Hannah Soares do Amaral

 

HALLYU, CONSUMO E REPRESENTAÇÕES: PRÁTICAS DE APROPRIAÇÃO DENTRO DAS COMUNIDADES DE FÃS BRASILEIROS DE CULTURA POP SUL-COREANA


Introdução

A popularização dos diversos segmentos do entretenimento sul-coreano, através da produção e exportação de suas músicas e produções televisivas pelas plataformas de streaming e redes sociais vem conquistando cada vez mais admiradores e fãs ao redor do mundo que consomem estes produtos, modificam-os e utilizam-os para transformar sua realidade social.

 

As relações vivenciadas pelo público em função do contato com estes conteúdos dependem dos significados e atribuições que estes indivíduos fazem de si mesmos ao imprimir neles seus valores sociais e propagá-los em função de seus próprios interesses. Adiante, serão mostradas como a lógica do ``ser fã´´ se insere dentro das relações obtidas com o advento da internet e os serviços de compartilhamento e acesso a informação cada vez mais disponíveis ao consumo midiático e como ser fã ganha aspectos cada vez mais ativos à medida em que o envolvimento com seus respectivos objetos dá margem para a criação e compartilhamento de ideias e produção de serviços que intensifiquem a experiência de ser fã.

 

Somos todos fãs

 

Gostar de alguma coisa é natural do ser humano. Todos gostamos de algo, desde a comida até programas de TV, todos possuímos coisas que nos agradam e nos dão sensação de prazer e satisfação ao poder interagir com elas e uns com os outros sobre elas. Assistir uma série de TV, por exemplo, pode ser tanto um momento de lazer sem qualquer relação com os gostos pessoais do indivíduo ou do grupo quanto uma oportunidade de compartilhar com mais pessoas de interesses semelhantes sobre aquilo que gostamos e depois, poder conversar e interagir em cima disso.

 

A cultura é um prato cheio para isso: estamos sempre procurando coisas que nos chamem a atenção para consumir, conversar e até produzir sobre elas. Estes indivíduos são chamados de `fãs´ e seus grupos são chamados de `fandom´ (junção das palavras em inglês ``fan´´ e ``kingdom´´, seria algo como ``reino de fãs´´) e estes são integrantes de uma cultura que gira em torno da participação individual e coletiva na construção de atividades relacionadas ao objeto de interesse, ou objeto de fã que, de acordo com Blanar e Glazer (2018) são:

 

``Esses pontos focais comuns são conhecidos como objetos de fã — uma celebridade, marca, organização, passatempo ou mídia, como um filme, livro ou música que funciona como um nexo de emoção e atividades. Eles são um núcleo importante, um centro de gravidade que puxa um grupo de pessoas e lhes dá algo compartilhado para se unirem.´´ (BLANAR, GLAZER, cap. 1).

 

Com o advento da internet, o fandom ganha mais poder de interação e as possibilidades de participação se multiplicam. No contexto da Web 2.0 (termo cunhado em meados da década de 2000 por Tim O'Reilly para descrever a segunda geração de serviços online) onde torna-se possível obter uma maior participação ao passo que, o acesso à informação e a interação entre os usuários também aumenta com a disponibilização de serviços como de download de músicas, blogs e redes sociais (PRIMO, 2007). Segundo Jenkins (2015), as comunidades de fãs são as primeiras a experimentarem estes serviços em prol da própria experiência de interação entre fãs e da possibilidade de trocas sociais e culturais. Isso acontece de maneira perceptível entre os fãs de música, estes podem, através da internet fazer o download de suas músicas preferidas ou simplesmente comentar nos videoclipes que são postados no Youtube. À medida que mais serviços tornam-se disponíveis para os usuários, as interações e formas de engajamento também vão se modificando e novas são criadas e ressignificadas a partir das necessidades dos fãs. A globalização é a grande culpada disso, hoje é possível encontrar informações advindas de praticamente qualquer lugar do globo terrestre como, por exemplo, se uma pessoa (ou fã) do Chile quiser ouvir uma música tailandesa, ela poderá fazer com apenas um clique, esta mesma atividade, anos atrás, não seria tão fácil.

 

Hallyu: porque a cultura coreana?

 

Se você pesquisar na internet as palavras ``k-pop´´ ou ``k-drama´´, vai se deparar com milhares de resultados envolvendo essas duas palavras e, se você tem mesmo que um pouco, de presença nas redes sociais já deve ter se deparado com alguma postagem relacionada a essas palavras. A popularidade delas não é por acaso: as palavras ``k-pop´´ e ``k-drama´´ descrevem a música pop sul-coreana e as séries de TV sul-coreana, respectivamente, e o sucesso delas é fruto de um investimento pesado do governo de seu país de origem para projetar sua imagem internacionalmente através de dispositivos de mídia que incluem entre outros, música, séries de TV, cinema, produtos de beleza, moda e também a culinária.

 

A onda Hallyu ou Onda Coreana é o termo usado para descrever este fenômeno. O termo foi popularizado pela mídia chinesa ao descrever o sucesso das produções televisivas (os k-dramas —  ``korean dramas´´ — dramas coreanos, em tradução livre), dos restaurantes coreanos e da indústria automobilística tornando-se um termo de conotação nacionalista (YOON; KANG, 2017). Mas não se deve somente a isso, pois o boom coreano emerge diretamente da história sul-coreana como um todo, a partir do período de redemocratização ocorrido entre as décadas de 1980 e 1990 onde novos conteúdos estrangeiros passaram a adentrar na sociedade e influenciaram na produção cultural (SOUZA, 2015). A crise econômica de 1997 fez com que o país ponderasse sobre a reconstrução de sua economia e aplicasse seu investimento em políticas públicas centradas no fortalecimento da indústria do entretenimento e, com políticas protecionistas contra a influência de culturas estrangeiras (principalmente do Japão pelo passado de dominação colonial, e dos EUA pela presença durante a guerra da Coreia e introdução dos estilos musicais norte-americanos), tais investimentos contribuíram para o crescimento da indústria audiovisual (SILVA; FARIAS, 2021), sendo visto na forte aceitação que recebeu da audiência chinesa e japonesa.

 

Ainda na década de 1990 vemos o cenário da indústria musical sul-coreana projetando-se da forma como veio a se constituir posteriormente como é conhecida atualmente. Através da influência e mistura de diversos ritmos musicais estrangeiros como o pop, hip-hop, rap, dance, entre outro;, a música e a indústria musical foi ganhando novos contornos principalmente, com a adoção do sistema de treinamento de idols (ídolos, em inglês) característico do mercado musical japonês, uso de coreografias e forte apelo visual visto nos videoclipes, conhecidos pela sigla ``MVs´´ (do termo em inglês, music video que significa vídeo musical).

 

 Apesar de ter dado seus primeiros passos na década de 1990, levou cerca de vinte anos para o k-pop chegar aos ouvidos de um público massivo fora de seu país de origem. Foi através do sucesso conquistado pela música Gangnam Style do rapper Psy em 2012, que muitas pessoas tiveram contato pela primeira vez com o k-pop e a música tornou-se um fenômeno global. O sucesso alcançado pela música e a visibilidade conquistada para o K-pop ajudou no reconhecimento da indústria sul-coreana de entretenimento e contribuiu para uma maior produção de entretenimento coreano além de ajudar na afirmação da identidade  nacional para a população de seu país de origem através da propagação dessas mídias.

 

Quanto aos k-dramas, sua projeção para o mercado internacional se deu primeiro dentro do continente asiático para depois, conquistar o mundo. O primeiro caso registrado do sucesso de uma produção televisiva sul-coreana em escala internacional ocorreu com o k-drama Winter Sonata de 2002 no Japão, seguido pelo k-drama Dae Jang Gem (2003-2004) que foi febre em vários países  do sudeste asiático, além de ter sido vendido para cerca de 120 países (YOON, KANG, 2017). O caso dos k-dramas em escala global é um fenômeno mais recente, e está atrelado a disseminação dos serviços de streaming, principalmente da Netflix que possui em seu catálogo títulos de origem sul-coreana e investe em produções originais.

 

Com um investimento massivo não só na produção, mas também na exportação de sua própria cultura, não é de se estranhar que o entretenimento sul-coreano esteja fazendo sucesso e conquistando adeptos de todos os lugares do globo. Com suas próprias características que a diferem da mídia ocidental, a Indústria Cultural sul-coreana apresenta novos formatos em seus produtos comercializados, seja na indústria da música com o sistema de treinamento de idols ou os ideais românticos retratados em seus k-dramas.

 

Fandoms transculturais: os adeptos da Hallyu no Brasil

 

A estratégia utilizada pelo governo da Coréia do Sul com a exportação de seus produtos culturais é um exemplo de política de Soft power, em que um país se utiliza de um determinado objeto para mostrar-se a outros países da forma que quer ser visto. No caso da Coréia do Sul, o país se apresenta ao mundo através de seus maiores produtos comerciais — o k-pop, os k-dramas e a indústria da beleza — a fim de ser lembrada pelo seu bom trabalho com os tais.

 

Estes produtos, pensados numa primeira vista para as demandas do mercado interno e depois para o mercado externo, são recebidos por ambos de maneiras bastante distintas e não param no público consumidor mas, continuam sendo consumidos e reelaborados conforme os interesses dos fãs. Para exemplificar, vejamos o caso do k-pop como um produto advindo de uma cultura geograficamente e culturalmente distante mas que possui um forte apelo de consumo.

 

O k-pop é considerado um fenômeno global à medida que arrasta uma gama de fãs apaixonados e que são, sobretudo, internacionais ou seja, fora dos limites de seu país de origem. Apesar de parecer ser apenas música, vai muito além disso e engloba videoclipes (MVs), álbuns, shows, produtos licenciados, etc. Além de consumi-los, os fãs podem produzir em cima do que lhes é acessado e criar novos produtos e formas de interagir com seus artistas e músicas favoritas. Neste processo, os fãs deixam de ter uma posição de receptáculo para interferir ativamente sobre seus respectivos objetos de interesse. Para Jenkins (2015) essa é também umas das razões de ser do fandom à medida que dá abertura para que outros venham a integrar a comunidade (JENKINS, 2015).

 

Os fãs internacionais podem encontrar  dificuldade em interagir com seus objetos de fã por diferentes motivos: por estar em idioma estrangeiro, pela dificuldade de acesso a conteúdo, pela qualidade com que esse conteúdo é disponibilizado, etc. Neste processo é que se insere um serviço muito difundido entre os fãs da Hallyu principalmente no contexto dos k-dramas no Brasil, que é a prática de fansubbing (legendas feitas por fãs), prática esta que consiste em disponibilizar conteúdos que por meios oficiais dificilmente chegariam as comunidades de fãs; a prática, que recorre a pirataria e não possui fins lucrativos, tem por principal argumento ser um serviço feito “de fã para fã” cujo objetivo é democratizar o acesso a tais conteúdos quando se encontram indisponíveis.

 

No Brasil, esta prática se popularizou através dos k-dramas e animes japoneses. Se hoje é possível acessar um vasto catálogo nas plataformas de streaming para assistir a uma produção asiática, ou para ouvir o seu artista favorito, isso se deve em alguma proporção, graças ao público que acessava os fansubs e a visibilidade alcançada para estes conteúdos.

 

Assim como no caso dos fansubs, os fandoms brasileiros tiveram de se colocar como criadores e mediadores dentro da lógica do consumo midiático de seus respectivos objetos de fã. Tanto pela distância cultural quanto pela aproximação trazida pela internet, os fãs brasileiros da Hallyu estão a todo momento se transformando e modificando suas atividades para melhorar suas experiências de fã.

 

Fandom e apropriações

 

O historiador Peter Burke, ao se referir a países com facilidade de assimilar elementos culturais de fora, afirma existirem países com "tradição de apropriação" sendo favoráveis à troca cultural (BURKE, 2003), da mesma forma dentro dos fandoms multiculturais essas trocas culturais acontecem mutuamente em favor de seus interesses em comum visando uma melhor experiência coletiva e individual.

 

Para quem faz parte do fandom não se trata apenas de produtos que os fãs compram, não é apenas um CD, não se trata apenas de uma série ou de um filme interessante; mas concede a estes fãs uma oportunidade de adentrar a cultura coreana através desses objetos: seja ao colecionar pôsteres, aderir a um estilo de se vestir influenciado por seus artistas favoritos ou até mesmo aprender o idioma para poder cantar as músicas ou quem sabe, viajar até a Coréia do Sul e conhecer as locações dos k-dramas e MVs favoritos — as possibilidades são muitas. Segundo Silva e Farias (2021) estes produtos “proporcionam uma vivência emocional com os seus consumidores, como forma de experimentação do contato com a cultura coreana" (SILVA; FARIAS, 2021, p. 598) ao interagir com os produtos é como se os fãs estivessem deixando de ser espectadores e assumindo voz ativa sobre seus objetos de interesse. Consumi-los significa se inserir dentro da cultura e compor as representações de mundo que estes possuem sendo determinadas pelos interesses em grupos (CHARTIER, 2003)  ou nesse caso, do fandom. É imprimir um sentido de pertencimento a uma cultura mesmo estando a milhões de quilômetros de distância.

 

 

Referências

Hannah Soares do Amaral é graduada em Licenciatura em História pela Universidade Federal da Paraíba.

 

BLANAR, Zoe Fraade, GLAZER, Aaron M. Superfandom: como nossas obsessões estão mudando o que compramos e quem somos. Rio de Janeiro: Anfiteatro, 2018.

JENKINS, Henry. Cultura da conexão. São Paulo: Aleph, 2015.

CHARTIER, Roger. A história cultural-entre práticas e representações. Algés: Difel, 2002.

PRIMO, A. O aspecto relacional das interações na Web 2.0. E-Compós, [S. l.], v. 9, 2007. DOI: 10.30962/rec.153. Disponível em: https://e-compos.org.br/e-compos/article/view/153.  Acesso em: 24 nov. 2024.

SILVA, M. P. A. FARIAS, A. C. . A TRANSGRESSÃO DA CULTURA POPULAR SUL -COREANA: A HALLYU E SUA INFLUÊNCIA NO CONSUMO DE PRODUTOS SUL-COREANOS. Revista Ibero-americana de Humanidades, Ciências e Educação, [S. l.], v. 7, n. 5, p. 586–600, 2021. DOI: 10.51891/rease.v7i5.1215. Disponível em: https://www.periodicorease.pro.br/rease/article/view/1215 Acesso em: 24 nov. 2024.

YOON, Tae-jin, KANG, Bora. Emergence, Evolution, and Extension of “Hallyu Studies”. In: YOON, Tae-jin, JIN, Dal Young (org.). The Korean Wave: Evolution, Fandom, and Transnationality, Londres: Lexington Books, 2017.

BURKE, Peter. Hibridismo Cultural. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2003.

FILHO, J. F. Mídia, consumo cultural e estilo de vida na pós-modernidade. Revista ECO-Pós, [S. l.], v. 6, n. 1, 2009. DOI: 10.29146/eco-pós.v6i1.1144 Disponível em: https://revistaecopos.eco.ufrj.br/eco_pos/article/view/114  . Acesso em: 24 nov. 2024.

SOUZA, M. A. V. Os novos fluxos midiáticos da cultura pop coreana. Galáxia (São Paulo, Online), n. 29, p. 297-300, jun. 2015. Acesso em: 24 nov. 2024.


9 comentários:

  1. Fernando de Barros Honda2 de dezembro de 2024 às 08:17

    Hannah, a noção de "soft power" que você mencionou me trouxe algumas reflexões, o que gerou uma pergunta. No contexto da sua pesquisa pude entender que o processo de massificação – ou mesmo globalização – de grupos k-pop e k-drama fomentam o interesse de "fandoms" a consumir diversos tipos de produtos do entretenimento, assim a partir da frase de finalização do seu texto: "É imprimir um sentido de pertencimento a uma cultura mesmo estando a milhões de quilômetros de distância", é de se observar por exemplo que para adentrar nessa cultura, pessoas ao redor do mundo investem tempo para estudar o idioma, dominar o "hangul" e consequentemente favorecer uma virada cultural a favor da Coréia do Sul (subjugada principalmente pelo Japão). Gostaria de saber o que você entende acerca da estratégia "soft power" na medida em que a globalização interfere na Coreia do Sul, ao mesmo tempo em que esse mesmo fenômeno dissemina características internas do país (vestimenta, idioma, entretenimento e história) pelo mundo. Não seria uma possibilidade de manter a cultura (dentro dos limites do mundo globalizado) "intacta" ao influenciar o externo para voltar-se ao interno?

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    1. Olá e obrigada pela pergunta! Meu ponto de vista sobre a estratégia de “soft power” sul-coreana é que se apresenta dentro do conceito do historiador Peter Burke de hibridismo cultural, isto é, da fusão de elementos culturais entre culturas originando novos elementos. Em relação a Hallyu, esse hibridismo é visto dentro da própria história da Coréia do Sul, com a presença norte-americana no país desde o fim da guerra na década de 1950 e a introdução de estilos musicais norte-americanos, responsável pela influência desses estilos no k-pop e a presença de palavras em inglês nas músicas. Por outro lado, a própria proposta do “soft power” é entendida como a influência que um países exerce sobre outro a partir da própria cultura então pode-se dizer que, a medida em que a cultura se apresenta “intacta” a partir de alguns elementos como os k-dramas — em um formato que se difere das produções televisivas de outros países — a culinária ou o idioma, esta mesma medida não pode ser utilizada em todas as esferas que envolvem a cultura. Sendo assim, acredito que há a possibilidade da cultura se manter intacta em áreas que são projetadas para o mercado interno, já outras como é o caso da indústria musical — que foi constituída a partir da inserção de elementos musicais estrangeiros — que é voltada tanto para o mercado interno quanto para o externo onde, a recepção obtida por esses diferentes tipos de público oferecem estatísticas que podem ser utilizados para prever as tendências de consumo no mercado atual.
      Espero assim, ter respondido á sua pergunta!

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  3. Primeiramente, parabéns pelo texto!!!

    Como você analisa o impacto da prática de fansubbing no Brasil no que diz respeito à democratização do acesso à cultura pop sul-coreana, considerando os desafios éticos e legais que essa prática enfrenta?

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    1. Boa noite e obrigada por sua pergunta!
      Bom, acredito que a prática do fansubbing é complexa justamente por recorrer a disponibilização ilegal dos conteúdos, no entanto no contexto do Brasil em que muitos destes conteúdos não estão disponíveis para serem consumidos de maneira legal, o fansubbing consegue abrir portas para a formação de um público consumidor que mais tarde pode vir a ser apropriada pelos distribuidores legais. Em resumo, não concordo com o recorrer a pirataria mas, se tratando do contexto do mercado brasileiro onde tais conteúdos e públicos sequer possuem visibilidade, o fansubbing se torna uma ferramenta forte de consumo e disseminação dos objetos de fã.

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  4. Boa noite! Excelente texto, principalmente para alguém como eu que entrou nesse mundo há pouco tempo, foi de importante valor e tamanha didática, parabéns! Minha dúvida é algo que eu comentei com o grupo de língua e história coreana que participo (kwenchana), que é a crescente de um público alvo nos k-dramas: os evangélicos. Na conjuntura de hoje, principalmente das questões de conservadorismo (vide o ocorrido na Coreia ontem), esse crescente público pode ter sido conquistado apenas pelas narrativas de romances, romantização e fetichização de atores ou também pode ser algo ideológico?
    Desde já agradeço pela resposta e mais uma vez parabens pelo texto!

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    1. Boa noite! Muito obrigada pelo elogio, fico feliz que a leitura tenha sido proveitosa! Sobre sua pergunta, acredito que pode ter sim a ver principalmente, se compararmos com as características que temos nas novelas brasileiras e as críticas que este público tem em torno delas, sem falar que uns dos principais argumentos para justificar a preferência por consumir k-dramas seria justamente por retratarem um ideal de romance com destaque para os gestos românticos e não tanto as demonstrações públicas de afeto com teor sexual. O que em si também é bastante problemático.ao passo de que vai "criando" na mente do público a ideia de que a realidade deve imitar a ficção e que todos os parceiros(as) com que irão se relacionar devem corresponder ao padrão criado pelo expectador através da personalidade fictícia dos atores dos k-dramas.

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  5. Ana Gabriella Ramos da Rocha5 de dezembro de 2024 às 23:05

    É muito interessante ver como o K-pop e o K-drama fazem com que as pessoas se tornem fãs e passem a consumir cada vez mais itens relacionados a esses universos, desde objetos a alimentação. Gostaria de saber se você acha que o vínculo dos fãs com esses produtos e cultura sul-coreana podem de alguma forma impactar a vida desses fãs ao ponto de alterar suas rotinas ou comportamentos, fazendo com que eles busquem quase transformar essa conexão em um estilo de vida?
    Ana Gabriella Ramos da Rocha

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    1. Boa noite, Ana Gabriella! Acredito que sim. A partir do momento em que eu ponho esses elementos em meu dia a dia, seja em uma música que escuto enquanto faço alguma coisa, aos artistas que acompanho nas redes sociais, premiações e programas de TV, as roupas e acessórios que escolho para expressar meus gostos pessoais nas roupas que visto, etc. Cada ação feita pensada em expressar nossos gostos pessoais em relação a música, artistas, filmes ou mesmo de programas de TV faz com que nos sintamos pertencente a aquele mundo e isso já nos tira de uma posição de expectador pois a partir do momento em que investimos nosso tempo e dinheiro nisso, fazemos parte do grupo mais importante para qualquer setor da indústria cultural, o público que é quem determina o que está ou não na moda e no que vale a pena ou não fazer. O público está presente do início até o fim deste processo. Espero ter respondido a sua pergunta.

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