Maria Carolina Stelzer Campos

 

O ESPELHO HONORÁVEL DA JUVENTUDE COMO UM ELEMENTO OCIDENTALIZANTE NA RÚSSIA DE PEDRO O GRANDE


A Rússia de Pedro o Grande (1672-1725) foi palco de profundas transformações sociais, políticas e culturais que marcaram a transição do país para uma modernidade moldada por influências ocidentais. Nesse contexto, o Honorável Espelho da Juventude emerge como um símbolo emblemático do esforço do czar em disciplinar e reeducar a elite russa, transformando-a em um instrumento alinhado aos valores europeus. Publicado como o primeiro manual de etiqueta russo, esse documento não apenas reflete as intenções de Pedro de modernizar a sociedade, mas também revela uma tentativa de impor padrões culturais que dialogam com as estruturas de poder e dominação características do pensamento ocidental.

 

Ao abordar o processo de ocidentalização da Rússia, é impossível ignorar as dinâmicas de poder que permeiam as relações entre o Ocidente e o Oriente, como descrito por Edward Said em seu conceito de orientalismo. Said [2007] argumenta que o orientalismo vai além de um conjunto de estereótipos: ele é um discurso que constrói e reforça a superioridade ocidental, relegando o Oriente a uma posição de inferioridade simbólica. Embora Said se concentre primariamente nas relações entre potências coloniais e os territórios que subjugaram, sua análise ajuda a iluminar os mecanismos pelos quais culturas ditas periféricas, como a Rússia no início do século XVIII, internalizam essas representações para se aproximar do modelo europeu dominante.

 

Nesse sentido, a centralidade de São Petersburgo como nova capital imperial e o papel da etiqueta e do comportamento cortesão demonstram como Pedro o Grande buscou moldar a identidade nacional de sua elite, posicionando-a como parte de uma esfera cultural europeia. Essas iniciativas refletem também as ideias de Norbert Elias [2001], que destaca o papel das normas de conduta na consolidação de uma ordem social hierárquica e centralizada. Elias, ao analisar a corte de Luís XIV, argumenta que a etiqueta era usada como uma ferramenta para subordinar a nobreza e assegurar a estabilidade política. Analogamente, Pedro aplicou princípios similares para reforçar sua autoridade e inserir a Rússia no sistema europeu de poderes.

 

O Honorável Espelho da Juventude, ao enfatizar virtudes como obediência, autocontrole e dedicação ao trabalho, não se limita a regular o comportamento individual: ele se insere em um projeto maior de reestruturação social e política, que buscava modernizar a Rússia e solidificar o poder autocrático do czar. No entanto, ao adotar e adaptar valores ocidentais, Pedro também enfrenta a tensão entre o desejo de modernização e a preservação das características culturais russas. Este artigo, portanto, propõe uma análise do Honorável Espelho da Juventude como um elemento central na ocidentalização russa, explorando como seus preceitos de etiqueta e moralidade dialogam com o orientalismo e com os mecanismos de controle social descritos por Said [2007] e Elias [2001].

 

A análise que se segue pretende não apenas explorar o contexto e o conteúdo do Honorável Espelho da Juventude, mas também refletir sobre como essas normas de conduta se alinham ao esforço de Pedro em moldar uma nova identidade nacional para a Rússia. A partir dessa perspectiva, busca-se compreender como São Petersburgo e os valores ocidentalizados promovidos por Pedro não apenas consolidaram sua visão de uma Rússia moderna, mas também transformaram a percepção do próprio país no cenário internacional.

 

Ocidentalização e poder: O Honorável Espelho da Juventude

 

O conceito de orientalismo, conforme apresentado por Edward Said, aborda as representações e construções culturais do "Ocidente" em relação ao "Oriente". Said argumenta que o orientalismo é uma forma de pensamento que coloca o Ocidente como superior e o Oriente como inferior, resultando em estereótipos e visões distorcidas dos povos orientais e de suas culturas. Essa visão dicotômica cria uma narrativa de poder, na qual o Ocidente se posiciona como dominante e civilizado, enquanto o Oriente é retratado como exótico e bárbaro [Said, 2007].

 

Essa perspectiva orientalista não só influenciou as relações coloniais, mas também continua a moldar as percepções e interações entre o Ocidente e o Oriente atualmente. Barros [2017] acaba dialogando com o conceito de orientalismo de Said [2007], ao abordar como o espaço geográfico é uma construção social e cultural, que reflete relações de poder e dominação. A geografia, como disciplina acadêmica, muitas vezes perpetuou visões eurocêntricas e ocidentalistas do mundo, relegando outras culturas e espaços a posições subalternas. Barros [2017] destaca como o conhecimento geográfico, ao longo da história, tem sido utilizado para legitimar as ações coloniais e imperialistas do Ocidente, reforçando a ideia de superioridade ocidental sobre outras culturas e territórios. Essa geografia eurocêntrica e ocidentalista contribui para a criação de fronteiras simbólicas e reais, que separam o "Ocidente civilizado" do "Oriente exótico" e, assim, reforçam a narrativa orientalista de Said [2007].

 

Além disso, Barros [2017] também explora como o espaço é uma arena de poder, onde se desenrolam dinâmicas de dominação, exclusão e estigmatização. Os espaços são delimitados e organizados de acordo com relações de poder, criando lugares de inclusão e exclusão social. Através do orientalismo, as culturas e povos orientais são frequentemente estigmatizados e marginalizados, sendo relegados a espaços subalternos na narrativa global. O orientalismo contribui para a construção de uma identidade do "Outro", que é visto como diferente e inferior [Silva, 2014], e, consequentemente, subjugado pelos valores e normas do Ocidente. Essa dinâmica de poder no espaço geográfico perpetua visões distorcidas e estereotipadas das culturas orientais.

 

Em 1717, sob o comando de Pedro o Grande, foi publicado o Espelho Honorável da Juventude (Honorável Espelho da Juventude, Служебник), o primeiro manual de etiqueta da Rússia, destinado a moldar a conduta da nobreza de acordo com os padrões europeus da época [Kollmann, 2008]. Elaborado com o objetivo de incutir na elite russa valores como disciplina, respeito à autoridade e autocontrole, o documento representava um esforço deliberado de Pedro para alinhar a cultura russa às normas ocidentais.

 

Dividido em 254 itens – esse número pode variar dependendo da edição e da interpretação, mas 254 é o número geralmente aceito para as edições mais conhecidas do texto, divididos em duas partes, onde a primeira, era responsável por conter um guia de como ler e contar corretamente, a segunda focava na etiqueta – o Espelho não se restringia a recomendações de boas maneiras, mas abrangia também preceitos morais, orientações religiosas e códigos de comportamento social. Por meio dele, o czar buscava transformar não apenas a aparência, mas também o caráter e as atitudes da nobreza, promovendo um afastamento dos costumes tradicionais que ele considerava inadequados e um alinhamento aos valores de civilidade europeus. Essa iniciativa reflete a ambição de Pedro de modernizar a sociedade russa, começando por sua elite, para consolidar seu projeto de ocidentalização e fortalecimento do Estado.

 

Na segunda parte, desde o início, é ressaltado a importância do respeito inquestionável aos pais, de acordo com esse documento, os pais devem ser vistos como autoridades supremas, e suas ordens devem ser obedecidas com grande reverência. Um exemplo disso, é item nº 3 que diz: “3. Você não deve interromper seus pais enquanto eles estiverem falando, nem contradizê-los, e não interrompa as palavras de outras pessoas da idade deles, mas espere até que terminem de falar. Não repita a mesma história com frequência à mesa, no local de trabalho ou em qualquer lugar, não se encoste de forma preguiçosa e não se comporte como um camponês, que fica deitado ao sol. Você deve ficar em pé, ereto. [Kollmann, 2008, p. 64.]”

 

Ademais, Honorável Espelho da Juventude [Kollmann, 2008] incentiva uma postura cortês até mesmo com os inimigos. A orientação é que se evite a difamação, guardando quaisquer sentimentos de antipatia para si. Em público, os inimigos devem ser louvados e, em sua presença, respeitados e auxiliados, quando necessário. O respeito aos mortos também é enfatizado, com a proibição de falar mal daqueles que já faleceram.

 

Esse documento ainda discute a questão da simplicidade e da dedicação como virtudes fundamentais para o crescimento da Rússia [Kollmann, 2008]. O czar aconselha os jovens a evitarem o autoelogio e a não se vangloriarem de suas origens familiares. Pedro I desestimula qualquer tentativa de exaltação pública, sugerindo que o reconhecimento venha naturalmente de terceiros.

 

Além disso, o texto valoriza a dedicação ao trabalho, um princípio que Pedro praticava e pregava. O jovem nobre deveria ser ativo, diligente e constantemente ocupado, assim como o pêndulo de um relógio [Kollmann, 2008]. Segundo a obra, o esforço individual estimularia a produtividade dos servos e contribuiria para o desenvolvimento da nação. Esse incentivo do czar pela produtividade, pode ser vista desde a Tabela das Patentes [Segrillo, 2016], onde ele, como visto anteriormente, sempre rejeitou o ócio, mesmo por parte dos nobres.

 

Pedro instruiu que o nobre seja um verdadeiro cristão, respeitando o clero e comparecendo regularmente às missas. Ele alerta os jovens a evitarem devassidão, jogos e bebedeiras, que, segundo ele, só levariam a grandes infortúnios [Kollmann, 2008]. Especificamente no que se refere às jovens mulheres, a castidade é reiterada como uma virtude essencial. O texto também descreve como deve ser o comportamento considerado decente para uma mulher.

 

Os modos à mesa também são amplamente discutidos na obra, sugerindo que a etiqueta dos nobres russos no início do século XVIII era insuficiente. Há uma lista extensa de proibições: não lamber os dedos, não roer ossos, não limpar a boca com as mãos e não fazer ruídos ou fungar à mesa. Curiosamente, apesar de suas rígidas recomendações, Pedro não proíbe o consumo de álcool, mas orienta a moderação. Ele sugere que a bebida seja recusada inicialmente e, posteriormente, aceita com uma saudação, lembrando que o abuso de álcool deve ser evitado [Kollmann, 2008].

 

Por fim, o Honorável Espelho da Juventude [Kollmann, 2008], aborda questões de higiene, que no século XVIII diferiam das normas atuais. Uma das orientações diz que, caso alguém esteja em pé ou sentado em círculo, não deve cuspir dentro do círculo, mas apenas para fora. Caso a pessoa decida cuspir, deve fazê-lo de maneira discreta, cobrindo os rastros, seja com o pé ou utilizando um lenço, que deve ser descartado discretamente.

 

De modos geral, o documento traçava um código de conduta detalhado e minucioso, refletindo os esforços de Pedro I em moldar a nobreza de São Petersburgo para ser não apenas poderosa, mas também disciplinada e civilizada. E mais uma vez é possível perceber a influência ocidental, tentando incorporar conceitos de moralidade, cidadania e educação que eram comuns nas sociedades europeias da época.

 

Essa abordagem ecoa as ideias de Norbert Elias em A Sociedade de Corte [2001], onde ele argumenta que a etiqueta e os códigos de conduta não apenas regulam o comportamento, mas também servem como instrumentos de controle social e político, moldando a elite para atender aos interesses dos governantes e assegurar a coesão social em um contexto de centralização do poder.

 

Elias [2001] argumenta que a etiqueta era uma ferramenta essencial para o controle social e político na corte de Luís XIV. A vida na corte era marcada por rituais e formalidades elaboradas, nas quais cada gesto, palavra e atitude possuíam significados simbólicos profundos. As normas de etiqueta exigiam dos nobres um autocontrole extremo e uma constante vigilância sobre o próprio comportamento, determinando prestígio social e proximidade com o rei.

 

De forma semelhante, o "Honorável Espelho da Juventude", revela a utilização da etiqueta como um instrumento de controle social e disciplinar. Através desse rigoroso código de conduta, Pedro pretendia moldar uma elite não apenas poderosa, mas também disciplinada e submissa à sua autoridade. O Espelho [2008], enfatiza a importância da obediência a figuras de autoridade, como pais e superiores, refletindo uma hierarquia rígida onde a submissão à autoridade é vista como uma virtude essencial. Assim, tanto em Versalhes quanto em São Petersburgo, a etiqueta se torna um meio para consolidar o poder central e assegurar a lealdade da nobreza.

 

Entretanto, mesmo com todas as modernidades instauradas, é importante que não se esqueça que São Petersburgo faz parte da Rússia e não se torna “menos russa” por isso. A nova capital, deve ser vista como algo novo, que aponta para o caminho que a Rússia vai trilhar no futuro, e esse é um dos fatores mais relevantes acerca da consolidação de São Petersburgo, ela é um passo da consolidação da Rússia moderna.

 

São Petersburgo: Um Símbolo da Modernidade e Ocidentalização da Rússia de Pedro o Grande

 

A fundação de São Petersburgo em 1703 representa um dos marcos mais emblemáticos da modernização promovida por Pedro o Grande. Construída às margens do rio Neva, em uma região estratégica próxima ao Mar Báltico, a cidade simbolizava o desejo do czar de inserir a Rússia no cenário europeu como uma potência moderna e ocidentalizada. Mais do que uma nova capital, São Petersburgo foi concebida como um espaço que traduzia os ideais reformistas e o projeto de centralização do poder. Ela se tornou, assim, um ícone tanto do avanço político quanto da ocidentalização cultural da Rússia.

 

Desde sua concepção, São Petersburgo desafiava as tradições russas. A localização da cidade, em um terreno pantanoso e de condições climáticas adversas, foi alvo de críticas e resistência. No entanto, Pedro, determinado a consolidar sua visão, mobilizou um enorme contingente de trabalhadores, incluindo servos e prisioneiros, para erguer a cidade em tempo recorde. As obras de São Petersburgo simbolizam não apenas a força de vontade do czar, mas também os sacrifícios que sua modernização exigia, muitas vezes à custa de vidas humanas. Nesse contexto, a cidade já nascia como um espaço de poder, centralizando as ambições de Pedro em transformar a Rússia em um Estado alinhado às normas europeias de urbanismo e governança [Massie, 2016].

 

A arquitetura de São Petersburgo refletia a estética europeia, com palácios, catedrais e praças que remetiam às principais capitais do continente. Pedro contratou engenheiros, arquitetos e artesãos estrangeiros, especialmente italianos e holandeses, para projetar uma cidade que contrastasse com o tradicional estilo russo encontrado em Moscou. Essa escolha deliberada de elementos ocidentais, como o urbanismo regular e o uso de canais inspirados em Amsterdã, visava criar uma narrativa visual que colocasse São Petersburgo no mesmo patamar das grandes cidades europeias [Massie, 2016]. Ao fazê-lo, Pedro não apenas modernizava a infraestrutura da Rússia, mas também reconfigurava a identidade cultural de seu país.

 

O simbolismo de São Petersburgo transcende seu caráter urbano. A transferência da capital de Moscou para a nova cidade em 1712 consolidou São Petersburgo como o centro político, econômico e cultural do império [Hughes, 2002]. Ao deslocar a corte para a cidade, Pedro impôs uma nova dinâmica à nobreza, obrigando-a a adotar costumes e comportamentos ocidentalizados. Essa mudança não era apenas geográfica, mas também simbólica: São Petersburgo representava o futuro da Rússia, enquanto Moscou permanecia associada ao passado medieval e à tradição ortodoxa.

 

O esforço para transformar São Petersburgo em um símbolo da modernidade russa também pode ser interpretado à luz do orientalismo de Edward Said [2007]. A cidade incorporava valores ocidentais em oposição às características orientais frequentemente associadas à Rússia por outros países europeus. Ao adotar elementos arquitetônicos, culturais e sociais do Ocidente, Pedro buscava reconfigurar a imagem da Rússia no cenário internacional, distanciando-se da visão de um país exótico e subdesenvolvido para assumir um papel de potência civilizada e moderna.

 

Ainda que São Petersburgo fosse um projeto grandioso, ele não apagava completamente as raízes culturais russas. A cidade, com suas influências europeias, permanecia profundamente conectada à identidade russa. Essa dualidade – entre o desejo de modernização e a preservação de tradições – é uma característica central das reformas de Pedro o Grande. São Petersburgo, portanto, não se torna "menos russa" ao adotar elementos ocidentais, mas sim um espaço híbrido, que sintetiza a complexa relação da Rússia com a modernidade.

 

Em última análise, São Petersburgo é mais do que uma capital; ela é um manifesto da visão de Pedro o Grande para a Rússia. Como um símbolo de modernização, ocidentalização e centralização do poder, a cidade encapsula o legado reformista do czar. Ao mesmo tempo, São Petersburgo aponta para os desafios e tensões inerentes a esse processo, lembrando que a modernidade, em sua essência, é um projeto profundamente marcado por negociações entre tradição e inovação.

 

A trajetória de Pedro o Grande, marcada por sua incansável busca por modernizar e ocidentalizar a Rússia, é um testemunho de como a liderança visionária pode transformar um país em múltiplas dimensões. O Espelho Honorável da Juventude emerge como um símbolo desse projeto, refletindo não apenas os esforços do czar para disciplinar e moldar a elite russa, mas também sua determinação em alinhar a Rússia aos padrões culturais e comportamentais europeus. A criação de São Petersburgo reforça essa ambição, representando o ponto de convergência entre o desejo de inovação e a reafirmação da identidade russa no cenário global.

 

Contudo, as reformas de Pedro também levantam questões importantes sobre identidade, resistência e poder. Enquanto o czar buscava projetar uma Rússia moderna e influente, muitos elementos de sua sociedade se viram tensionados entre a preservação de suas tradições e a imposição de novos padrões. A dualidade entre ocidentalização e autenticidade russa permeia todo o reinado de Pedro, oferecendo um terreno fértil para debates sobre os limites do progresso e os custos sociais e culturais da transformação.

 

Assim, o legado de Pedro o Grande transcende os marcos arquitetônicos e as normas de etiqueta. Ele está enraizado na construção de uma Rússia que, mesmo enquanto olhava para o Ocidente, reafirmava sua posição singular no mundo. O projeto de modernização iniciado por ele não apenas moldou as bases da Rússia moderna, mas também deixou um questionamento permanente: até que ponto a busca pelo progresso justifica o rompimento com as tradições? Essa reflexão ecoa na história russa e permanece relevante em qualquer análise sobre as complexas relações entre modernidade e identidade cultural.

 

REFERÊNCIAS

 

Mestranda no Programa de Pós Graduação em História na Universidade Federal do Espírito Santo, bolsista CAPES.

 

BARROS, José D’Assunção. História, espaço, geografia: diálogos interdisciplinares. Petrópolis/RJ: Vozes, 2017.

ELIAS, Norbert. A sociedade de corte: investigação sobre a sociologia da realiza e da aristocracia de corte. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

HUGHES, Lindsey. Peter the great: a biography. New Haven; London: Yale University Press, 2002.

KOLLMANN, Nancy S. Etiquette for Peter’s time: the honorable mirror for Youth. Russian History/Histoire Russe, Stanford, v. 35, n. 1-2, p. 63-83, spring-summer, 2008. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/24661671?read-now=1&seq=1. Acesso em: 5 set. 2024.

MASSIE, Robert K. Pedro, o grande: sua vida e seu mundo. São Paulo. Amarilys, 2016.

SAID, Edwuard W. Orientalismo: o oriente como invenção do ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

SEGRILLO, Angelo de Oliveira. Europa ou Ásia? A questão da identidade russa nos debates ocidentalistas, eslavófilos e eurasianistas (elementos dos debates entre ocidentalistas, eslavófilos e eurasianistas e uma aplicação à análise da Rússia atual). Tese (Livre Docente). 2016. 276 f. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/livredocencia/8/tde-14092018-162101/pt-br.php. Acesso em: 13 jun. 2022.

SILVA, Tomaz Tadeus da (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis/RJ: Vozes, 2014.

 

3 comentários:

  1. Olá, Maria Carolina.
    Parabéns pelo seu texto, muito interessante a temática.
    Minha pergunta permeia mais uma opinião pessoal sua, como pesquisadora da temática, do que necessariamente sobre o texto em si. Você, com base nos seus estudos, considerando que – Pedro, o Grande – foi um sujeito histórico bastante ousado e inovador perante o contexto em que viveu, tentando modernizar a Rússia de várias formas que outros jamais teriam pensado (como no caso do imposto da barba para a aristocracia, pois ele considerava a longa barba dos russos um sinal de atraso civilizatório se comparado com os povos do Ocidente), sendo detalhista e perspicaz nas suas tomadas de decisões, pode, ter escolhido o nome de São Petersburgo para sua cidade querida, não necessariamente em uma referência direta ao seu santo padroeiro favorito, mas à si mesmo, numa decisão narcísica?
    Espero ter contribuído com o debate.
    Muito obrigada.
    Talita Seniuk.

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    1. Maria Carolina Stelzer Campos5 de dezembro de 2024 às 19:36

      Ei Talita!! Primeiramente, obrigada pelo comenário!!! Achei sua
      possibilidade de interpretação bastante interessante e plausível no contexto da personalidade e das ações de Pedro, o Grande. Ele foi, de fato, um monarca visionário e egocêntrico em muitas de suas decisões, o que faz a hipótese de uma escolha narcisista para o nome da cidade ser uma possibilidade intrigante.
      São Petersburgo foi nomeada em homenagem a São Pedro, o apóstolo, que é amplamente reconhecido como o "fundador" simbólico da Igreja. A escolha de Pedro pode ter sido também uma forma de demonstrar a continuidade e a autoridade divina de seu governo, algo comum entre os monarcas da época. Isso reforçaria a imagem de Pedro, o Grande, como um czar inspirado por princípios cristãos e pela grandeza histórica.
      Pedro, o Grande, era profundamente consciente de sua importância histórica e de sua missão de transformar a Rússia em uma potência moderna. Ele frequentemente colocava sua marca pessoal em seus empreendimentos, tanto físicos quanto políticos. Assim, mesmo que a cidade oficialmente homenageasse São Pedro, é difícil ignorar a sobreposição simbólica com seu próprio nome. Isso poderia ser visto como um gesto deliberado para associar sua identidade pessoal ao futuro da Rússia moderna.
      Assim, enquanto a motivação oficial parece ter sido religiosa e política, mas não é difícil imaginar que um "narcisismo" de Pedro tenha desempenhado um papel. Afinal, a construção de São Petersburgo foi um projeto gigantesco e pessoal, que simbolizava sua visão para a Rússia e seu próprio legado. Essa mistura de razões espirituais, políticas e pessoais é característica de um governante tão complexo como Pedro, o Grande.

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    2. Obrigada Maria Carolina pela sua resposta.
      Não que eu tenha que concordar com você, mas penso dessa forma em relação a sobreposição de nomes e o que se desejava com isso. Espero ter contribuído com o debate, agradeço a pergunta que fez à mim também, e, me coloco à disposição para pesquisas, trocas de informações sobre a temática ou parcerias acadêmicas.
      Obrigada, Talita Seniuk.

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