UMA HISTÓRIA, MUITAS HISTÓRIAS: A IMPORTÂNCIA DA
HISTÓRIA ORAL NO ENSINO DO CASO DAS “MULHERES DE CONFORTO” E A UTILIZAÇÃO DO
CURTA HER STORY COMO SUPORTE PEDAGÓGICO
Quem foram
as “mulheres de conforto”?
O termo "mulheres de
conforto" é um eufemismo usado para designar as mulheres que foram
submetidas à escravidão sexual pelo Exército Imperial Japonês durante a Segunda
Guerra Mundial. Estima-se que entre 80 mil e 200 mil mulheres foram forçadas a
servir como escravas sexuais, embora o número exato seja incerto, já que a
maioria dos documentos relacionados foi destruída pelos soldados ao final da
guerra (Min, 2003).
Mulheres de várias nacionalidades
foram forçadas a entrar nesse sistema: chinesas, japonesas, filipinas e
tailandesas. Contudo, a maior parte delas (cerca de 80% a 90%) era coreana,
pois o Japão, após anos de conflito, ocupou a Coreia em 1910 e a transformou em
sua colônia (Soh, 1996). Essas mulheres eram capturadas de diferentes formas:
sequestradas, recrutadas à força ou enganadas por falsas promessas de emprego.
Uma vez aprisionadas, eram confinadas em bordéis militares, chamados de
"casas de conforto", onde eram forçadas a prestar serviços sexuais
aos soldados japoneses (Sikka, 2009).
Chung
Seo-Woon e a representatividade de tantas outras “mulheres de conforto”
Chung Seo-Woon foi uma das diversas
mulheres que foram levadas a servir como “mulher de conforto”, aos dezoito anos
de idade. Apenas na terceira idade conseguiu falar sobre os traumas que passou
durante a Guerra. Em 1995, representou as sobreviventes na Quarta Conferência
Mundial Sobre as “Mulheres de Conforto” que aconteceu em Pequim, China. Por
anos, lutou a favor do reconhecimento do caso das “mulheres de conforto” e
faleceu em 2004, aos 81 anos, sem ouvir um pedido de desculpas oficial do
Japão. Através dos seus testemunhos conseguimos compreender um pouco mais sobre
as vivências e violências sofridas por essas mulheres.
Após a derrota do Eixo (Alemanha,
Itália e Japão) na Segunda Guerra Mundial, os japoneses eliminaram o máximo de
evidências relacionadas a escravidão sexual, queimando registros militares e
até mesmo matando muitas das “mulheres de conforto”. Entretanto, apesar dos
esforços desses militares para apagar esse fato, as sobreviventes, os
ex-soldados e outras pessoas que estiveram envolvidas ou viram de perto o
sistema de conforto, através de suas memórias, foram capazes de relatar suas
vivências e o modo como algumas estações funcionavam.
Infelizmente, devido a pouca quantidade
de registro que foram preservados e a morte de muitas “mulheres de conforto”, é
impossível saber alguns fatos, como por exemplo, o número de meninas/mulheres
que foram recrutadas para fazer parte do sistema de conforto, porém, graças aos
diversos estudos e relatos, pesquisadores conseguiram analisar melhor esse lado
esquecido da história. Para Howard
(1995, p. 24-25): “Muitos dos detalhes relativos ao funcionamento do sistema de
mulheres de conforto, incluindo a sua escala global, ainda não foram descobertos.
No entanto, conseguimos descobrir uma série de factos sobre as mulheres de
conforto militares japonesas a partir de documentos militares, dos testemunhos de antigos soldados e
através de um exame minucioso dos relatos das próprias ex-escravas sexuais.”
De acordo com Carlos Fico (2012, p.
47), após as duas guerras mundiais, tem-se a introdução dos relatos
testemunhais como “um dado essencial para a compreensão daqueles conflitos”. Ou
seja, houve-se a necessidade da utilização de fontes orais para o entendimento
de certos períodos, principalmente aqueles ligados a eventos traumáticos, onde,
geralmente, os relatos são das próprias vítimas — que possuem como intuito
evitar o esquecimento (Fico, 2012) — e, no caso das “mulheres de conforto”,
lutar por justiça.
Assim, através do testemunho das
sobreviventes podemos entender, em um contexto geral, o que passaram as
diversas “mulheres de conforto”, organizando e estudando as similaridades e
diferenças das vivências dessas mulheres dentro de cada estação. O curta-metragem
foi feito utilizando o relado de Chung Seo-Woon, que durante sua trajetória de
vida, deu diversas entrevistas e depoimentos sobre seu tempo como “mulher de
conforto”, apesar das constantes dificuldades em reviver os traumas do passado.
O testemunho de Seo-Woon está
presente, por exemplo, no livro “Stories
that Make History: The Experience and Memories of the Japanese Military›
Comfort Girls-Women”, editado pelo Research
Team of the War & Women’s Human Rights Center e pelo The Korean Council for the Women Drafted for
Military Sexual Slavery by Japan, que traz o depoimento de 12 vítimas do
sistema de conforto do exército japonês. Esse livro foi escrito como “uma
resposta a um vazio nessas histórias publicadas em outros idiomas além do
coreano” (The Research Team of the War & Women’s Human Rights Center; The
Korean Council for the Women Drafted for Military Sexual Slavery by Japan,
2020, p. 7) e traz um importante debate — uma questão estudada pelos próprios
historiadores — sobre os testemunhos das sobreviventes e a subjetividade
presente neles.
Segundo o Time de Pesquisa War & Women’s Human Rights Center e
a Korean Council (2020, p. 31): “as
histórias orais das vítimas sobreviventes do conforto militar japonês,
meninas-mulheres, têm sido a evidência mais atraente para trazer à luz o
conforto problema das meninas-mulheres como uma questão social no nosso tempo e
ao pedir ao Japão que assuma a responsabilidade pelas suas ações. É crucial
incluir as vozes dos sobreviventes no ativismo para resolver a questão do
conforto militar japonês meninas-mulheres.
Há um debate ainda presente dentro
da comunidade acadêmica sobre a utilização de fontes orais, no que diz respeito
à credibilidade dessas fontes, uma vez que algumas podem apresentar distorções
— o próprio caso da história da Chung Seo-Woon é um exemplo: em alguns relatos,
como no próprio curta-metragem aqui utilizado, Chung diz que foi levada aos
quinze anos de idade, entretanto, em uma entrevista feita em 1995, ela alegou
ter sido enganada aos dezoito anos de idade. Os pesquisadores consideraram as
declarações da entrevista de 1995 verdadeiras uma vez que, “o Japão ocupou a
Indonésia em Dezembro de 1941” (The Research Team of the War & Women’s
Human Rights Center; The Korean Council for the Women Drafted for Military
Sexual Slavery by Japan, 2020, p. 66).
Entretanto, é de fundamental
importância entender que dentro da história dos excluídos/marginalizados da
História, os defensores da fonte oral ressaltam a importância dessas “memórias
subterrâneas” (Pollak, 1989). Para Marieta Moraes, essas distorções ou faltas
de veracidade presentes nos depoimentos, podem (e devem) ser encaradas como uma
fonte adicional para a pesquisa, não como uma característica negativa da
História Oral, ou seja, é necessário reconhecer a subjetividade dentro desses
relatos (Moraes, 2002).
Apresentando a mesma opinião de
Moraes, a equipe do The Research Team of
The War & Women’s Human Rights Center e da Korean Council (2020, p. XIII), comenta que, “ambivalência, no
entanto, é a principal característica das histórias das doze meninas-mulheres de conforto deste livro. [...] a equipe de
pesquisa se esforçou ao máximo para compilar histórias coerentes. Espera-se que
essas meninas-mulheres de conforto
esqueçam alguns detalhes de seu recrutamento, transporte e vida em um posto de
conforto e de seu retorno para casa [...]”.
Assim, como historiadores e/ou
pesquisadores é de fundamental importância entender que “precisamos [...] ouvir as histórias
incoerentes, ouvindo tanto o que é contado como o que não é dito” (The Research
Team of the War & Women’s Human Rights Center; The Korean Council for the
Women Drafted for Military Sexual Slavery by Japan, 2020, p. XV). Uma vez que
as experiências subjetivas que essas histórias trazem são de fundamental
importância no estudo da História Contemporânea.
Além disso, precisa-se levar em
consideração que muitas histórias são carregadas de traumas, como é o caso das
“mulheres de conforto”. De acordo com Pollak (1989), em “uma análise de
conteúdos” de, em média, quarenta relatos de mulheres sobreviventes do campo de
concentração de Auschwitz Birkenau, revelam que ao mesmo tempo que essas
mulheres tinham vontade de testemunhar sua história, elas também queriam
esquecer esse passado e ter uma vida “normal”.
Mark Roseman (2000), em seu paper “Memória sobrevivente: verdade e
inexatidão nos depoimentos sobre o Holocausto”, nos apresenta sua experiencia
ao escrever a biografia de Marianne Ellenbogen — uma sobrevivene do holocausto
nazista — onde percebeu que as lembranças de Marianne, e de outros
sobreviventes, eram “imprecisas e mudaram com o passar do tempo”. (Roseman,
2000, p. 123). O pesquisador afirma que “na essência, as lembranças de Marianne
são quase totalmente confirmadas por outras fontes” e que a existência da
imprecisão das lembranças de Marianne, de modo algum ameaçou seu depoimento,
Segundo ele, “em vez disso, mostram como a memória vagueia em torno de um
núcleo incontrolável, tentando manter experiências traumáticas sob alguma espécie
de controle. (Roseman, 2000, p. 130-131).
Para a equipe do The Research Team of The War & Women’s
Human Rights Center e da Korean
Council (2020, p. XV; p.3-6), é preciso estar atento “sobre como a
escravidão sexual altera a vida de uma pessoa para sempre e inevitavelmente”
Segundo eles, “para muitas das meninas-mulheres
de conforto sobreviventes, o seu passado continuou a ser uma experiência
vergonhosa que deveriam manter escondida nos seus corações até à sua morte.
Muitas vezes culpavam-se e sentiam-se culpadas por viverem uma vida enganosa,
escondendo o segredo dos maridos e dos filhos. Essa ansiedade interna, mesmo
hoje, cerca de sessenta anos depois da experiência, ainda se manifesta em
pesadelos ou doenças mentais como a esquizofrenia”. Assim, o time de pesquisa
precisou estudar formas de abordar um assunto tão delicado para as vítimas e
organizar o enredo da entrevista de acordo com cada entrevistada, organizando
da melhor maneira as memórias dessas sobreviventes
Dentro do caso das “mulheres de conforto”
também é preciso considerar a idade que essas sobreviventes tinham quando a
história veio à tona e foi necessário o testemunho delas. Já na terceira idade,
carregando doenças tanto físicas quanto mentais — Chung Seo-Woon, por exemplo,
possuia Woolhwabyung, um distúrbio
mental/emocional resultante de raiva ou estresse reprimido — a própria memória
dessas mulheres estava comprometida pelo tempo e por doenças. Comentando sobre
a entrevista que teve com a sobrevivente, o entrevistador diz: “pude encontrar
na história de Chung Seo-un um cansaço em relação a um passado sobre o qual ela
odiava a menor lembrança” (The Research Team of the War & Women’s Human
Rights Center; The Korean Council for the Women Drafted for Military Sexual
Slavery by Japan, 2020, p.79- 82).
O curta de
animação Her Story utilizado como
meio para ensinar sobre o caso das “mulheres de conforto”.
Her
Story é um curta-metragem de animação,
cujo título original é So-nyeo-i-ya-gi
(소녀이야기), que pode ser traduzido como “a história
dela”. Dirigido e produzido em 2011 pelo cineasta sul-coreano Kim Jun-Ki, o
curta contou com o apoio do Seoul
Animation Center, da ChungKang College of Cultural Industries e do Korean Council for the Women Drafted for Military Sexual Slavery by
Japan.
A Segunda Guerra Mundial é um dos
assuntos que mais despertam interesse entre os jovens estudantes, entretanto,
pouco se estuda sobre alguns crimes de guerra que aconteceram nesse período,
além do Holocausto. Estudar sobre o caso das “mulheres de conforto” auxilia no
estudo de diversos temas de extrema importância para a nossa sociedade. Segundo
Margaret D. Stetz (2003, p. 18), em seu artigo Teaching ‘Comfort Women’ Issues in Women's Studies Courses “ensinar
a história das “mulheres de conforto” e dos esforços de organização que
cresceram em torno delas pode ajudar a expressar solidariedade com as mulheres
que merecem apoio; fazer com que uma nova geração de academicos leve a sério as
suas experiências de violência sexual é o mínimo que estas mulheres merecem.
Para além dos motivos voltados para
o suporte à essas vítimas — como o reconhecimento e apoio a suas lutas e
reivindicações — ensinar sobre o caso das “mulheres de conforto” é necessário
para entender as complexas relações entre o Japão e seus países vizinhos, além
de também auxiliar na compreensão das dinâmicas de poder e militarismo
presentes na História Contemporânea.
Na atualidade, com a crescente onda
de conservadorismo, militarismo e fascínio por conflitos, é necessário educar
os jovens sobre assuntos como violências praticadas durante períodos de
instabilidades sociopolíticas, como as guerras. É importante que os alunos
possuam conhecimentos sobre os horrores da guerra, principalmente no que tange
aos direitos e segurança das mulheres. Segundo Stetz (2003, p. 18), é preciso
ensinar que “tanto o processo de militarização como os seus resultados finais
são prejudiciais para a vida das mulheres em todo o mundo” e, desse modo,
desconstruir narrativas militaristas que glorificam a guerra.
Com a história das “mulheres de
conforto” também é possível educar os jovens sobre a importância dos Direitos
Humanos e sobre a promoção e apoio ao direito das mulheres — o que os leva a
combater a desigualdade de gênero, a misógina e a violência sexual. Assim,
produzimos uma educação que sensibiliza os alunos e eleva seu senso crítico.
Por trazer uma história com tantos
recursos audiovisuais — com a animação percorrendo a história enquanto a
protagonista narra sua vida — o curta Her
Story pode ser utilizado como uma
excelente ferramenta didática para ensinar sobre o caso das “mulheres de
conforto”. De acordo com Pollak (1989, p.11), “ainda que seja tecnicamente
difícil ou impossível captar todas essas lembranças em objetos de memória confeccionados
hoje, o filme é o melhor suporte para
fazê-Io: de onde seu papel crescente na formação e reorganização, e
portanto no enquadramento da memória.
Ele se dirige não apenas às capacidades cognitivas, mas capta as emoções”.
Os filmes de curta-metragem se
mostram eficientes como recursos didáticos ao entregarem uma história com uma
duração de tempo curta — o que os tornam excelentes para serem usados em sala
de aula. Her Story, com apenas 10
minutos e 55 segundos, consegue introduzir de forma sucinta, a história dessas
vítimas.
Desse modo, esse filme pode ser
utilizado como recurso tanto no Ensino Básico como no Superior, em aulas cujos
temas tratem, por exemplo, da Segunda Guerra Mundial, dos Direitos Humanos, da
violência contra a mulher, da utilização do audiovisual na educação, entre
outros temas alinhados a esses eixos. Assim, é notório como o ensino sobre o
caso das mulheres de conforto pode ser utilizado em outros campos além da
história, como a sociologia, a filosofia e a comunicação social.
Em um primeiro momento, o professor
deve buscar por conhecimentos prévios dos alunos — como, por exemplo, o que
eles sabem sobre a história do Extremo Oriente durante o período da Segunda
Guerra Mundial; sobre as relações instáveis entre o Japão e outros países
vizinhos, como as duas Coréias, devido ao imperialismo japonês ou se eles já
tinham visto o caso das “mulheres de conforto” em outro local. (Krishna, 2021).
Logo depois, o professor pode dar
uma introdução a respeito da história das “mulheres de conforto”, explicando
aos alunos como funcionava o sistema de conforto japonês durante a Guerra e o
que aconteceu com as mulheres vítimas do sistema no pós guerra.
Após a exibição do curta-metragem de
animação Her Story, é importante que
o professor abra espaço para questionamentos e debates sobre o conteúdo do
curta. Uma vez que, é importante que os alunos reflitam sobre o caso e
exercitem seu senso crítico. Assim, o professor conseguirá trabalhar temas que
estão relacionados às “mulheres de conforto” — o uso da violência sexual como
arma de guerra, por exemplo — além de poder trabalhar emoções como empatia e
respeito.
Desse modo, ao trazer a sensível
história dessas mulheres através de um curta, narrado por uma das poucas
vítimas que conseguiu sobreviver a essa violência, esse documento consegue
transmitir diversas emoções no espectador — trazendo a história para uma
dimensão afetiva. Para Michèle Lagny (2012), os efeitos emocionais de um
documento audiovisual podem oferecer muito a História do tempo presente.
Como objeto de apoio para
professores que se interessem em ensinar sobre o tema das “mulheres de
conforto” através do curta metragem de animação Her Story, trazemos um plano de aula que pode ser usado do 1° ao 3°
ano do Ensino Médio.
Tabela 1: Plano de aula desenvolvido
para o ensino do caso das “mulheres de conforto”.
PLANO
DE AULA ASSUNTO/TEMA:
O caso das “mulheres de conforto” na Segunda Guerra Mundial. ENSINO:
( ) FUNDAMENTAL ( X
) MÉDIO ANO: 1º ao 3º ano do Ensino Médio CARGA
HORÁRIA: duas aulas de 50 min. |
OBJETIVOS Geral:
●
Estimular a interpretação e o
senso crítico dos alunos através do documentos curta-metragem; ●
Ensinar sobre o caso das “mulheres
de conforto” na Segunda Guerra Mundial Específicos: ●
Investigar a história das “mulheres
de conforto” e seu contexto histórico; ●
Refletir sobre os direitos humanos
em tempos de guerra ●
Debater sobre casos de violência
sexual contra mulheres durante períodos de guerras; ●
Formar a capacidade de analisar e
julgar eventos históricos. |
Procedimentos
Metodológicos |
Primeira aula: ●
Introdução (10 minutos) Apresentar brevemente a história
das “mulheres de conforto”: quem foram, o que aconteceu com elas durante o
período de guerra conhecido como Segunda Guerra Mundial, a luta por justiça
na atualidade. ●
Exibição do curta-metragem de
animação Her Story (11 minutos) ●
Contextualização e perguntas sobre
o curta (15 minutos) ●
Organização de grupos para debate
na aula seguinte (10 minutos) Segunda aula: ●
Revisão da aula anterior, recapitulando a história das “mulheres de
conforto” (10 minutos) ●
Debates em grupo (40 minutos):
cada grupo apresentará sobre os seguintes tópicos que foram divididos na aula
anterior: -Discussão sobre a história das
“mulheres de conforto” -Discussão sobre Direitos Humanos
e Direito das Mulheres através da história das “mulheres de conforto” - Discussão sobre a utilização de
práticas de violência sexual durante épocas de conflitos e/ou instabilidades. |
Recursos |
●
Projetor/ Datashow ●
Slide com informações sobre o caso
●
Documento: curta metragem de
animação Her Story |
Avaliação |
●
Participação do debate feito em
sala de aula. ●
Entrega de um texto que deve
conter o que os alunos aprenderam em sala de aula e qual a opinião deles
sobre o caso das “mulheres de conforto” |
Roteiro
de discussão |
●
Sugestão de questões a serem
propostas: 1.
Quem é o diretor do
curta-metragem? Em que ano foi lançado esse curta? 2.
Você conhecia o caso das “mulheres
de conforto” apresentado no curta de animação? 3.
Você acredita que seja importante
estudar sobre esse caso? Por quê? 4.
O que mais te chamou a atenção
durante o filme? Por quê? ●
Sugestão de textos complementares: -
HQ “Grama” de Keum Suk Gendry-Kim -
“Herdeiras do Mar” de Mary Lynn
Bracht |
Referências
Camilly Evelyn Oliveira Maciel é
Licenciada em História pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Crushed Her Body But Not Her Soul // Viddsee.com. 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eXu_0in6_lM.Acesso
em 13/09/2022.
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FICO, Carlos. História do Tempo
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Camilly Maciel, adorei o seu artigo, principalmente a proposta de aula, mostrando a iniciativa em realmente adotar novos tipos de fonte para contar histórias. Saidiya Hartman tem uma pesquisa imensa sobre Fabulações, (Leia "Vênus em dois atos", 2020 e "Perder a mãe", 2021), que ela define como uma maneira crítica de contar histórias de quem não teve espaço nos arquivos.
ResponderExcluirAcredito que, a história das mulheres-conforto tanto como as histórias das pessoas sequestradas na diáspora africana (a qual a autora acima discute), tratam-se de perspectivas de pessoas que não "venceram", uma perspectiva "fracassada", que deve ser sublimada, segundo histórias ociendentais, coloniais e/ou imperialistas.
Acredito portanto que a linguagem oral, tal como a artística, são as maneiras mais valiosas e "acuradas" de contar histórias não contadas. Também acredito que a "inacuridade" das informações são pistas da própria negligência da perspectiva do vencedor. A falta de arquivo e registro sobre as pessoas subalternizadas apenas denunciam a subalternização e o criminoso.
A pergunta que eu faço agora, é uma pergunta que permeia toda a minha pesquisa também: O Japão nunca pediu desculpas à ela; seu pai morreu na prisão; ela foi escravizada sexualmente e quase assassinada; tudo isso lhe gerou custos inestimáveis. Como ficar com este problema? Existe uma reparação? Existiria uma maneira de renegociar essa dívida?
Obrigada pelo texto!
Laura, muito obrigada pelas recomendações dos textos, com certeza irei ler!
ExcluirEm relação a sua pergunta: realmente, é muito complexo! nada do que eles façam será o suficiente para reparar anos de dor! Acredito assim que a única maneira de renegociar essa dívida histórica é levar as exigências das vítimas em consideração: para além de um pedido de desculpas oficial, é preciso uma divulgação completa dos fatos pelo governo japonês, uma indenização para as sobreviventes e seus familiares e a presença do caso dessas mulheres nos livros de história!
Infelizmente, não vejo essas exigências sendo levadas em consideração, e as poucas sobreviventes estão morrendo, lutando por uma reparação que os governos são indiferentes e fazem pouco caso.
Camilly Evelyn Oliveira Maciel.