Maurício Luiz Borges Ramos Dias e Thomas Dias Placido

 

ELEIÇÕES NO JAPÃO E A CRISE DO PARTIDO LIBERAL DEMOCRÁTICO EM 2024

 

Após perder a maioria parlamentar pela primeira vez em 15 anos, o Partido Liberal Democrático (PLD) enfrenta uma de suas maiores crises políticas desde seu retorno ao poder em 2012. Essa instabilidade é marcada por escândalos de fundos de campanha no final de 2023 e pela renúncia do ex-primeiro-ministro Kishida Fumio (2021-2024) em setembro de 2024, devido à sua baixa popularidade. Em 27 de outubro de 2024, os resultados das eleições gerais em Tóquio indicaram uma mudança no planejamento político do PLD e do novo primeiro-ministro Ishiba Shigeru (2024-atualmente), eleito em 1º de outubro em meio, ainda assim, ao recorde de insatisfação popular com o bloco governante. Agora, com a oposição ocupando mais cadeiras, os desafios para a concretização da agenda política do PLD são ainda maiores e se desdobram em duas frentes principais: uma de cunho político, referente à reorganização doméstica, e outra relacionada à deterioração socioeconômica que assola o país.

A crise atual do PLD representa não apenas um desafio à sua estabilidade, mas também uma transformação no cenário político japonês, caracterizado pela fragmentação da Dieta Nacional do Japão – o Parlamento bicameral japonês. Com a desistência de Kishida em pleitear a presidência do partido e a eleição de Ishiba como uma figura mais segura, o partido enfrenta obstáculos em manter sua hegemonia, em um contexto de desconfiança popular e ânsia por mudanças por parte do eleitorado. Portanto, a pergunta de pesquisa que orienta este artigo é: como as recentes eleições gerais e as crises internas antecedentes impactaram a estrutura política e a estratégia governamental do PLD? As eleições gerais dos 465 assentos da Câmara Baixa – também chamada de Câmara dos Representantes – realizadas em meio a esse cenário crítico, resultaram no fortalecimento da oposição na Dieta, levantando sérias dúvidas sobre a viabilidade de uma agenda reformista liderada pelo PLD e sobre seu papel no futuro político do país.

Diante desse contexto, a liderança de Ishiba está desafiada a redefinir as prioridades do partido e enfrentar as demandas de uma população cada vez mais descrente em sua capacidade de governar de forma eficaz. Destaca-se que o PLD tem a necessidade de reposicionamento estratégico urgente, que leve em conta tanto a reestruturação econômica quanto às pressões por maior transparência e ética, uma vez que as eleições para a Câmara Alta, conhecida como Câmara dos Conselheiros, acontecerão em menos de um ano, em 2025. Este estudo busca analisar como essas transformações políticas e os recentes escândalos afetam a governabilidade do PLD e quais são os impactos para a política doméstica e o desenvolvimento socioeconômico do Japão.

SAI KISHIDA, ENTRA ISHIBA: O QUE ACONTECEU?

Em 14 de agosto de 2024, Kishida Fumio, o oitavo primeiro-ministro do Japão no pós-guerra que mais tempo ficou no cargo, anunciou que não iria mais concorrer à presidência de seu partido na eleição prevista para setembro do mesmo ano, o que abriria margem para a mudança da liderança de Governo no país. A desistência em concorrer a reeleição findaria seu mandato como primeiro-ministro, cuja decisão foi fomentada após meses de baixa popularidade devido a escândalos, como a ligação de membros do alto escalão do partido com a Igreja da Unificação, pelo assassinato do ex-premiê Abe Shinzō (2006-2007/2012-2020), e perante ao escândalo de fundos de campanha (Johnston, 2021a). No dia 27 de setembro, Ishiba foi eleito o novo líder do partido por meio de uma plenária interna, e desta maneira, consagrou-se como o novo premiê do Japão, substituindo Kishida após 3 anos e meio de governo.

Sabe-se que o principal fator que motivou a desistência de Kishida em concorrer a mais um mandato esteve relacionado a um novo ciclo de instabilidades que atingiu PLD em novembro de 2023, quando informações surgiram sobre um dos maiores casos de corrupção do partido nas últimas três décadas. Inicialmente, o escândalo de fundos de campanha fez com que Kishida substituísse quatro ministros do Gabinete, bem como cinco vice-ministros (Jiji, 2024d) seniores e seis secretários parlamentares (NG, 2023). Tamanha repercussão provocou a dissolução das principais correntes do PLD, um dos pilares do sistema político japonês do pós-guerra, em meio a uma impopularidade recorde da administração incumbente.

Destaca-se que a situação englobou um típico caso de caixa dois, onde recursos financeiros do partido governista – levantados a partir de confraternizações para arrecadação de fundos – não foram declarados aos órgãos fiscais públicos japoneses (Estadão Conteúdo, 2024). Esses eventos partidários são comuns no cenário político nipônico, sendo um dos principais meios de financiamento dos grupos políticos do país e mais precisamente das correntes que compõem o PLD. Nesse sentido, uma vez que doações individuais aos legisladores foram banidas nas décadas de 1980 e 1990, os partidos políticos passaram a arrecadar dinheiro por meio de festas de arrecadação de fundos, nas quais os ingressos são geralmente vendidos por ¥200.000, principalmente para empresas (Inagaki, 2024).

Entretanto, o caso atual trouxe à tona um esquema no qual os chefes de contabilidade teriam repassado aos legisladores que excederam suas cotas de bilhetes o dinheiro “extra”, apropriando-se desses pagamentos por intermédio de subornos e falsificações de relatórios contábeis entre os anos de 2018 a 2022. A angariação dessas receitas fluiu, então, para fundos não monitorados, uma violação clara e sistemática das leis de campanha e eleitorais – estabelecidas pela a Lei de Controle de Fundos Políticos –, sendo posteriormente reembolsadas pelos políticos na forma de propina.

Sabe-se que os valores desses fundos secretos variam, entretanto, nos cinco anos do período investigado, a corrente liderada pelo ex-prinmeiro-ministro Abe, a Seiwakai (清和政策研究会), subnotificou aproximadamente ¥670 milhões em renda das festas partidárias (Takashi, 2024). A Shisuikai (志帥会), corrente do PLD liderado pelo ex-secretário geral do partido, Toshihiro Nikai, repassou ¥265 milhões em receitas e a corrente Kōchikai (宏池会), liderada pelo ex-premiê Kishida, recebeu uma acusação sumária uma vez que o seu ex-contador não informou mais de ¥30 milhões em rendimentos. Na tentativa de redimir e limpar a imagem do partido, Kishida tomou a decisão oficial de dissolver as correntes internas do PLD e punir oficiais ligados ao escândalo, uma manobra interessante dada a importância dessas coligações para a política intrapartidária do Japão contemporâneo.

No entanto, a dissolução teve apenas um caráter formal. Segundo Harris (2024), o que estamos vendo atualmente é uma conjuntura política post-factional e não non-factional. De forma complementar, Johnston (2024b) considera que as correntes ainda permanecem como atores centrais de angariação de votos e estratégia política para os oficiais. Agora, reconhecidas apenas como policy groups, elas ainda possuem proeminência na realocação postos de prestígio no partido, além da passagem ou do bloqueio de leis dentro da Dieta. Apesar disso, a movimentação não teve o efeito esperado por Kishida, que foi criticado pelo eleitorado japonês por não apresentar um plano convincente de combate à corrupção do PLD, com 75% do público não aprovando as medidas de dissolução das correntes internas (Teramoto, 2024).

Como efeito colateral da má gestão do governo Kishida sobre os escândalos, em 28 de abril, o PLD perdeu três cadeiras em eleições parciais para a Câmara dos Representantes que buscavam preencher assentos vagos no Parlamento (Kyodo News, 2024a). Nas eleições distritais de Nagasaki 3 e Tóquio 15, o partido cedeu sem luta, optando por se concentrar na defesa do seu lugar no distrito de Shimane 1, que detinha desde a primeira eleição do círculo eleitoral uninominal em 1996. No entanto, o eleitorado conservador rejeitou o candidato do PLD em favor do rival de centro-esquerda, o Partido Constitucional Democrático do Japão (PCDJ). Com a falha neste teste decisivo, o Gabinete de Kishida bateu recordes de impopularidade nos meses seguintes, como em julho, com apenas 15.5% de aprovação, a porcentagem mais baixa desde que o PLD havia deixado o poder em 2009 (Jiji, 2024c). A aprovação permaneceu baixa em agosto com 23%, estagnada abaixo dos 30% logo antes da plenária interna que elegeu Ishiba como novo premiê do Japão.

ENTRE AS ELEIÇÕES

Em 27 de setembro, Ishiba Shigeru alcançou a vitória na eleição presidencial do PLD em sua quinta tentativa, destacando-se em uma disputa de liderança incomum no partido, marcada por um número recorde de concorrentes. Reconhecido como uma opção mais estável, o político de 67 anos, que já atuou como ministro da Defesa e da Agricultura nos governos de Fukuda Yasuo (2007-2008) e Asō Tarō (2008-2009), respectivamente, possui uma trajetória notável na política japonesa. O político entrou na Dieta aos 29 anos, em 1986, sendo então o mais jovem membro da Câmara Baixa (The Government of Japan, 2024). Na plenária interna do partido, Ishiba superou Takaichi Sanae, candidata conservadora que, apoiada por Abe nas eleições gerais de 2021, buscava ser a primeira mulher no cargo mais alto do Executivo. A vitória de Ishiba foi conquistada no segundo turno, com 215 votos contra 194 de Takaichi. Já Koizumi Shinjirō, de 43 anos, filho do ex-premiê Koizumi Junichiro (2001-2006), e potencial candidato a ser o mais jovem primeiro-ministro do pós-guerra, foi eliminado ainda na primeira rodada da eleição, que contou com nove postulantes ao posto.

Ao assumir oficialmente o cargo de primeiro-ministro em 1º de outubro, Ishiba formou seu primeiro gabinete, composto por 13 ministros estreantes (Nippon.com, 2024). Ele também recompensou aliados de sua campanha presidencial com posições de destaque, como o ex-premiê Suga Yoshihide (2020-2021), que assumiu o posto de vice-presidente do PLD. Paralelamente, afastou figuras como Asō, que havia apoiado sua adversária, Takaichi, com a formação do novo gabinete sendo seguida por uma eleição geral antecipada, impulsionada pelo recém-nomeado secretário-geral do PLD, Moriyama Hiroshi, que pressionou Ishiba a dissolver a Câmara dos Representantes o quanto antes possível. Assim, o objetivo era aproveitar o momento de popularidade estável do gabinete e enfraquecer a estratégia da oposição. Destaca-se que Moriyama, um dos principais articuladores do atual gabinete (Jiji, 2024e), é uma figura influente no setor agropecuário japonês (Li, 2023), com um significativo capital político e fortes conexões com parlamentares da Dieta, e atua como um contrapeso à frágil base de apoio de Ishiba dentro do partido (Kyodo News, 2024b).

Entretanto, cabe destacar que a estratégia do secretário-geral não surtiu o efeito esperado, a começar pelo o apoio ao Gabinete que ficou em 28%, a menor taxa de aprovação inicial para qualquer governo desde os anos 2000 (Jiji, 2024a). Assim, como projetado pela mídia japonesa, eleições gerais marcadas para o dia 27 de outubro tiveram resultados desastrosos para o bloco governante e o PLD-Kōmeitō perderam sua maioria parlamentar ao conquistarem apenas 215 dos 233 assentos necessários para uma maioria simples na Dieta. Destaca-se que esse fenômeno não acontecia desde que o PLD retornou ao poder em 2012, demonstrando o nível de descontentamento do eleitorado japonês em relação aos escândalos de corrupção do partido. A reconfiguração deixou a oposição mais saliente, com o PCDJ obtendo mais de 140 lugares, uma subida acentuada em relação aos 98 lugares obtidos antes das eleições, e o PDP quadruplicou os seus lugares para cerca de 30.

Após os resultados das eleições, a distribuição de poder dentro da coalizão PLD-Kōmeitō passou por mudanças significativas nas antigas correntes. A Seiwakai, que anteriormente contava com 54 assentos na Câmara Baixa, agora possui apenas 22, registrando uma perda superior a 50% das cadeiras. A ala liderada por Asō, Shikōkai (志公会), a única que ainda mantém uma estrutura oficial dentro do partido, perdeu 9 membros, passando de 40 para 31 cadeiras. A Kōchikai, que originalmente possuía 34 membros na Dieta, reduziu-se para 26 cadeiras (Bosack, 2022). A ala de Motegi, Heiseikai (平成研究会), diminuiu de 32 para 27 cadeiras, e a de Nikai, de 32 para 22. Já a corrente de Moriyama, Kinmiraikai (近未来政治研究会) – a primeira a ser desbandada após o ultimato de Kishida, mesmo inicialmente sem evidências claras de envolvimento no escândalo de fundos secretos (Jiji Press, 2024) –, manteve suas 7 cadeiras (Japan Expert Insights, 2024).

Com a reorganização na Dieta, surgem implicações significativas para a legislatura japonesa, que conduz seu trabalho por meio de 17 comitês permanentes (The House of Representatives, c2024). Antes da sessão plenária, o PLD controlava a maioria dos assentos nos comitês e ocupava todas as presidências, uma vez que o próprio partido era responsável pela indicação desses cargos. No entanto, quase metade das presidências e dos assentos nos comitês deverá ser transferida para os partidos de oposição, resultando em uma distribuição de 8 posições para o PLD, 1 para o Kōmeitō e 8 para a oposição – sendo cinco para o PCDJ, dois para o Partido da Inovação do Japão e um para o PDP. Essa mudança provavelmente causará atrasos na aprovação de leis, devido à necessidade de buscar consenso entre os diversos atores políticos nas comissões.

É importante notar que os presidentes das comissões possuem considerável autoridade, incluindo a definição de agendas e o controle dos procedimentos durante as reuniões. Assim, ceder essas presidências à oposição pode fortalecer sua influência sobre discussões relacionadas ao orçamento e a legislações prioritárias, dificultando a tramitação de propostas do governo em comissões lideradas pelos partidos adversários (The Yomiuri Shimbun, 2024). Como exemplo, o PLD teve que abrir mão da presidência do Comitê Orçamentário – um dos órgãos mais importantes de decisão na Dieta – em favor do PCDJ, seu principal rival.

O ÂMBITO ECONÔMICO COMO PILAR DE SUSTENTAÇÃO

No Japão, o âmbito socioeconômico, que está profundamente atrelado à vida diária da população, é caracterizado por uma miríade de pontos fundamentais que devem ser verificados com atenção. Dentre eles, podemos citar, por exemplo: 1) quase um terço da população japonesa está acima dos 65 anos (World Economic Forum, 2023); 2) a taxa de natalidade, em 2023, ter decrescido para 1.20, quando 2.07 é o mínimo necessário para garantir a manutenção estável do número populacional (NHK, 2024); 3) a desigualdade de gênero com disparidade salarial de cerca de 30% a 20% no ano de 2023 (Kyodo News, 2024c) e a instituição matrimonial tornando as mulheres como as principais responsáveis por cuidar da família, dos idosos e do lar, enquanto há uma grande dificuldade de encontrar empregos integrais após se tornarem mães (Lopes, 2021). Logo, podemos listar desafios econômicos como uma possível reforma da previdência japonesa, previsões de menor força de trabalho jovem e obstáculos sociais e corporativos persistentes para as mulheres, tornando complexa a aplicação de uma política econômica que gere desenvolvimento e enfrente as adversidades da população.        

Em um contexto político doméstico pautado em tensões internas no PLD, bem como pela perda de assentos parlamentares do partido governante e de seu aliado Kōmeitō, ao mesmo tempo que a oposição ganhou mais espaço, considera-se que a estratégia econômica de Ishiba terá um papel fundamental para a manutenção do governo atual, se implementada em consonância com as demandas da opinião pública. Nesse sentido, Ishiba manifestou que irá trabalhar para garantir aumento salarial, redistribuição da riqueza, revitalização de zonas rurais e, em contraposição às últimas gestões de Abe, Suga e Kishida, consolidar uma política fiscal para reduzir a dívida pública japonesa (East Asia Forum Editors, 2024). Entretanto, não foram apresentadas, no momento, estratégias evidentes de como Ishiba pretende alcançar esses pontos.

Por outro lado, em uma postura de continuidade, há a possibilidade de Ishiba manter em exercício a chamada Abenomics, com modestas reformas, inaugurada por Abe e a política econômica de “Novo Capitalismo” de Kishida, mirando no combate às tendências de deflação por intermédio de investimentos corporativos e aumento salariais (Jiji, 2024b). Em seu planejamento orçamentário também será necessário verificar quanto de investimento irá para o setor da defesa, cuja Estratégia de Segurança Nacional de 2022 estima robustecer suas capacidades. Como mais um ponto de atenção, a manutenção do governo de Ishiba dependerá se uma política fiscal de austeridade, aquela que a intervenção do Estado na economia é retirada e os gastos públicos são contidos, não for implementada de forma restrita (Tachikawa, 2024). Caso ela seja aplicada, a ampliação de restrições fiscais e impostos poderá custar a estabilidade do governo, dividindo, ainda mais, o próprio PLD e corroendo o apoio popular – o que custaria o posto de Ishiba. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Refletindo sobre a trajetória eleitoral para a consumação do governo de Ishiba Shigeru, nota-se que as crises domésticas enfrentadas pelo PLD, tais como o escândalo dos fundos de campanhas, contribuíram tanto para tensões entre as correntes do partido quanto para eleições gerais marcadas por um grande número de candidatos ao posto de primeiro-ministro. No entanto, os impactos não se restringem apenas ao âmbito interno do PLD, mas também no fortalecimento da oposição, o que exige um maior tom articulador e renúncias de postos importantes em prol da governabilidade, como visto no caso da presidência do Comitê Orçamentário que está sendo administrada pelo PCDJ. Ainda, ressalta-se que o enfraquecimento do PLD traz como consequência a dificuldade de implementação de políticas, tais como econômicas, que sejam de interesse do partido ou que mire no apoio de determinado grupo de eleitores.

Como um governo em andamento, em uma conjuntura complexa, consideramos importante propor perguntas que apenas com os próximos passos desse governo serão respondidas, mas que nos darão um direcionamento de pontos a serem verificados. Dentre elas, questiona-se qual será a política doméstica de Ishiba para garantir que o PLD saia robustecido nas eleições para Câmara Alta de 2025? Ou, ainda, é possível o PLD se recuperar dos estragos causados pelas últimas crises? De que forma os planos econômicos serão utilizados estrategicamente? Quais articulações internas e externas ao partido serão necessárias para a garantia da governabilidade de Ishiba? Ponderamos que as respostas do governo a esses pontos levantados são importantes para a gestão de Ishiba não ser vista apenas como uma administração de curta duração.

Referências

 

Maurício Luiz Borges Ramos Dias é doutorando e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (UNESP-UNICAMP-PUC/SP). É bacharel em Relações Internacionais pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). Integrante do Observatório de Regionalismo (ODR), do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (NUPRI USP), da Curadoria de Assuntos do Japão da Coordenadoria de Estudos da Ásia da Universidade Federal de Pernambuco (CEÁSIA-­UFPE) e do Grupo de Estudos de Índia e Ásia Oriental -­ GesIAO. E-mail: mauriciolbrdias@gmail.com.

 

Thomas Dias Placido é graduando em Relações Internacionais pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atua como pesquisador associado na Curadoria de Assuntos do Japão da Coordenadoria de Estudos da Ásia da Universidade Federal de Pernambuco (CEÁSIA-UFPE) e no Núcleo de Estudos Japoneses (NEJAP). Sua pesquisa se concentra na política externa e marítima do Japão, contribuindo também para o Boletim Geocorrente, publicação quinzenal produzida pelo Núcleo de Avaliação da Conjuntura (NAC) do Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação da Escola de Guerra Naval (EGN) do Rio de Janeiro. E-mail de contato: thomasdiasplacido25@gmail.com.

BOSACK, Michael. The Evolution of LDP Factions. Disponivel em: https://www.tokyoreview.net/2022/01/the-evolution-of-ldp-factions/.

 

EAST ASIA FORUM EDITORS. Ishiba takes the prize but faces big obstacles in steering Japan's political future, 2024. Disponível em: https://eastasiaforum.org/2024/10/07/ishiba-takes-the-prize-but-faces-big-obstacles-in-steering-japans-political-future/.

 

ESTADÃO EXAME. No Japão, premiê Kishida considera dissolver seu partido, após abertura de investigação: Procuradores japoneses vão investigar um antigo contador do partido do primeiro-ministro, por causa de um escândalo de fundos de campanha, 2024. Disponível em: https://exame.com/mundo/no-japao-premie-kishida-considera-dissolver-seu-partido-apos-abertura-de-investigacao/.

 

HARRIS, Tobias. A post-factional, but not non-factional election: What the nine candidates' endorsements reveal about the LDP campaign, 2024. Disponível em: https://observingjapan.substack.com/p/a-post-factional-but-not-non-factional?r=ax7nw&utm_campaign=post&utm_medium=web&triedRedirect=true.

 

JAPAN EXPERT INSIGHTS. Japanese Politics #195; LDP loses big, in search of coalition partner; Ishiba survives the crash, 2024. Disponível em: https://youtu.be/c5VcR3nYR88?si=S3aenEgXMa_4FS87.

 

JIJI. Ishiba Cabinet logs lowest initial support since 2000: Jiji poll, 2024a. Disponível em: https://www.japantimes.co.jp/news/2024/10/17/japan/politics/ishiba-cabinet-lowest-public-support/.

 

JIJI. Ishiba to focus on fighting inflation ahead of election, 2024b. Disponível em: https://www.japantimes.co.jp/business/2024/10/02/economy/ishiba-economic-challenges/.

 

JIJI. Kishida Cabinet's approval rating sinks to 15.5%, poll shows, 2024c. Disponível em: https://www.japantimes.co.jp/news/2024/07/11/japan/politics/kishida-public-support-rate-anothr-low/.

 

JIJI. Kishida seen urging scandal-mired LDP members to leave party, 2024d. Disponível em: https://www.japantimes.co.jp/news/2024/03/31/japan/politics/kishida-ldp-members-punishment/

 

JIJI. LDP linchpin Moriyama has big influence over Ishiba, 2024e. Disponível em: https://www.japantimes.co.jp/news/2024/10/08/japan/politics/japan-ldp-moriyama-influence/.

 

JIJI PRESS. LDP's Moriyama Faction Allegedly Underreports Political Funds, 2024. Disponível em: https://jen.jiji.com/jc/eng?g=eco&k=2024101701103.

 

JOHNSTON, Eric. After slush funds, LDP now faces fresh scandals, 2024a. Disponível em: https://www.japantimes.co.jp/news/2024/03/11/japan/politics/ldp-scandals/.

 

JOHNSTON, Eric. Despite disbandment, factions still loom over LDP leadership race, 2024b. Disponível em: https://www.japantimes.co.jp/news/2024/08/16/japan/politics/ldp-power-struggle/.

 

INAGAKI, Kana. The professor vs the PM: a political funding probe shakes Japan’s government: How a campaigning academic exposed a scandal that threatens to topple Fumio Kishida, 2024. Disponível em: https://www.ft.com/content/24ca6ce5-8415-4523-ab49-7ea86615cf82.

 

LOPES, Beatriz Kaori Miyakoshi. Os desafios do Japão, a primeira sociedade super-envelhecida: Envelhecimento, declínio populacional e a condição das mulheres japonesas. Dissertação (Mestrado em Língua, Literatura e Cultura Japonesa), Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, Departamento de Letras Orientais, São Paulo, 2021. 176 f. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8157/tde-20042021- 150414/publico/2020_BeatrizKaoriMiyakoshiLopes_VCorr.pdf.

 

KYODO NEWS. 3 lower house by-elections to be held on April 28, 2024a. Disponível em: https://english.kyodonews.net/news/2024/03/badba82368c0-3-lower-house-by-elections-to-be-held-on-april-28.html?phrase=otani&words=.

 

KYODO NEWS. New LDP Secretary General Moriyama highly skilled negotiator, 2024b. Disponível em: https://english.kyodonews.net/news/2024/09/c2d772884e04-profile-new-ldp-secretary-general-moriyama-highly-skilled-negotiator.html#google_vignette.

 

KYODO NEWS. Women's wages 70-80% of men's in Japan as gender gap remains, 2024c. Disponível em: https://english.kyodonews.net/news/2024/09/0e417c8391d8-womens-wages-70-80-of-mens-in-japan-as-gender-gap-remains.html#google_vignette.

 

LI, Zhuoran. The 2-Level Game in Japan’s Agriculture Trade Negotiations: The Japanese agriculture sector has a long history of obstructing international trade talks, 2023. Disponível em: https://thediplomat.com/2023/11/the-2-level-game-in-japans-agriculture-trade-negotiations/.

 

NG, Kelly. Japan: Four cabinet ministers quit over fundraising scandal, 2023. Disponível em: https://www.bbc.com/news/world-asia-67712367.

 

NHK. Japan's total fertility rate hit record low in 2023 as parents and experts blame work culture, 2024. Disponível em: https://www3.nhk.or.jp/nhkworld/en/news/backstories/3374/.

 

NIPPON.COM. Prime Minister Ishiba Shigeru Names First Cabinet: No Members Connected to Kickbacks Scandal, 2024. Disponível em: https://www.nippon.com/en/japan-data/h02147/.

 

TACHIKAWA, Tomoyuki. FOCUS: Japan's new PM Ishiba faces challenges in building lasting gov't, 2024. Disponível em: https://english.kyodonews.net/news/2024/10/eeab14d4133c-focus-japans-new-pm-ishiba-faces-challenges-in-building-lasting-govt.html.

 

TAKASHI, Tomisaki. Attacking the Roots of Japan’s Slush Fund Scandal: A Call for Transparency in Political Finance, 2024. Disponível em: https://www.nippon.com/en/in-depth/d00973/.

 

TERAMOTO, Daizo. Survey: 72% say dissolving LDP factions will not restore trust. Disponível em: https://www.asahi.com/ajw/articles/15123687.

 

THE GOVERNMENT OF JAPAN. Prime Minister ISHIBA Shigeru’s Personal Timeline, 2024. Disponível em: https://www.japan.go.jp/kizuna/2024/11/prime_minister_ishiba_shigeru.html.

 

THE HOUSE OF REPRESENTATIVES. Committees, c2024. Disponível em: https://www.shugiin.go.jp/internet/itdb_english.nsf/html/statics/guide/committee.htm.

 

THE YOMIURI SHIMBUN. Japan’s LDP May Share Committee Chair Posts With Opposition; Powerful Budget Committee Chair Under Consideration, 2024. Disponível em: https://japannews.yomiuri.co.jp/politics/politics-government/20241107-221144/.

 

WORLD ECONOMIC FORUM. More than 1 in 10 people in Japan are aged 80 or over. Here's how its ageing population is reshaping the country, 2023. Disponível em: https://www.weforum.org/stories/2023/09/elderly-oldest-population-world-japan/.

6 comentários:

  1. Olá Mauricio. Gostei do artigo, não sabia sobre a Dieta, pesquisei para entender melhor. Mas uma coisa que fiquei perdida, simplificando os dois ministros que apresentou (o ex e o atual), não entendi bem qual a ideologia partidária eles representam (direita e esquerda), fica parecendo que é bom o ex ter aberto mão do governo, mas ao mesmo tempo fica parecendo que ficou bem confuso a divisão de poder no parlamento. Pode me explicar mais disso?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Maurício Dias e Thomas Placido6 de dezembro de 2024 às 11:26

      Oiê, J/Anny! Que bom encontrá-la por aqui.

      Ambos primeiros-ministros, Kishida Fumio e Shigeru Ishiba, são do mesmo partido de centro-direita, o Partido Liberal Democrático (PLD).

      A renúncia de Kishida foi positiva para o PLD como um todo, no sentido que, como ele estava com baixa aprovação popular, o partido poderia se desgastar ainda mais.

      No entanto, o PLD funciona com diversas facções, que seriam sub-grupos internos do partido, com diferentes interesses e convergências entre si. Na corrida para as eleições, essas facções se mobilizaram para que seu representante alcaçasse o posto de primeiro-ministro, em uma competição partidária no PLD. Isso, de fato, fica um pouco confuso haha.

      Já no caso do parlamento, a divisão de poder ficou mais complexa, pois, em meio aos casos de corrupção, o PLD se enfraqueceu e perdeu assentos. Nesse sentido, o que apresentamos é que o governo de Shigeru pode ter como desafio um PLD não tão forte como outrora, bem como uma oposição que consegue ampliar sua atuação política.

      Espero que tenha sido possível sanar sua dúvida.

      Abraços,
      Maurício Dias e Thomas Placido

      Excluir
  2. Olá, Maurício! Seu texto tão informativo e formativo, mostra que só tem crescido essa rede. Essa relação política com as igreja está só aumentado.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Maurício Dias e Thomas Placido6 de dezembro de 2024 às 11:29

      Olá, Ivanize!! Ficamos muito felizes com o seu comentário.

      Exatamente, o caso da Igreja da Unificação nos mostra como a relação entre Estado e Religião pode possuir diversas ramificações que devemos, sim, ficar muito atentos. Já conhecíamos estudos que mostravam essa conexão entre Estado japonês e Xintoísmo. Agora, consideramos importante aprofundar estudos para essa ala de organizações como a Igreja da Unificação.

      Abraços,
      Maurício Dias e Thomas Placido.

      Excluir
  3. Olá Maurício e Thomas. Parabéns pelo texto!
    Conheço pouco sobre a política interna japonesa e estou buscando aprender mais sobre. O texto foi muito interessante e informativo em relação aos eventos mais recentes.
    Minha pergunta vai ser mais específica e como vocês fizeram esse estudo talvez saibam me responder ou indicar literatura. Houveram alguns escândalos de corrupção envolvendo o Fundo do Cool Japan nos últimos anos, acho que por volta de 2021. Acredito que esse também seja um elemento de desgaste da imagem do PLD. Vocês poderiam discorrer ou já leram sobre?
    Gabriela Foscarini Strassburger

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Gabriela!! Muito obrigado pelo seu comentário!

      Infelizmente não consigo te ajudar muito nesta questão pois não estudei a fundo as questões relacionadas ao Cool Japan. Entretanto, fazendo uma pesquisa rápida aqui pela internet, realmente, a questão dos déficits deste fundo revelam uma lógica problemática, criticada pela falta de transparência e por priorizar metas financeiras em detrimento da promoção cultural. Com o PLD dominando a política japonesa em 2021, além da má gestão na pandemia do COVID-19, não é difícil de se imaginar que a estratégia política do bloco governista já estava em maus lençóis, mesmo no setor cultural. Entretanto, acredito que o Soft Power, baseado na cultura pop, ainda permanece um ativo importante na Política Externa, mas que vai precisar de algumas reformas para manter relativa estabilidade!

      Espero que tenha conseguido ajudar!

      Abraços,
      Maurício Dias e Thomas Placido.

      Excluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.