Camilly Evelyn Oliveira Maciel

 

UMA HISTÓRIA, MUITAS HISTÓRIAS: A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA ORAL NO ENSINO DO CASO DAS “MULHERES DE CONFORTO” E A UTILIZAÇÃO DO CURTA HER STORY COMO SUPORTE PEDAGÓGICO


Quem foram as “mulheres de conforto”?

O termo "mulheres de conforto" é um eufemismo usado para designar as mulheres que foram submetidas à escravidão sexual pelo Exército Imperial Japonês durante a Segunda Guerra Mundial. Estima-se que entre 80 mil e 200 mil mulheres foram forçadas a servir como escravas sexuais, embora o número exato seja incerto, já que a maioria dos documentos relacionados foi destruída pelos soldados ao final da guerra (Min, 2003).

Mulheres de várias nacionalidades foram forçadas a entrar nesse sistema: chinesas, japonesas, filipinas e tailandesas. Contudo, a maior parte delas (cerca de 80% a 90%) era coreana, pois o Japão, após anos de conflito, ocupou a Coreia em 1910 e a transformou em sua colônia (Soh, 1996). Essas mulheres eram capturadas de diferentes formas: sequestradas, recrutadas à força ou enganadas por falsas promessas de emprego. Uma vez aprisionadas, eram confinadas em bordéis militares, chamados de "casas de conforto", onde eram forçadas a prestar serviços sexuais aos soldados japoneses (Sikka, 2009).

Chung Seo-Woon e a representatividade de tantas outras “mulheres de conforto”

Chung Seo-Woon foi uma das diversas mulheres que foram levadas a servir como “mulher de conforto”, aos dezoito anos de idade. Apenas na terceira idade conseguiu falar sobre os traumas que passou durante a Guerra. Em 1995, representou as sobreviventes na Quarta Conferência Mundial Sobre as “Mulheres de Conforto” que aconteceu em Pequim, China. Por anos, lutou a favor do reconhecimento do caso das “mulheres de conforto” e faleceu em 2004, aos 81 anos, sem ouvir um pedido de desculpas oficial do Japão. Através dos seus testemunhos conseguimos compreender um pouco mais sobre as vivências e violências sofridas por essas mulheres.

Após a derrota do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) na Segunda Guerra Mundial, os japoneses eliminaram o máximo de evidências relacionadas a escravidão sexual, queimando registros militares e até mesmo matando muitas das “mulheres de conforto”. Entretanto, apesar dos esforços desses militares para apagar esse fato, as sobreviventes, os ex-soldados e outras pessoas que estiveram envolvidas ou viram de perto o sistema de conforto, através de suas memórias, foram capazes de relatar suas vivências e o modo como algumas estações funcionavam.

Infelizmente, devido a pouca quantidade de registro que foram preservados e a morte de muitas “mulheres de conforto”, é impossível saber alguns fatos, como por exemplo, o número de meninas/mulheres que foram recrutadas para fazer parte do sistema de conforto, porém, graças aos diversos estudos e relatos, pesquisadores conseguiram analisar melhor esse lado esquecido da história. Para  Howard (1995, p. 24-25): “Muitos dos detalhes relativos ao funcionamento do sistema de mulheres de conforto, incluindo a sua escala global, ainda não foram descobertos. No entanto, conseguimos descobrir uma série de factos sobre as mulheres de conforto militares japonesas a partir de documentos militares, dos testemunhos de antigos soldados e através de um exame minucioso dos relatos das próprias ex-escravas sexuais.”

De acordo com Carlos Fico (2012, p. 47), após as duas guerras mundiais, tem-se a introdução dos relatos testemunhais como “um dado essencial para a compreensão daqueles conflitos”. Ou seja, houve-se a necessidade da utilização de fontes orais para o entendimento de certos períodos, principalmente aqueles ligados a eventos traumáticos, onde, geralmente, os relatos são das próprias vítimas — que possuem como intuito evitar o esquecimento (Fico, 2012) — e, no caso das “mulheres de conforto”, lutar por justiça.

Assim, através do testemunho das sobreviventes podemos entender, em um contexto geral, o que passaram as diversas “mulheres de conforto”, organizando e estudando as similaridades e diferenças das vivências dessas mulheres dentro de cada estação. O curta-metragem foi feito utilizando o relado de Chung Seo-Woon, que durante sua trajetória de vida, deu diversas entrevistas e depoimentos sobre seu tempo como “mulher de conforto”, apesar das constantes dificuldades em reviver os traumas do passado.

O testemunho de Seo-Woon está presente, por exemplo, no livro “Stories that Make History: The Experience and Memories of the Japanese Military› Comfort Girls-Women”, editado pelo Research Team of the War & Women’s Human Rights Center e pelo The Korean Council for the Women Drafted for Military Sexual Slavery by Japan, que traz o depoimento de 12 vítimas do sistema de conforto do exército japonês. Esse livro foi escrito como “uma resposta a um vazio nessas histórias publicadas em outros idiomas além do coreano” (The Research Team of the War & Women’s Human Rights Center; The Korean Council for the Women Drafted for Military Sexual Slavery by Japan, 2020, p. 7) e traz um importante debate — uma questão estudada pelos próprios historiadores — sobre os testemunhos das sobreviventes e a subjetividade presente neles.

Segundo o Time de Pesquisa War & Women’s Human Rights Center e a Korean Council (2020, p. 31): “as histórias orais das vítimas sobreviventes do conforto militar japonês, meninas-mulheres, têm sido a evidência mais atraente para trazer à luz o conforto problema das meninas-mulheres como uma questão social no nosso tempo e ao pedir ao Japão que assuma a responsabilidade pelas suas ações. É crucial incluir as vozes dos sobreviventes no ativismo para resolver a questão do conforto militar japonês meninas-mulheres.

Há um debate ainda presente dentro da comunidade acadêmica sobre a utilização de fontes orais, no que diz respeito à credibilidade dessas fontes, uma vez que algumas podem apresentar distorções — o próprio caso da história da Chung Seo-Woon é um exemplo: em alguns relatos, como no próprio curta-metragem aqui utilizado, Chung diz que foi levada aos quinze anos de idade, entretanto, em uma entrevista feita em 1995, ela alegou ter sido enganada aos dezoito anos de idade. Os pesquisadores consideraram as declarações da entrevista de 1995 verdadeiras uma vez que, “o Japão ocupou a Indonésia em Dezembro de 1941” (The Research Team of the War & Women’s Human Rights Center; The Korean Council for the Women Drafted for Military Sexual Slavery by Japan, 2020, p. 66).

Entretanto, é de fundamental importância entender que dentro da história dos excluídos/marginalizados da História, os defensores da fonte oral ressaltam a importância dessas “memórias subterrâneas” (Pollak, 1989). Para Marieta Moraes, essas distorções ou faltas de veracidade presentes nos depoimentos, podem (e devem) ser encaradas como uma fonte adicional para a pesquisa, não como uma característica negativa da História Oral, ou seja, é necessário reconhecer a subjetividade dentro desses relatos (Moraes, 2002).

Apresentando a mesma opinião de Moraes, a equipe do The Research Team of The War & Women’s Human Rights Center e da Korean Council (2020, p. XIII), comenta que, “ambivalência, no entanto, é a principal característica das histórias das doze meninas-mulheres de conforto deste livro. [...] a equipe de pesquisa se esforçou ao máximo para compilar histórias coerentes. Espera-se que essas meninas-mulheres de conforto esqueçam alguns detalhes de seu recrutamento, transporte e vida em um posto de conforto e de seu retorno para casa [...]”.

Assim, como historiadores e/ou pesquisadores é de fundamental importância entender que  “precisamos [...] ouvir as histórias incoerentes, ouvindo tanto o que é contado como o que não é dito” (The Research Team of the War & Women’s Human Rights Center; The Korean Council for the Women Drafted for Military Sexual Slavery by Japan, 2020, p. XV). Uma vez que as experiências subjetivas que essas histórias trazem são de fundamental importância no estudo da História Contemporânea.

Além disso, precisa-se levar em consideração que muitas histórias são carregadas de traumas, como é o caso das “mulheres de conforto”. De acordo com Pollak (1989), em “uma análise de conteúdos” de, em média, quarenta relatos de mulheres sobreviventes do campo de concentração de Auschwitz Birkenau, revelam que ao mesmo tempo que essas mulheres tinham vontade de testemunhar sua história, elas também queriam esquecer esse passado e ter uma vida “normal”.

Mark Roseman (2000), em seu paper “Memória sobrevivente: verdade e inexatidão nos depoimentos sobre o Holocausto”, nos apresenta sua experiencia ao escrever a biografia de Marianne Ellenbogen — uma sobrevivene do holocausto nazista — onde percebeu que as lembranças de Marianne, e de outros sobreviventes, eram “imprecisas e mudaram com o passar do tempo”. (Roseman, 2000, p. 123). O pesquisador afirma que “na essência, as lembranças de Marianne são quase totalmente confirmadas por outras fontes” e que a existência da imprecisão das lembranças de Marianne, de modo algum ameaçou seu depoimento, Segundo ele, “em vez disso, mostram como a memória vagueia em torno de um núcleo incontrolável, tentando manter experiências traumáticas sob alguma espécie de controle. (Roseman, 2000, p. 130-131).

Para a equipe do The Research Team of The War & Women’s Human Rights Center e da Korean Council (2020, p. XV; p.3-6), é preciso estar atento “sobre como a escravidão sexual altera a vida de uma pessoa para sempre e inevitavelmente” Segundo eles, “para muitas das meninas-mulheres de conforto sobreviventes, o seu passado continuou a ser uma experiência vergonhosa que deveriam manter escondida nos seus corações até à sua morte. Muitas vezes culpavam-se e sentiam-se culpadas por viverem uma vida enganosa, escondendo o segredo dos maridos e dos filhos. Essa ansiedade interna, mesmo hoje, cerca de sessenta anos depois da experiência, ainda se manifesta em pesadelos ou doenças mentais como a esquizofrenia”. Assim, o time de pesquisa precisou estudar formas de abordar um assunto tão delicado para as vítimas e organizar o enredo da entrevista de acordo com cada entrevistada, organizando da melhor maneira as memórias dessas sobreviventes

Dentro do caso das “mulheres de conforto” também é preciso considerar a idade que essas sobreviventes tinham quando a história veio à tona e foi necessário o testemunho delas. Já na terceira idade, carregando doenças tanto físicas quanto mentais — Chung Seo-Woon, por exemplo, possuia Woolhwabyung, um distúrbio mental/emocional resultante de raiva ou estresse reprimido — a própria memória dessas mulheres estava comprometida pelo tempo e por doenças. Comentando sobre a entrevista que teve com a sobrevivente, o entrevistador diz: “pude encontrar na história de Chung Seo-un um cansaço em relação a um passado sobre o qual ela odiava a menor lembrança” (The Research Team of the War & Women’s Human Rights Center; The Korean Council for the Women Drafted for Military Sexual Slavery by Japan, 2020, p.79- 82).

O curta de animação Her Story utilizado como meio para ensinar sobre o caso das “mulheres de conforto”.

Her Story é um curta-metragem de animação, cujo título original é So-nyeo-i-ya-gi (소녀이야기), que pode ser traduzido como “a história dela”. Dirigido e produzido em 2011 pelo cineasta sul-coreano Kim Jun-Ki, o curta contou com o apoio do Seoul Animation Center, da ChungKang College of Cultural Industries e do Korean Council for the Women Drafted for Military Sexual Slavery by Japan.

A Segunda Guerra Mundial é um dos assuntos que mais despertam interesse entre os jovens estudantes, entretanto, pouco se estuda sobre alguns crimes de guerra que aconteceram nesse período, além do Holocausto. Estudar sobre o caso das “mulheres de conforto” auxilia no estudo de diversos temas de extrema importância para a nossa sociedade. Segundo Margaret D. Stetz (2003, p. 18), em seu artigo Teaching ‘Comfort Women’ Issues in Women's Studies Courses “ensinar a história das “mulheres de conforto” e dos esforços de organização que cresceram em torno delas pode ajudar a expressar solidariedade com as mulheres que merecem apoio; fazer com que uma nova geração de academicos leve a sério as suas experiências de violência sexual é o mínimo que estas mulheres merecem.

Para além dos motivos voltados para o suporte à essas vítimas — como o reconhecimento e apoio a suas lutas e reivindicações — ensinar sobre o caso das “mulheres de conforto” é necessário para entender as complexas relações entre o Japão e seus países vizinhos, além de também auxiliar na compreensão das dinâmicas de poder e militarismo presentes na História Contemporânea.

Na atualidade, com a crescente onda de conservadorismo, militarismo e fascínio por conflitos, é necessário educar os jovens sobre assuntos como violências praticadas durante períodos de instabilidades sociopolíticas, como as guerras. É importante que os alunos possuam conhecimentos sobre os horrores da guerra, principalmente no que tange aos direitos e segurança das mulheres. Segundo Stetz (2003, p. 18), é preciso ensinar que “tanto o processo de militarização como os seus resultados finais são prejudiciais para a vida das mulheres em todo o mundo” e, desse modo, desconstruir narrativas militaristas que glorificam a guerra.

Com a história das “mulheres de conforto” também é possível educar os jovens sobre a importância dos Direitos Humanos e sobre a promoção e apoio ao direito das mulheres — o que os leva a combater a desigualdade de gênero, a misógina e a violência sexual. Assim, produzimos uma educação que sensibiliza os alunos e eleva seu senso crítico.

Por trazer uma história com tantos recursos audiovisuais — com a animação percorrendo a história enquanto a protagonista narra sua vida — o curta Her Story pode ser utilizado como uma excelente ferramenta didática para ensinar sobre o caso das “mulheres de conforto”. De acordo com Pollak (1989, p.11), “ainda que seja tecnicamente difícil ou impossível captar todas essas lembranças em objetos de memória confeccionados hoje, o filme é o melhor suporte para fazê-Io: de onde seu papel crescente na formação e reorganização, e portanto no enquadramento da memória. Ele se dirige não apenas às capacidades cognitivas, mas capta as emoções.

Os filmes de curta-metragem se mostram eficientes como recursos didáticos ao entregarem uma história com uma duração de tempo curta — o que os tornam excelentes para serem usados em sala de aula. Her Story, com apenas 10 minutos e 55 segundos, consegue introduzir de forma sucinta, a história dessas vítimas.

Desse modo, esse filme pode ser utilizado como recurso tanto no Ensino Básico como no Superior, em aulas cujos temas tratem, por exemplo, da Segunda Guerra Mundial, dos Direitos Humanos, da violência contra a mulher, da utilização do audiovisual na educação, entre outros temas alinhados a esses eixos. Assim, é notório como o ensino sobre o caso das mulheres de conforto pode ser utilizado em outros campos além da história, como a sociologia, a filosofia e a comunicação social.

Em um primeiro momento, o professor deve buscar por conhecimentos prévios dos alunos — como, por exemplo, o que eles sabem sobre a história do Extremo Oriente durante o período da Segunda Guerra Mundial; sobre as relações instáveis entre o Japão e outros países vizinhos, como as duas Coréias, devido ao imperialismo japonês ou se eles já tinham visto o caso das “mulheres de conforto” em outro local. (Krishna, 2021).

Logo depois, o professor pode dar uma introdução a respeito da história das “mulheres de conforto”, explicando aos alunos como funcionava o sistema de conforto japonês durante a Guerra e o que aconteceu com as mulheres vítimas do sistema no pós guerra.

Após a exibição do curta-metragem de animação Her Story, é importante que o professor abra espaço para questionamentos e debates sobre o conteúdo do curta. Uma vez que, é importante que os alunos reflitam sobre o caso e exercitem seu senso crítico. Assim, o professor conseguirá trabalhar temas que estão relacionados às “mulheres de conforto” — o uso da violência sexual como arma de guerra, por exemplo — além de poder trabalhar emoções como empatia e respeito.

Desse modo, ao trazer a sensível história dessas mulheres através de um curta, narrado por uma das poucas vítimas que conseguiu sobreviver a essa violência, esse documento consegue transmitir diversas emoções no espectador — trazendo a história para uma dimensão afetiva. Para Michèle Lagny (2012), os efeitos emocionais de um documento audiovisual podem oferecer muito a História do tempo presente.

Como objeto de apoio para professores que se interessem em ensinar sobre o tema das “mulheres de conforto” através do curta metragem de animação Her Story, trazemos um plano de aula que pode ser usado do 1° ao 3° ano do Ensino Médio.

Tabela 1: Plano de aula desenvolvido para o ensino do caso das “mulheres de conforto”.

PLANO DE AULA

ASSUNTO/TEMA: O caso das “mulheres de conforto” na Segunda Guerra Mundial.

ENSINO: ( ) FUNDAMENTAL  ( X ) MÉDIO   ANO: 1º ao 3º ano do Ensino Médio                  

CARGA HORÁRIA: duas aulas de 50 min.

OBJETIVOS

Geral:

     Estimular a interpretação e o senso crítico dos alunos através do documentos curta-metragem;

     Ensinar sobre o caso das “mulheres de conforto” na Segunda Guerra Mundial

Específicos:

     Investigar a história das “mulheres de conforto” e seu contexto histórico;

     Refletir sobre os direitos humanos em tempos de guerra

     Debater sobre casos de violência sexual contra mulheres durante períodos de guerras;

     Formar a capacidade de analisar e julgar eventos históricos.

Procedimentos Metodológicos

Primeira aula:

     Introdução (10 minutos)

Apresentar brevemente a história das “mulheres de conforto”: quem foram, o que aconteceu com elas durante o período de guerra conhecido como Segunda Guerra Mundial, a luta por justiça na atualidade.

     Exibição do curta-metragem de animação Her Story (11 minutos)

     Contextualização e perguntas sobre o curta (15 minutos)

     Organização de grupos para debate na aula seguinte (10 minutos)

Segunda aula:

     Revisão da aula anterior,  recapitulando a história das “mulheres de conforto” (10 minutos)

     Debates em grupo (40 minutos): cada grupo apresentará sobre os seguintes tópicos que foram divididos na aula anterior:

-Discussão sobre a história das “mulheres de conforto”

-Discussão sobre Direitos Humanos e Direito das Mulheres através da história das “mulheres de conforto”

- Discussão sobre a utilização de práticas de violência sexual durante épocas de conflitos e/ou instabilidades.

Recursos

     Projetor/ Datashow

     Slide com informações sobre o caso

     Documento: curta metragem de animação Her Story

Avaliação

     Participação do debate feito em sala de aula.

     Entrega de um texto que deve conter o que os alunos aprenderam em sala de aula e qual a opinião deles sobre o caso das “mulheres de conforto”

Roteiro de discussão

     Sugestão de questões a serem propostas:

1.    Quem é o diretor do curta-metragem? Em que ano foi lançado esse curta?

2.    Você conhecia o caso das “mulheres de conforto” apresentado no curta de animação?

3.    Você acredita que seja importante estudar sobre esse caso? Por quê?

4.    O que mais te chamou a atenção durante o filme? Por quê?

     Sugestão de textos complementares:

-       HQ “Grama” de Keum Suk Gendry-Kim

-       “Herdeiras do Mar” de Mary Lynn Bracht

 

Referências

Camilly Evelyn Oliveira Maciel é Licenciada em História pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Crushed Her Body But Not Her Soul // Viddsee.com. 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eXu_0in6_lM.Acesso em 13/09/2022.

FERREIRA, Marieta de Moraes. História, tempo presente e história oral. Topoi (Rio de Janeiro), v. 3, n. 5, p. 314-332, 2002.

FICO, Carlos. História do Tempo Presente, eventos traumáticos e documentos sensíveis: o caso brasileiro. Varia história, v. 28, p. 43-59, 2012.

HER STORY. Imdb.com. Disponível em: https://m.imdb.com/title/tt2087946/. Acesso em: 12/07/2024.

HICKS, George. The comfort women: Japan’s brutal regime of enforced prostitution in the Second World War. WW Norton & Company, 1997.  

HOWARD, Keith. True stories of the Korean comfort women. 1995.

LAGNY, Michèle. Imagens audiovisuais e história do tempo presente. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 4, n. 1, p. 23–44, 2012. DOI: 10.5965/2175180304012012023. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180304012012023. Acesso em: 03/03/2024

LUCHETTI, Krishna. A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL A PARTIR DAS MEMÓRIAS DA VOVÓ OK-SUN LEE: HISTÓRIA EM QUADRINHOS “GRAMA” COMO RECURSO DIDÁTICO. In: Bueno, André [org.] Mundos em Movimento: Orientalismo. Rio de Janeiro: Projeto Orientalismo/UERJ, 2021. p. 92-98.

MIN, Pyong Gap. Korean “Comfort Women”the intersection of colonial power, gender, and class”. Gender & Society, v. 17, n. 6, p. 938-957, 2003.

OKAMOTO, Julia Yuri. As Mulheres de Conforto na Guerra do Pacífico. Revista de Iniciação Científica de Relações Internacionais, v. 1, n. 1, 2013.

PARRILHA, Ariel da Silva. As “mulheres de conforto” coreanas e a violência sexual estratégica: uma análise. Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/236504>.

POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Revista estudos históricos, v. 2, n. 3, p. 3-15, 1989.

RESEARCH TEAM OF THE WAR & WOMEN’S HUMAN RIGHTS CENTER; THE KOREAN COUNCIL FOR THE WOMEN DRAFTED FOR MILITARY SEXUAL SLAVERY BY JAPAN. Stories that Make History: The Experience and Memories of the Japanese Military› Comfort Girls-Women‹. De Gruyter, 2020.

ROSEMAN, Mark. Memória sobrevivente: verdade e inexatidão nos depoimentos sobre o holocausto. História oral: desafios para o século XX. Rio de Janeiro: Fiocruz, p. 122-134, 2000.

SIKKA, Nisha. The official marginalization of comfort women. Honours Thesis. Communications 498. Simon Fraser University. December 11, 2009. (33 fls.) [Disponível em: http://summit.sfu.ca/item/15225].

SOH, Chunghee Sarah. The comfort women: sexual violence ad postcolonial memory in Korea and Japan. Chicago: The University of Chicago Press, 2008.

STETZ, Margaret D. Teaching" Comfort Women" Issues in Women's Studies Courses. Radical Teacher, n. 66, p. 17, 2003.

2 comentários:

  1. Camilly Maciel, adorei o seu artigo, principalmente a proposta de aula, mostrando a iniciativa em realmente adotar novos tipos de fonte para contar histórias. Saidiya Hartman tem uma pesquisa imensa sobre Fabulações, (Leia "Vênus em dois atos", 2020 e "Perder a mãe", 2021), que ela define como uma maneira crítica de contar histórias de quem não teve espaço nos arquivos.

    Acredito que, a história das mulheres-conforto tanto como as histórias das pessoas sequestradas na diáspora africana (a qual a autora acima discute), tratam-se de perspectivas de pessoas que não "venceram", uma perspectiva "fracassada", que deve ser sublimada, segundo histórias ociendentais, coloniais e/ou imperialistas.

    Acredito portanto que a linguagem oral, tal como a artística, são as maneiras mais valiosas e "acuradas" de contar histórias não contadas. Também acredito que a "inacuridade" das informações são pistas da própria negligência da perspectiva do vencedor. A falta de arquivo e registro sobre as pessoas subalternizadas apenas denunciam a subalternização e o criminoso.

    A pergunta que eu faço agora, é uma pergunta que permeia toda a minha pesquisa também: O Japão nunca pediu desculpas à ela; seu pai morreu na prisão; ela foi escravizada sexualmente e quase assassinada; tudo isso lhe gerou custos inestimáveis. Como ficar com este problema? Existe uma reparação? Existiria uma maneira de renegociar essa dívida?

    Obrigada pelo texto!

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    1. CAMILLY EVELYN OLIVEIRA MACIEL6 de dezembro de 2024 às 21:37

      Laura, muito obrigada pelas recomendações dos textos, com certeza irei ler!

      Em relação a sua pergunta: realmente, é muito complexo! nada do que eles façam será o suficiente para reparar anos de dor! Acredito assim que a única maneira de renegociar essa dívida histórica é levar as exigências das vítimas em consideração: para além de um pedido de desculpas oficial, é preciso uma divulgação completa dos fatos pelo governo japonês, uma indenização para as sobreviventes e seus familiares e a presença do caso dessas mulheres nos livros de história!
      Infelizmente, não vejo essas exigências sendo levadas em consideração, e as poucas sobreviventes estão morrendo, lutando por uma reparação que os governos são indiferentes e fazem pouco caso.

      Camilly Evelyn Oliveira Maciel.

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