Natália Silva e Vitória Georgia

 

DO NORTE AO SUL: UMA ANÁLISE DOS FLUXOS MIGRATÓRIOS DE DESERTORES NORTE COREANOS


Introdução

O fenômeno migratório de desertores norte-coreanos rumo à Coreia do Sul é um dos exemplos mais marcantes das consequências de conflitos políticos e ideológicos prolongados. Este artigo explora as origens históricas dessa migração, seus desdobramentos e o processo de integração desses migrantes na Coreia do Sul. A análise baseia-se no contexto da Guerra da Coreia e no impacto das tensões geopolíticas que perpetuam as divisões entre os dois países.

A Guerra da Coreia e a Divisão da Península

Para analisarmos os fluxos migratórios dos norte-coreanos para a Coreia do Sul, faz-se necessária a apresentação da Guerra que culminou na separação desses dois países. Entre 1910 e 1945, a Coreia encontrava-se sob dominação japonesa, sendo assim, não tinha um governo próprio. Essa falta de governo exclusivo foi um fator importante na divisão da Coreia em duas zonas de influência. Em 1945, durante a Conferência de Potsdam, foi estabelecida a divisão da península ao longo do Paralelo 38, com o norte sob influência soviética e o sul sob influência estadunidense [Hobsbawm, 1995; Costa, 2017].

Essa divisão aconteceu devido à bipolarização do mundo no período pós-Segunda Guerra Mundial, caracterizada pela disputa de poder entre os Estados Unidos e a União Soviética, que culminou na Guerra Fria. Em 1948, a ocupação Aliada no sul tentou reunificar as Coreias, mas sem sucesso, resultando na criação de dois Estados distintos: a República da Coreia (Sul), liderada por Syngman Rhee, e a República Popular Democrática da Coreia (Norte), comandada por Kim Il-sung [Barcellos e Oliveira, 2018; Lee, 2016].

A Guerra da Coreia começou em 1950, quando forças norte-coreanas atravessaram o Paralelo 38 e invadiram a Coreia do Sul, com o apoio da China e da União Soviética, buscando unificar a península sob o regime de Kim Il-sung. O presidente dos EUA, Harry Truman, temendo a expansão do socialismo, mobilizou o Conselho de Segurança da ONU para obter apoio militar, aproveitando a ausência da União Soviética no Conselho devido a um boicote. Esse conflito foi o quarto mais mortal do século XX, resultando em mais de dois milhões e meio de mortes e cinco milhões de refugiados [Costa, 2017; Moreira, 2017].

A guerra terminou em 1953 com o armistício de Panmunjom, mas um acordo de paz formal nunca foi assinado, mantendo a península em estado de tensão até os dias atuais [Son, 2016].

Fluxos Migratórios: O Contexto dos "Desertores"

Mesmo com o fim da Guerra Fria, a dissolução da União Soviética e com a reunificação da Alemanha, as Coreias continuam sendo os únicos países divididos pelo Paralelo 38 e com uma zona desmilitarizada focada em conter um país longe do outro. Como dito anteriormente, a Guerra da Coreia ocorreu de 1950 a 1953, e é a partir de 1953 que estudos datam o começo da migração norte coreana em direção a Coreia do Sul. De acordo com Lee et al. [2001] e Lankov [2004] apud Barcellos e Oliveira [2018] houve um aumento significativo nessas migrações devido às crises internas, a precariedade na saúde e diminuição na disponibilidade de alimentos para os Norte coreanos. 

Além disso, a escolha pelo país vizinho ocorre também em detrimento da facilidade do ajuste social, visto que, em ambos os países, o idioma é o mesmo, bem como sua origem étnica e histórica e seus costumes alimentícios são semelhantes. Todavia, outro fator que influencia a decisão de migração para a Coreia do Sul, é a reivindicação de cidadania automática oferecida pelo país Sul coreano.

Dito isto, deve - se observar a definição de refugiado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados [ACNUR] sendo eles, pessoas que deixam seus países devido às perseguições relacionadas à raça, religião, nacionalidade, grupo social, opinião política, ou devido às violações dos direitos humanos e conflitos armados [ACNUR, 2018]. No entanto, tanto em estudos realizados sobre esse tema, quanto pelos próprios coreanos, a denominação mais utilizada é “desertor”. Essa definição é aplicada, uma vez que, ambos os países, reconhecem que vivem sob a mesma península, logo, o termo refugiado nesse cenário para eles, se torna de certo forma, contraditório. No entanto, para alguns países como EUA e União Europeia o termo refugiado para os Nortes coreanos que vão para a Coreia do Sul, é reconhecido. 

Já para países como China e Mongólia o termo observado por eles para essas pessoas, são "imigrantes econômicos". Atualmente, de acordo com Moreira [2017] em 2016 existiam mais de 29.000 norte coreanos vivendo sob a jurisdição de Seul. Esse número crescente fez com que as autoridades Sul coreanas, se preocupassem ainda mais com a administração pública.

Essa onda migratória, movimenta grandemente o orçamento do Ministério da Unificação, sendo este o órgão do governo Sul coreano responsável por trabalhar em prol da reunificação da Coreia, bem como em prol também dos direitos dos “desertores”.


Obstáculos na Travessia e os Riscos Enfrentados

Observando o grande número de refugiados/desertores Norte coreanos que estão na Coreia do Sul, à primeira vista tem-se a noção de que o trajeto entre as duas Coreias é fácil, o que não é realidade. Entre as Coreias, existe um local chamado zona desmilitarizada que separa os dois países. Estabelecida pelo acordo de Armistício Coreano, essa zona possui uma região de 5km de largura, constituída de vales e montanhas e conta com dois exércitos protegendo os dois lados. Ou seja, essa fronteira é fortemente armada, para que ninguém invada o território do outro. Dessa forma, aqueles que desejam fugir da Coreia do Norte vão atrás de outros meios, extremamente perigosos para conseguirem asilo na Coreia do Sul. Alguns desertores subornam agentes da fronteira Coreia do Norte/China principalmente no inverno onde o Rio Yalu fica congelado permitindo a travessia a pé. Outros se casam com chineses para tentar ficar na China, enquanto alguns tentam chegar na Coreia do Sul através da compra de documentos falsos, tráfico humano internacional ou através da prostituição [Barcellos & Oliveira, 2018; Lee, 2016; Moreira, 2017]. 

O Processo de Integração na Coreia do Sul

Em 1999, uma instituição foi fundada pela Coreia do Sul e operada pelo Ministério da Unificação, com o objetivo de ser um programa governamental de apoio aos desertores/refugiados Norte coreanos, a Hanawon. Esse programa possui um curso de reassentamento, onde os desertores/refugiados são educados e abrigados por 12 semanas e 392 horas, antes dos mesmos serem inseridos plenamente na sociedade. O curso possui testes psicológicos e aconselhamento, tratamento médico e aconselhamento pós traumático, aula sobre livre democracia e economia de mercado, experiências práticas onde os alunos aprendem como fazer compras e visitar locais turísticos, testes de aptidão, treinamento básico e informações sobre os serviços de acolhimento continuado [Barcellos & Oliveira, 2018; Lee, 2016; Moreira, 2017]. 

Após esse curso e formados nele, são fornecidos aos desertores/refugiados o pagamento pelo governo de habitações e um auxílio mensal pelo período de cinco anos, visto que, o governo entende que após esse tempo os mesmos já estarão inseridos na sociedade Sul coreana. Além disso, o governo também disponibiliza, um funcionário público responsável por ser auxiliar de reassentamento deles por dois anos.

Barreiras Sociais e Discriminação

De acordo com Barcellos e Oliveira [2018, p.18] “ainda há uma parcela dos Sul coreanos que têm dificuldade em aceitar os Norte coreanos devido às suas visíveis diferenças em níveis culturais e de comportamento, assim como, há a dificuldade de aceitar e compreender o auxílio financeiro provido pelo governo sul-coreano a estes refugiados”. Esse fato também é de conhecimento dos refugiados/desertores, que de certa forma não conseguindo sua inserção completa na Coreia do Sul, acabam migrando para outros países como os EUA e a União Europeia. Além da discriminação sofrida na Coreia do Sul, existem outros fatores que influenciam essa relocalização. Um deles é a segurança, já que, no país Sul coreano, há o risco de ameaças por parte de espiões Norte coreanos, bem como a não confiança plena no governo da Coreia do Sul, por medo de terem seus novos dados divulgados por razões políticas ao regime Norte coreano. Outro fator, são as melhores condições de vida advindas de países desenvolvidos como os EUA, Grã-Bretanha e Canadá, além de oportunidades de seus familiares aprenderem inglês. Além disso, há melhores programas governamentais voltados para esse quesito, que oferecem melhores moradias e auxílios aos desertores.

Ademais, ainda existe outro fenômeno de relocalização chamado de: os duplos desertores. Essa relocalização ocorre quando os Norte coreanos que migram para a Coreia do Sul, e não conseguem realizar a adaptação cultural e sofrem preconceito, decidem retornar à Coreia do Norte. Entretanto, essa condição não é aceita pela Coreia do Sul, que efetua a prisão daqueles que tentam retornar ou entrar na Coreia do Norte pela zona desmilitarizada. Esse fato é representado em vários doramas (séries Sul coreanas) como o mais conhecido da netflix: Pousando no amor, e em filmes, deixando bem explícito que isso não é algo que o governo Sul coreano tolera. 

Segundo Taylor [2013] apud Moreira [2017], a administração pública da Coreia do Sul afirma que nos últimos 10 anos menos de 20 refugiados coreanos realizaram a migração de retorno a Pyongyang, apesar de fontes jornalísticas relatarem números bem maiores – em torno de 800 indivíduos.

Considerações finais

A migração de desertores norte-coreanos para a Coreia do Sul é um reflexo das divisões históricas e políticas que ainda marcam a península coreana. Embora a Coreia do Sul ofereça suporte significativo por meio de programas como o Hanawon e a Korea Hana Foundation, a integração social permanece um desafio. A discriminação e o preconceito por parte da sociedade sul-coreana sublinham a necessidade de campanhas educativas para promover maior aceitação e inclusão.O compromisso humanitário do governo sul-coreano é evidente, mas os desafios relacionados à percepção pública e às barreiras culturais indicam que ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que os desertores possam reconstruir suas vidas plenamente. Nesse contexto, a questão migratória continua sendo um ponto crucial nas relações intercoreanas e no cenário internacional.



Referências

Natália Silva é especialista em Relações Internacionais pela IBRA e discente de Defesa e Gestão Estratégica Internacional pela UFRJ.

Vitória Georgia é discente em Relações Internacionais pela FURG.

 

ACNUR. Histórico. 2018. Disponível em: http://www.acnur.org/portugues/historico/. Acesso em: 15 de fevereiro de 2022.

Barcellos e Oliveira. Refugiados Norte-coreanos: adaptação e realocação social na Coreia do Sul. Revista Conjuntura Global, v. 7, n. 2, 2018.

Costa, Celiane Ferreira da. O posicionamento do Brasil na Guerra da Coreia (1950-1953). Disponível em: https://www.snh2017.anpuh.org. Acesso em: 18 de fevereiro de 2022.

Hobsbawm, Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Lee, Ahlam. North Korean Defectors in a New and Competitive Society. Lexington Books, 2016. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/282913863_North_Korean_Defectors_in_a_New_and_Competitive_Society_Issues_and_Challenges_in_Resettlement_Adjustment_and_the_Learning_Process. Acesso em: 15 de fevereiro de 2022.

Moreira, Thiago Mattos. O Caso dos Norte-coreanos na Coreia do Sul: Questões sobre Identidade, Nação e Acolhimento. Mosaico, v. 8, n. 13, 2017. Disponível em: http://dx.doi.org/10.12660/rm.v8n13.2017.70491.

Son, Sarah A.. Identity, Security and the Nation: Understanding the South Korean Response to North Korean Defectors. Asian Ethnicity, v. 17, n. 2, pp. 171-184, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1080/14631369.2016.1151236.

 

13 comentários:

  1. Olá, Natália e Vitótia. Extremamnete relevante a abordagem do texto, bem como o tema que é muito atual. Gostei de conhecer sobre as razões e os desafios da migração, bem como as limitações das iniciativas de integração em outro país, o que nos leva a pensar sobre a complexidade de questões humanitárias em cenários de tensão geopolítica.
    A fim de ampliar o debate, se possível, por favor, comentem o seguinte questionamento: Quais seriam as possíveis ações que o governo sul-coreano e a sociedade civil poderiam adotar para reduzir o preconceito e promover a integração dos desertores?

    LEITOR: Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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    1. Olá Márcio tudo bem?
      Ótimo questionamento!

      A integração de desertores norte-coreanos na Coreia do Sul envolve fatores econômicos, sociais e culturais. Para ocorrer a integração de uma forma mais eficaz, algumas ações podem ser implementadas, como por exemplo:

      Introdução de conteúdos sobre a realidade norte-coreana e a integração de desertores em currículos escolares.

      Aumento dos subsídios iniciais para desertores e a ampliação dos programas de habitação.

      Políticas de incentivo ao emprego, com parcerias com empresas locais por exemplo.

      Desenvolvimento de programas voltados para a promoção da adaptação cultural.

      Estabelecimento de mentorias onde sul-coreanos poderão atuar como guias culturais para desertores.

      Criação de leis contra discriminação no ambiente de trabalho, escolas e espaços públicos.

      Várias ações dentre essas que citamos, já são objeto de estudo pelo governo Sul Coreano.

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  2. Olá, Natalia.
    Gostei do artigo, e vou ler um pouco mais das suas referencias. Assunto pertinente. Já li alguns livros de literatura sobre o periodo de guerras e divisões. Pelo que pude entender, o 'fantasma do comunismo' também foi muito utilizado nas decadas de 70-90 (assim como no Brasil), e me faz pensar se isso não é um dos maiores motivos de discriminação entre os coreanos, pois quando houve a divisão, nem todos também puderam realmente escolher os lados que ficariam, já que houve intervenção de outros paises. Poderia me falar mais disso?

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    1. Olá J/Anny! Muito obrigada pela sua pergunta, ela é de suma importância!

      Sim, nós observamos que a influência do "fantasma do comunismo" desempenha um papel importante na discriminação enfrentada pelos desertores norte-coreanos na Coreia do Sul. Esse termo foi amplamente explorado durante e após a Guerra Fria e serviu de certa forma para justificar ações de vigilância, repressão e desconfiança em sociedades polarizadas, como a sul-coreana. Na Coreia do Sul por exemplo, o anticomunismo foi usado por líderes como Syngman Rhee e Park Chung-hee como uma ferramenta política para consolidação do poder, criando assim uma cultura de medo em relação ao Norte.

      Mesmo após o fim da Guerra Fria, as cicatrizes permaneceram e por isso muitos sul-coreanos veem os desertores norte-coreanos com desconfiança, considerando-os até como potenciais espiões o que reforça o preconceito estrutural.

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  3. Quais são os principais desafios enfrentados pelos desertores norte-coreanos ao tentar se integrar na sociedade sul-coreana?

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    1. Olá Nicole!
      Muito obrigada pelo seu questionamento.

      Bom, como bem sabe, os sul coreanos ainda possui receio em aceitar os desertores, contudo, os principais desafios enfrentados são a discriminação, adaptação ao mercado de trabalho, a falta da rede de apoio. Esses são somente alguns dos obstáculos requerem suporte tanto do governo da Coreia do Sul quanto de entidades civis para garantir que os desertores possam se integrar completamente e viver de forma digna na Coreia do Sul. Há políticas e programas de apoio, no entanto, a integração persiste como um processo intrincado e prolongado.

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  4. Ótimo texto.

    Me veio uma curiosidade sobre o processo de relocalização e a resistência do governo sul coreano em permitir que aconteça. Poderia falar um pouco mais sobre as problemáticas que torna intolerável este ato?

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    1. Olá Rodrigo, obrigada pela leitura!

      Os problemas gerados em relação à relocalização de desertores, tem como principais motivos as questões de segurança nacional, o medo em relação a infiltração de espiões norte-coreanos, assim como há também desafios econômicos e sociais neste processo. Por sua vez, mesmo anos após ao fim da Guerra da Coreia, ainda persistem as tensões políticas entre as duas partes da península, sendo assim, tem-se uma preocupação da Coreia do Sul em relação à RPDC, o que limita de certa forma ações humanitárias. Esses fatores tornam o processo delicado, demorado e muitas das vezes não é visto como prioridade do governo.

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  5. Acerca dos desafios para assistir e integrar os desertores na sociedade de sul-coreana , apartir das políticas públicas , quais aspectos vocês destacariam comonprincipais para manter esses processos.?

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    1. Obrigada pela sua pergunta!

      Vejamos, para assegurar uma integração eficácia dos desertores norte-coreanos na sociedade sul-coreana, é necessário que as políticas governamentais sejam sólidas, completas e voltadas para o suporte desses indivíduos em múltiplos aspectos de sua adaptação. Os principais aspectos que as políticas públicas devem dar prioridade são os detalhes sobre a realidade da Coreia do Norte e a inclusão de desertores nos programas de estudo.
      A políticas de motivação ao trabalho, mediante de vínculos com empresas locais. Contratação de mentorias nas quais sul-coreanos podem servir como guias culturais para os desertores.
      Estabelecimento de leis para combater a discriminação nos locais gerais em sua vida cotidiana.

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  6. Suéllen Sulamita Gentil de Oliveira5 de dezembro de 2024 às 22:38

    Olá, Natália e Vitória,

    Percebo que a análise de vocês se baseia principalmente na atuação da Coreia do Sul em relação à população "refugiada/desertora", que é o foco do trabalho de vocês. No entanto, considerando o volume de desinformação e fake news envolvendo questões relacionadas à República Popular Democrática da Coreia, acho importante também considerarmos o país como prisma. Sendo assim, gostaria de saber como vocês enxergam as constantes sanções e interferências externas sofridas pela RPDC, especialmente por países como os Estados Unidos e membros da União Europeia, e de que forma essas ações podem contribuir para o fluxo migratório.

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    1. Olá Suéllen, muito obrigada pela leitura!

      Em relação às interferências externas e sanções sofridas pela RPDC, compreendemos que tais ações reforçam sim as causas estruturais que ocasionam o fluxo migratório. A restrição a recursos e ao comércio internacional, de fato, contribuem para as dificuldades econômicas e sociais que o país sofre e por consequência cria-se um ambiente de instabilidade.
      Deste modo, neste cenário, o fluxo migratório é impulsionado, uma vez que, a população procura em outros países, o refúgio.
      Insta ressaltar que, essas sanções e interferências também contribuem com o aumento da narrativa do regime e por consequência influencia diretamente na dificuldade de saída de informações confiáveis sobre a realidade da RPDC.

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