Bruxa (2015) in 6th place

Chainsaw Award (2017); Fangoria Chainsaw Awards

Best Actor (Gong Yoo)

Fright Meter Awards (2016); Fright Meter Award

Best Supporting Actor (Ma Dong-seok)

Golden Trailer (2017); Golden Trailer Awards

Best Foreign Horror Trailer (Well Go USA Entertainment; Red Circle Productions)

iHorror Awards (2017); iHorror Award

Best Actor - Horror Film (Gong Yoo)

Most Popular Feature Film (2016); Melbourne International Film Festival

Sang-ho Yeon

7th Runner-Up

Jury Prize (2016); Molins Film Festival

Best Film (Sang-ho Yeon - director)

Prêmio Guarani (2017); Academia Guarani de Cinema

Best Foreign Film (Sang-ho Yeon)

Rondo Statuette (2016); Rondo Hatton Classic Horror Awards

Best Movie

Fonte: Elaborado pela autora com dados de IMDB (2021).

 

As premiações são, sem dúvida, formas de consagração e afirmação de valor de qualquer tipo de produção, seja ela artística ou não, e os filmes não fogem desta regra.

 

Prêmios, então, são instâncias de consagração e uma forma de ampliar ou angariar capital simbólico e econômico para um objeto, neste caso Train to Busan, e permite que o filme tenha uma posição dominante em relação aos outros filmes, afinal, é comum querermos assistir filmes premiados para saber por que ganharam as premiações (e opinar se concordamos ou não com isso) — usamos aqui os termos capital simbólico e econômico na concepção de Bourdieu (2018) e Thompson (2013), que a desdobra e aplica ao mundo editorial a partir de Bourdieu, assim, de forma geral e resumida, o primeiro se relaciona ao prestígio e status de certa produção e o segundo se relaciona aos recursos financeiros angariados e acumulados, ou seja, aos fundos diretos (que há em suas próprias contas) ou indiretos (que são capazes de levantar em bancos, financiadores ou outras instituições).

 

Legitimado em um primeiro momento pelo elenco com bom (ou grande) capital simbólico no campo cinematográfico sul-coreano e depois pelos vários prêmios e recordes quebrados local e internacionalmente, Train to Busan é um exemplo de produção fruto do sistema de produção de blockbusters — que também podemos chamar de star system — e ao mesmo tempo em que critica aspectos da sociedade sul-coreana, apresenta problemas globais e põe em questão a reflexão sobre a forma como as sociedades estão vivendo.

 

Referências

Ms. Vitória Ferreira Doretto é doutoranda em Estudos de Literatura pela Universidade Federal de São Carlos e cocuradora da Curadoria de Estudos Coreanos da CEÁSIA/CEA/UFPE. E-mail: vitoriaferreirad23@gmail.com

 

BOURDIEU, Pierre. “Uma revolução conservadora da edição” in Política & Sociedade, vol. 17, n. 39, 2018, p. 198-249. Disponível em: https://doi.org/10.5007/2175-7984.2017v17n39p198

 

COHEN, Jeffrey Jerome. A Cultura dos Monstros: Sete Teses. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). Pedagogia dos Monstros. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

 

CORSO, Mário. A invasão zumbi: Zumbi, você ainda vai ser um... na melhor das hipóteses. Psicanálise na vida cotidiana, 2013. Disponível em: www.marioedianacorso.com/a-invasao-zumbi.

 

HU, Elise. S. “Korea's Hit Zombie Film Is Also A Searing Critique Of Korean Society” in Parallels - Many stories, one world, NPR, 2016. Disponível em: www.npr.org/sections/parallels/2016/09/01/492185811/s-koreas-hit-zombie-film-is-also-searing-critique-of-korean-society

 

IMDb. Invasão Zumbi. Awards, 2021. Disponível em: www.imdb.com/title/tt5700672/awards

 

PRATT, Mary Louise. “Globalización, desmodernización y el retorno de los monstruos” in Revista de História, vol. 156, 2007, p. 13-29.

 

TEIXEIRA, Marcus do Rio. “Por que será que gostamos tanto dos filmes de zumbis?” in Cogito, vol. 14, 2013, p. 12-15. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-94792013000100003&lng=pt&nrm=iso

 

THOMPSON, John B. Mercadores de cultura: O mercado editorial no século XXI. Tradução de Alzira Vieira Allegro. São Paulo: Editora Unesp, 2013.

 

TRAIN TO BUSAN. Direção de Yeon Sang-ho. 1h58min. Coreia do Sul, 2016.

 

 

 

10 comentários:

  1. Fernando de Barros Honda2 de dezembro de 2024 às 08:30

    Vitória, o seu texto deixa claro que o audiovisual não é meramente um produto de ficção, ou que se propõe apenas a entreter a partir da sua própria estética e construção narrativa. O que você pensa acerca do "Star system" ser apropriado para propagar questionamentos (sutis, mas necessários) sobre escândalos e incidentes (balsa)?

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    1. Vitória Ferreira Doretto6 de dezembro de 2024 às 00:32

      Oi, Fernando!
      Agradeço a leitura :)
      Eu particularmente acho interessante essa apropriação do star system. Como os produtos criados para esse sistema são destinados a ter grandes números (de vendas, visualizações) e conseguem conjugar diversas mídias e estratégias de marketing, sua circulação (e alcance) é muito e isso, me parece, é um fator que pode ser usado de formas interessantes pois é uma estratégia que consegue alcançar comunidades diversas e tornar acontecimentos conhecidos - e que supõe que uma parcela dessas comunidades irá além de uma leitura superficial das narrativas, o que pode levar a movimentação popular para que casos não se repitam (como o da balsa) ou tenham conclusões diferentes.

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  2. Parabéns pelo texto, Vitória! Não assisti esse filme ainda, mas me chamou atenção a associação entre os monstros e a realidade material que muitos autores e pesquisadores fazem e que também você trouxe aqui nesse texto. Pensar o momento histórico da Coreia do Sul e o período de lançamento do filme é imprescindível, ao meu ver, para materializar essa correlação.

    O acirramento do pensamento neoliberal no país tem gerado uma população cada vez mais ansiosa e individualista. Diante disso, gostaria de saber como você interpreta esses símbolos na sociedade sul-coreana e como você acha que esse individualismo entra em conflito com as bases coletivas da sociedade.

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    1. Maria Clara Pessoa de Moraes2 de dezembro de 2024 às 11:35

      [Só para corrigir o meu nome... Tentei editar o comentário acima e não consegui...]

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    2. Vitória Ferreira Doretto6 de dezembro de 2024 às 23:16

      Oi, Clara!
      Agradeço a leitura! :)
      Tenho a impressão de que esses símbolos são também sintomas do estado em que a sociedade sul-coreana está, e o individualismo, em especial, rompe com o funcionamento específico do coletivismo, sobrepõe valores e muda comportamentos, então o que era esperado e conhecido, deixa de existir e é essa quebra de expectativa, me parece, o princípio do conflito entre essas duas "formas" de existir.

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  3. Elisa Alves Silva Ruiz4 de dezembro de 2024 às 13:03

    Boa tarde, Vitória. Eu gostei bastante do filme Train to Busan e fiquei curiosa se você conhece um outro filme com zumbis (os citados no artigo ou não) que trabalha com detalhes essa "encruzilhadas metafóricas" trazidas no texto. De resto, adorei o texto e a pesquisa!

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    1. Oi, Elisa!
      Agradeço a leitura :)
      Dos que citei, The Odd Family: Zombie On Sale e Kingdom também trabalham bem com as encruzilhadas, Rampant e Gangnam Zombie são outros dois que olhando com cuidado também podemos entrever um pouco desse trabalho. Ah! e Exhuma!

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    2. Vitória Ferreira Doretto6 de dezembro de 2024 às 23:01

      Esqueci de deixar meu nome identificado! haha

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  4. Suéllen Sulamita Gentil de Oliveira5 de dezembro de 2024 às 21:56

    Olá, Vitória!

    Parabéns pela análise! Trabalhamos com bases teóricas semelhantes, então é um prazer ler seus textos, porque sempre aprendo muito com você.

    Ainda assim, para descansarmos um pouco a cabeça bourdieusiana, minha pergunta segue em outra direção. A cada momento em que lia seu texto, vinha-me à mente o recente k-drama A Criatura de Gyeongseong (2023). Pensando nessa relação entre a criação de monstros e a manifestação ou elaboração dos nossos medos, angústias e dilemas, fico refletindo: como a criatura do drama pode ser vista como uma manifestação simbólica das feridas abertas de um passado marcado pelas opressões na sociedade coreana?

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    1. Vitória Ferreira Doretto6 de dezembro de 2024 às 23:43

      Oi, Suéllen!
      Agradeço a leitura! :)
      Ainda não terminei A Criatura de Gyeongseong, mas pensando nos episódios que vi, a criatura pode ser entendida como uma materialização de um desespero (mas que é ativo, não só em estado de desalento), e talvez também da negação da situação da época, na medida em que descobrir sua existência e lidar com ela obriga os personagens a tomar certas posições (desesperadas) e negar uma conformidade.

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