Isabelly de Oliveira Ribeiro

 

A REI SEONDEOK: REPRESENTAÇÃO DA PRIMEIRA RAINHA DE SILLA NO SAMGUK YUSA


Introdução

O Samguk Yusa [三國遺事 Lenda dos Três Reinos] é uma importante obra de literatura budista coreana. Trata-se de uma coleção de lendas, anedotas e histórias dos Três Reinos [57 AEC-668 EC].  O documento compila histórias budistas e seculares dos reinos de  Koguryo, Baekje, Silla e dinastias posteriores como Silla Unifica e Goryeo. O reino de Silla destaca-se na obra pelo protagonismo na unificação dos Estados coreanos. Na compilação da narrativa foram utilizadas diversas fontes: tradições orais, registros dos Três Reinos e documentos chineses são exemplos. O período de produção e publicação do Samguk Yusa foi amplamente discutido até o século XX, quando foi atribuído a Ilyon [1206-1289], mestre budista, a compilação do documento durante a dinastia Goryeo [935-1392]. O Samguk Yusa consagra-se a partir da sua datação como um dos registros escritos mais antigos da Península Coreana.

 

A obra inicia como uma tabela das dinastias chinesas, seus governantes e o período de reinado, correlacionando com os três reinos, Silla Unificada e os Três Reinos Tardios [Silla, Goguryeo Tardio e Baekje Tardio]. A primeira seção é composta por narrativas dos fundadores mitológicos dos reinos, como também relatos acerca dos governos dos Reinos Tardios, o capítulo de mesmo nome segue com a narração dos reis e rainhas de Silla Unificada até a criação da dinastia Joseon. As seções três e quatro relatam a introdução e desenvolvimento do budismo na península. Finalizando a obra, a seção cinco traz um conjunto de histórias relacionadas às questões religiosas e morais.

 

Os registros sobre o período dos Três Reinos documentam a presença feminina em diversos espaços, sobretudo no reino de Silla. A narrativa acerca o reino de Silla no Samguk Yusa representa rainhas desde seu mito de fundação, sendo o único dos três reinos coreanos com registros de governos femininos. A primeira rainha a ascender ao trono na Península Coreana foi Seondeok, filha do rei Jinpyeong, governou por dezesseis anos [632 EC a 647 EC], permanecendo no trono até sua morte. A rainha Seondeok é descrita no Samguk Yusa como uma governante inteligente e virtuosa, destacando-se principalmente por sua sabedoria.

 

Foram atribuídas à Seondeok três profecias, que se cumprindo a colocaram como detentora de uma sabedoria divina [Hahn, 2017]. O governo de Seondeok é um caso específico no reino de Silla, tendo em vista que após a sua ascensão apenas duas governantes são nomeadas Yeowang [ ], termo que pode ser traduzido como “rei feminino” e que é específico para uma rainha reinante. A partir disso, podemos pensar por que somente em Silla encontramos registro de rainhas e que fatores possibilitaram seu poder.

 

O Samguk Yusa retrata as monarcas de Silla a partir dos relatos de governo de seus maridos e filhos, salvo as narrativas específicas de rainhas assuntas ao trono como governantes. As referências às rainhas de Silla no Samguk Yusa abordam, sobretudo, questões de linhagem, ligação com o sobrenatural, virtudes e defeitos.

 

Contexto de compilação do Samguk Yusa

A construção do Samguk Yusa ocorreu a partir da reunião de documentos escritos e tradições orais sobre o período dos Três Reinos, compreendido como Antiguidade coreana. O Samguk Yusa foi compilado no contexto das investidas mongóis sobre Goryeo, ocasião em que foram queimados importantes registros históricos da antiguidade coreana, como templos, pagodes e documentos oficiais. Considerando o contexto de produção, é possível estabelecer uma ligação entre a estrutura do documento e a recuperação da antiguidade e suas tradições. O título do documento destaca seu objetivo de narrar as maravilhas da Antiguidade Coreana, tendo em vista que a palavra Yusa remete à ideia de lenda.

 

A autoria do Samguk Yusa é atribuída ao monge budista Ilyon e seu discípulo Mugeuk [1250-1322]. Ilyon é considerado principal compilador da obra baseado no cabeçalho da quinta seção do Samguk Yusa. A periodização da compilação e publicação do documento é debatida, sendo tradicionalmente atribuída à dinastia Goryeo, no século XIII, a compilação e à dinastia Joseon [1392-1897], no século XVI, a publicação da obra. Esta edição Imshin, considerada a mais antiga e completa, foi escrita em suporte de madeira a partir da técnica de xilogravura, utilizando o hanja [漢字/한자], escrita sino-coreana baseada nos caracteres chineses. O Samguk Yusa é organizado a partir da estrutura proposta pela edição de Choe Nam Son [1927] composta por dois livros, cinco volumes e nove capítulos:

 

Fonte: Elaboração própria

 

O Samguk Yusa foi escrito no final do século XIII, durante a dinastia Goryeo, sendo necessário situar o contexto político e cultural do período de produção. A política neste período é marcada por conflitos internos entre a aristocracia letrada e militar, bem como pelas sucessivas invasões mongóis. Além disso, Goryeo passou por uma grande mudança cultural, sobretudo no que diz respeito ao budismo e suas vertentes Gyeo e Seon. A sociedade de Goryeo foi dividida em três grandes grupos, a aristocracia, os plebeus, normalmente pequenos fazendeiros e os escravizados, podendo pertencer a instituições públicas ou a elite.

 

A primeira invasão mongol  ocorreu em 1231, como retaliação a interrupção dos pagamentos de tributos e assassinatos dos enviados mongóis. A retida dos mongóis de Goryeo aconteceu em 1232, com a aceitação estatal da posição de tributário e a presença de representantes mongóis para supervisionar a coleta de tributos. Após a primeira invasão, o governo militar ordenou o recuo da capital de Gaesong para Ilha de Ganghwa, declarando a partir dessa mudança resistência total às investidas mongóis.

 

A mudança mostrou-se eficaz frente as invasões, tendo em vista que a aristocracia militar resistiu por quatro décadas, apesar do abandono do campo. O resultado da incapacidade de Goryeo em proteger o campo foi devastador, com o saque e destruição de muitos locais e obras históricas de Goryeo e dos reinos anteriores. No decorrer de 1233 a 1241 foram promovidas novas investidas a Goryeo seguidas por uma trégua de seis anos, apesar disso o reino continuou a recusa a enviar tributos, como retaliação as invasões voltaram a ocorrer entre 1247-1248. As invasões mais destrutivas ocorreram a partir de 1254, com grupos de guerreiros enviados para devastar o campo com objetivo de cortar os suprimentos da corte. Em 1258, um novo governo foi estabelecido, negociando o fim das invasões e chegando a um acordo da retida imediata das forças mongóis em troca da lealdade política e militar. Assim, em 1270 o poder do rei foi restaurado com a assistência mongol e restabelecida a capital, marcando o início do domínio mongol sob Goryeo.

 

A conjuntura na qual o Samguk Yusa foi produzido possibilita a interpretação que motivação de preservar tradições da antiguidade coreana estava ligada a destruição de registros históricos pelas investidas mongóis. A partir do contexto de produção da obra é possível compreender o objetivo expresso pelo autor de: “descrever todas as maravilhas que acompanharam o nascimento dos fundadores de Estados.” [Samguk Yusa, 2016, p. 17]

 

Lideranças femininas e tradições xamânicas do reino de Silla

O relato acerca da primeira governante de Silla explicita em seu título,  “As Três Profecias da Rainha Seondeok”, o cerne da narrativa. Dessa forma, o autor apresenta a Seondeok a partir de uma perspectiva sobrenatural, em que a rainha possui atributos ideais a um governante, além de uma ligação com o divino. As circunstâncias conhecidas pela historiografia sobre Silla destacam a ligação desse reino com práticas e tradições xamânicas, que possuíam, em geral, lideranças femininas [2017].

 

No presente estudo compreendo xamanismo enquanto:

 

“[...] fenômeno religioso tradicional intimamente ligado à natureza e ao mundo ao redor, no qual um praticante dotado da habilidade especial de entrar em um estado de transe-possessão pode se comunicar com seres sobrenaturais. Este poder transcendental permite ao praticante, o xamã, satisfazer os anseios humanos por explicação, compreensão e profecia [Kim apud Nelson, 2016. p. 1. Tradução nossa]

 

A ligação entre o feminino e os costumes xamânicos em Silla foi um grande aliado à ascensão de Seondeok ao trono, tendo em vista a familiaridade da sociedade de Silla com lideranças femininas. Último dos três reinos a adotar o budismo como religião estatal, Silla o aderiu principalmente por sua capacidade de absorver as crenças xamanísticas nativas. Neste sentido, Sarah Nelson [2016] apresenta uma relação entre as rainhas de Silla e as tradições xamânicas locais, evidenciando o uso de símbolos religiosos na legitimação do poder real.

 

A sociedade de Silla organizava-se em torno do sistema de classes determinado pela linguagem sanguínea, conhecido como Golpum (classificação de ossos), no qual o songgol (osso sagrado) era o nível mais elevada e única elegível ao trono. A classificação da aristocracia e do povo dependia da aproximação hereditária com a família real, essas categorias sociais regiam vestimentas, moradias, direitos matrimoniais e cargos na corte [2017. p. 11]. Hann [2017] compreende o sistema Golpum como parte essencial na ascensão de Seondeok, considerando a hierarquia aristocrática do reino um fator mais relevante na sucessão que o gênero do governante.

 

As Três Profecias da Rainha Seondeok

A primeira referência ao título rei feminino no Samguk Yusa ocorreu no relato do governo da rainha Seondeok, da mesma forma foi utilizado em menção das rainhas Jindeok e Jinseong. A nomenclatura usada no Samguk Yusa em referência a governantes de Silla é modificada conforme o período, sendo gradualmente introduzidos títulos semelhantes aos chineses. Os termos utilizados ao fazer referência às rainhas de Silla Antiga são variados, podendo referir-se a diferentes categorias de rainhas. Nesse contexto, pode-se destacar o uso do título yeowang [ ], derivado do termo do hanja 女王, exclusivo para uma mulher governante.

 

A cunhagem do termo yeowang [rei feminino] para referenciar a rainha Seondeok possibilita a reflexão acerca do apagamento de governantes femininas no Samguk Yusa. Nesse sentido, Nelson [2013] compreende que rainhas podem ter ascendido ao trono antes de Seondeok, apesar na ausência destas na documentação.

 

Foram atribuídas à rainha três profecias, que se cumprindo colocaram Seondeok como detentora de uma sabedoria divina. A primeira das profecias ocorreu quando Seondeok afirmou que as peônias enviadas pelo imperador Tai-tsung da dinastia Tang não teriam perfume. Ao ser questionada a rainha expôs sua interpretação:

 

“Durante a sua vida, os cortesãos perguntaram à Rainha como é que ela tinha sido capaz de fazer estas profecias. Ela respondeu: ‘No quadro havia flores, mas não borboletas, o que indica que as peônias não têm cheiro’. Este era o Imperador de Tang zombando da minha falta de parceiro” [Samguk Yusa, 2016, p. 51]

 

Na narrativa de Seondeok  no Samguk Yusa não há menções a um marido, apesar o registro do consorte da rainha em outras obras como o Samguk Sagi. Podemos notar um destaque a figura da rainha, tendo em vista a menção de muitas rainhas consorte nas narrativas de reis.

 

Seondeok profetiza novamente em resposta a angústia do povo, que a questiona sobre a grande número de rãs coaxando durante o inverno, época que normalmente hibernam:

 

“O povo e os cortesãos espantaram-se, e perguntaram a Rainha qual seria seu significado. Ela ordenou imediatamente a dois generais, Alch'on e P'ilt'an, para liderarem duas mil tropas de elite para o Vale da Raiz da Mulher na periferia oeste de Kyongju para procurar e matar as tropas inimigas escondidas na floresta. [...] Os soldados de Silla cercaram e mataram a todos.” [Samguk Yusa, 2016, p. 52]

 

Ilyon descreveu a rainha como uma monarca virtuosa, que se importa com o povo e suas aflições. Além disso, foi demostrada a autoridade de Seondeok sobre os militares, considerando que a compilação do documento ocorreu no período de governos militares.

 

O final do relato de Seondeok é dedicado memória de seus feitos após sua morte, destacando seus atributos ligados ao divino:

 

“Cerca de 10 anos depois, o Rei Munho fundou o Templo Sacheonwangsa sob o túmulo do rei. Como as escrituras budistas dizem que existe um Céu Tori acima dos Quatro Reis Celestiais, só então foi possível compreender a natureza divina e a sacralidade do Grande Rei” [Samguk Yusa, 2016, p. 52]

 

Considerações finais

O contexto de produção do Samguk Yusa é essencial para interpretação das narrativas inseridas no documento. Assim podemos compreender que as investidas mongóis a Goryeo influenciam na compilação do documento, tendo em vista que a escolha de estruturas narrativas que visam conservar o passado são não neutras. Desse modo, entendo que o relato de Seondeok está inserido na obra com propósitos narrativos específicos.

 

A ausência de referências ao consorte de Seondeok é um dos elementos de destaque no seu relato, considerando a presença de rainhas consorte nas narrativas de reis. Assim, o relato é sustentado pela representação dos feitos e virtudes da rainha. A cunhagem de um termo específico para governantes femininas evidencia uma diferença nas atribuições associada a rainha yeowang [rei feminina], além de salientar a legitimidade do seu governo.

 

A representação da primeira governante de Silla como profeta pode ser analisada sob a perspectiva das tradições xamânicas do reino, marcadas por lideranças femininas, além da relação das profecias com esta prática religiosa. Neste sentido, o poder de Seondeok é representado a partir da sua posição real e sua ligação com o divino. Assim, a primeira rainha é descrita no Samguk Yusa por sua relação com o poder oficial, através da sua linguagem, e simbólico, por meio de suas profecias. Desse modo, o autor relaciona a narrativa de Seondeok com valorização do passado coreano de maneira geral através de suas profecias, construindo a imagem de uma governante divinamente sábia.

 

Referências

Isabelly de Oliveira Ribeiro é graduanda do curso de bacharelado em História da Universidade Federal de Pernambuco [UFPE] e membro do Laboratório de Estudos de Outros Medievos [LEOM]. Orientada pelo prof. Dr. Bruno Uchoa Borgongino. [isabelly.oribeiro@ufpe.br]

 

Fonte

ILYON. Samguk Yusa. Tradução: Ha Tae-Hung, Grafton K. MintzSeoul. Paris, Olympia Press, 2016.

 

Bibliografia

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3 comentários:

  1. Alexandre Cabús Moreth Silva4 de dezembro de 2024 às 15:14


    Aqui está uma versão ainda mais refinada e com correções adicionais:

    Prezada Isabelly de Oliveira Ribeiro,

    Parabéns pela comunicação. O texto está claro e conciso, e espero que minhas observações possam contribuir de alguma forma para o desenvolvimento de sua pesquisa.

    Foi muito bem ressaltada por você a ideia de a governante ser representada como profeta, e como isso evidencia uma tradição xamânica liderada por mulheres. No entanto, essa representação é comum entre os governantes dessa localidade? Existiam homens que também exerceram o papel de profeta-governante? (Faço essa pergunta com o intuito de refletir sobre a forma como essa construção pode ter ocorrido.) Em relação a essas lideranças xamânicas femininas, em que âmbitos suas influências se estendiam dentro da sociedade? Você percebe alguma mudança na posição dessas mulheres após a construção da representação da governante xamã?

    Por fim, a ideia de "rei feminino" não poderia também sugerir a impossibilidade de existir uma rainha? No sentido de que "rei" sempre será entendido como masculino.

    Espero que minhas questões possam ter contribuído, de alguma forma, com o seu trabalho.

    Atenciosamente,
    Alexandre Cabús
    alexandrecabus@ufrrj.br

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    1. Alexandre, muito obrigada pela pergunta.
      A representação de governantes de Silla é bem variada e depende do documento e período de análise. No Samguk Yusa é possível identificar o título Ch'ach'a Ung, termo vernacular utilizado em referência aos primeiros governantes de Silla, sendo utilizado pelo autor para governantes que possuem contato com o mundo espiritual. As representações dos reis de Silla no Samguk Yusa tem influência das tradições xamânicas e budistas, contudo a representação de governantes profetas não é comum, até o momento apenas identifiquei a rainha Seondeok no Samguk Yusa. As lideranças femininas nas práticas xamânicas não é fenômeno único de Silla no contexto asiático, mas se destaca por sua representação em documentos e continuidade nas tradições xamânicas atuais.

      O Samguk Yusa possui foco nos grandes eventos das dinastias coreanas, assim a análise acerca da sociedade de Silla seria restrita a aristocracia. Contudo, é necessário lembrar da produção posterior do documento, dessa maneira ao examinar a sociedade e tradições de Silla através do Samguk Yusa temos uma perspectiva de Goryeo acerca destas.

      A rainha Seondeok não é entediada no documento enquanto uma governante xamã, mas como divinamente sábia. A rainha foi relacionada às tradições xamânicas pela historiografia recente. O Samguk Yusa representa duas rainhas (rei feminino) após Seondeok, contudo a arqueóloga Sarah Nelson entende que possivelmente Seondeok não foi a primeira rainha de Silla, mas a primeira a ser documentada. Outro ponto importante de lembrar são os níveis sociais estabelecidos pelo sistema Golpum, que diferenciam as posições femininas na sociedade a depender de sua proximidade à família real.

      A questão do termo rei feminino é recente na minha pesquisa, mas destaca-se por ser utilizado exclusivamente para rainhas reinantes. O título traduzido como rei feminino é o yeowang (여 왕), já o termo equivale masculino para rei é o wang (왕). Além deste, no Samguk Yusa apresenta uma variedade de títulos ligados aos monarcas em diferentes momentos de Silla, com termos específicos para rainhas consorte, mãe e viúva. Por conta da variedade de termos para referenciar diferentes rainhas entendo que o reino de Silla compreendia governantes principalmente por sua ligações familiares, construindo uma relação singular entre o poder monárquico e o feminino.

      Atenciosamente,
      Isabelly de Oliveira Ribeiro

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  2. Oi, Isabelly!
    Sempre é muito enriquecedor ler mais sobre a Seondeok, principalmente por sua importância histórica. Acho muito interessante o uso de um termo específico para ela como "rei feminino" porque pode realçar que o papel (ou cargo) de "rei" (como governante) é o mesmo seja para homem ou mulher - mas também, como você ressaltou, pode apagar a existências de outras rainhas por ter um mesmo termo para os dois.
    Você acha que a falta de referências ao consorte possa ter sido uma estratégia narrativa para não igualar Seondeok aos outros reis, no sentido de torná-la mais séria (ou criar um ethos mais racional para ela, apagando laços românticos)?

    Abraços,
    Vitoria Ferreira Doretto

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