Caio Cézar Busani

 

GANESHA MERGULHA NO TEJO: PRÁTICA DO HINDUÍSMO EM LISBOA


 

Neste artigo, apresento um relato etnográfico da comemoração do Ganapati Visarjan pela Comunidade Hindu de Portugal [CHP], sediada na cidade de Lisboa. Esta festividade é o ápice e último dia, de uma série de comemorações e rituais que os devotos fazem em homenagem ao deus Ganesha. Se trata de uma comemoração popular e muito comum em toda a Índia, o que faz com que as comunidades diaspóricas hindus reproduzam essa tradição nos diferentes territórios que passam a habitar. A partir de um olhar antropológico e de minha observação participante no templo Radha Krishna [localizado na sede da CHP] em Lisboa, mostrarei como esta comunidade hindu adapta suas práticas religiosas à realidade europeia, buscando criar uma sensação de “estar em casa” [homemaking], mantendo viva suas tradições, ritos e crenças. Além disso, pode-se perceber a maneira como o hinduísmo, praticado por esses adeptos em diáspora, incorpora elementos locais, se adaptando às necessidades que surgem, devido a nova configuração sociocultural.

 

Ganesha e a CHP

O deus Ganesha é uma das divindades mais populares da Índia. Ele é filho do deus Shiva com a deusa Parvati. Sua representação é a de um jovem corpulento, com uma barriga avantajada e uma cabeça de elefante. Sendo esse último, seu traço mais marcante. Sua principal função dentro da cosmovisão hindu é a de retirar os obstáculos e dificuldades da vida dos seres humanos [Fuller, 2004, p.34]. Por isso, é comum que os sacerdotes orem e entoem mantras para Ganesha no início de cada ritual. Isto é feito com o intuito de remover todo e qualquer empecilho que possa acontecer, garantindo que o rito seja realizado da melhor forma possível. Também é muito comum ver imagens dessa divindade na frente de comércios e casas de devotos hindus, para que o local esteja protegido e sempre abençoado. Dessa maneira, Ganesha é um deus que é adorado por distintas linhagens e tradições do hinduísmo. Por isso, pode-se afirmar que essa divindade transpõe as diferentes manifestações da religião hindu, se fazendo presente em vários cultos e crenças da mesma.

 

No calendário hindu há a comemoração do nascimento de Ganesha. Esse evento é chamado de Ganesha Chaturthi. Nessa data, os devotos adoram essa divindade por nove dias consecutivos, através de altares domésticos, onde se coloca como principal deidade uma estátua de Ganesha, confeccionada pelos próprios devotos. Essa estátua é geralmente feita de argila e barro. No décimo e último dia, os ídolos confeccionados por cada família/devoto são levados a um templo, onde são ofertados à eles os elementos padrões do ritual de puja [lamparinas, incensos, guirlandas de flores e água], doces e demais alimentos que são considerados do agrado de Ganesha. Após isso, os devotos levam seus ídolos para fora do templo, acompanhados de demais adeptos. Logo, forma-se uma procissão, em que mantras e músicas são cantadas em homenagem ao deus com cabeça de elefante. Por fim, as estátuas feitas pelos devotos são atiradas a um corpo d'água, dando fim a comemoração. Este último dia é chamado de Ganapati Visarjan. Significa que é o dia em que Ganapati [um dos nomes dessa divindade] é fundido ou se torna imerso [visarjan] com o Todo, a fonte divina original para onde todos devem voltar. Essa fonte originária é representada pelo corpo d'água, no qual os ídolos de barro são submergidos, podendo ser um rio, mar ou tanque.

 

Por ser uma divindade muito popular entre os adeptos do hinduísmo, suas celebrações são mantidas e reproduzidas por imigrantes hindus, nos países em que eles se estabelecem. No caso de Portugal, isso não é diferente. Um grande número de hindus migraram para a cidade de Lisboa na década de 1970, vindos do Moçambique [Lourenço, 2020, p. 1299]. Ainda em África, essa comunidade mantinha suas práticas religiosas, que continuam vivas com a mudança para o solo lusitano. No ano de 1985, foi fundada a Comunidade Hindu de Portugal [CHP]. Essa associação foi criada por um grupo de indivíduos provenientes do estado indiano do Gujarate, seguidores da linhagem vaisnava [aqueles que adoram o deus Visnu e seus avataras]. Para que pudessem construir uma identidade sólida, foi necessário agregar outros imigrantes hindus, de diferentes vertentes, na nova comunidade que se formava. Como explica Inês Lourenço sobre a formação dessa comunidade: “Therefore in order to establish a harmonious relationship within the community and ensure its common identity, they negotiate social, economic and religious differences” [Lourenço, 2020, p. 1301].

 

Essas negociações são comuns de acontecerem em grupos de imigrantes que buscam manter vivas as suas tradições fora de seu território originário. Para isso, concessões são feitas e adaptações são estabelecidas para que as práticas ancestrais possam ser reproduzidas. Além disso, é recorrente o entrelaçamento com a cultura local. Ou seja, forma-se assim, uma nova maneira de exercer as tradições, que incorpora as práticas e hábitos do novo território. Tudo isso, se faz necessário, para que a comunidade possa se integrar da melhor maneira possível ao novo país em que está habitando. Há a necessidade desses indivíduos de criar a sensação de “estar em casa”, ou “homemaking”, como coloca Ruben Gowricharn: “Homemaking presupposes group formation, rooting in a new homeland while creating a new culture, yet retaining bonds with the old homeland[…] Homemaking is therefore a multiple process that requires specification each and every time” [Gowricharn, 2020, p.5]. No mesmo texto, o autor ainda expõe sobre a utilidade que tais instituições têm para as comunidades diaspóricas. É a partir dessas instituições formais que os imigrantes conseguem se integrar melhor na sociedade receptora. Tais instituições étnicas acabam por facilitar a incorporação dos imigrantes ao novo país. [Gowricharn, 2020, p.4]

 

Assim, desde sua fundação, a CHP e seus integrantes agiram de forma a manter viva as tradições hindus da região do Gujarate. Mas buscam, para além disso, englobar também demais práticas de outras vertentes do hinduísmo. Por isso, em 1995 a comunidade construiu o templo Radha Krishna, que tem como deidade principal avataras do deus Visnu. No entanto, demais altares foram construídos no mesmo salão, com outras divindades, para que todos os adeptos pudessem se sentir representados. Festividades que celebram esses outros deuses também são observadas pelo templo e pela comunidade da CHP. Criando assim, um sentimento maior de pertencimento e coletividade entre os frequentadores. E Ganesha é um desses deuses, presente nos outros altares do templo. Sua principal comemoração não é esquecida por essa instituição e é mantida pelos seus devotos.

 

Ganesha mergulha no Tejo

No dia 15 de setembro de 2024, eu chego ao templo Radha Krishna, por volta das nove horas da manhã. Horário em que estava marcado o início da cerimônia do Ganapati Visarjan. Ao adentrar o grande salão do templo, percebo que homens e mulheres sentam em lados opostos, como é o costume nos diversos ritos e celebrações dessa comunidade. Busco uma cadeira para me sentar junto aos homens, percebo e aceno para algumas pessoas que já me conheciam, devido ao meu trabalho de campo nesse local. Os músicos já estavam situados em seu palco, localizado ao lado direito dos altares, cantando mantras com instrumentos característicos dos bhajans hindus (tabla, harmônium e kartalas).

Noto que toda a decoração do salão está voltada para o deus com cabeça de elefante. Seu nome é presente em diversas faixas que decoram o local, além de imagens dessa divindade que são penduradas pelas paredes de mármore. O altar do templo dedicado à Ganesha encontra-se especialmente decorado para este dia. A deidade é ornada com grandes guirlandas de flores e a sua frente são postas oferendas de alimentos e frutas. Também, próximo do altar, está uma mesa onde um Ganesha de barro se encontra. Esse, com aproximadamente 30 centímetros, foi confeccionado pelo sacerdote, e ali está para representar a comunidade. Já que nem todos puderam fazer o seu próprio ídolo de argila.

De frente para o altar, estão sentadas no chão em grandes colchonetes, crianças pequenas, com idades entre 5 e 10 anos. A maioria delas é acompanhada pelos pais. Todas tem à sua frente um pequeno Ganesha de argila [com aproximadamente 10 centímetros], que foi confeccionado pelas mesmas, durante os nove dias anteriores. Logo, observo que o sacerdote do templo, empresta a cada uma delas um prato de cobre, com pequenos copos do mesmo material, que serão utilizados como parafernália para a adoração de seus ídolos feitos a mão. O sacerdote, com o microfone do templo, explica para as crianças e para os pais, como será o ritual e o que eles devem fazer, bem como os mantras que deverão repetir.

Aqui, fica clara a função do templo em reproduzir as tradições dessa comunidade, mas também transmiti-las para as novas gerações. Pois, sabe-se que em território indiano os costumes religiosos são passados no âmbito doméstico, através da convivência com os pais e avós. Em um conceito de diáspora esse modelo se torna inviável. Assim, o templo se apresenta como uma solução para a propagação das tradições aos mais novos. “The temple as a locality and as an institution grew into a central spot, a place of religious transmission and of socializing” [Baumann, 2009, p.166]. Dessa maneira, a introdução das crianças ao universo simbólico e religioso do hinduísmo passa a acontecer dentro do templo, sob a organização dos sacerdotes e integrantes da instituição.

Seguindo o ritual, o sacerdote, com o microfone em mãos, entoa os mantras sagrados em homenagem e louvor a Ganesha. Os pais e crianças à frente repetem após o líder espiritual. As demais pessoas presentes observam a performance ritualística sendo feita, batendo palmas ritmadas em alguns momentos, quando os músicos voltam a cantar. As crianças, imitam o sacerdote, acendem incensos e pequenas lamparinas, e oferecem a seus pequenos ídolos de barro. Pegam, por exemplo, um incenso aceso e fazem movimentos circulares com o mesmo ao redor da deidade. Assim como fazia o sacerdote com a deidade maior de barro do templo. Além desses elementos, algumas frutas, cereais e grãos são ofertadas dessa maneira durante o rito.

Um dos meus interlocutores, frequentador desse templo, me explicou que esse ritual, no décimo dia de celebração, tem a função de justamente pedir a Ganesha que se faça presente nas pequenas estátuas das crianças. Para que assim, eles pudessem adorá-lo e venerá-lo. Nesse sentido, o rito se mostra como um dos elementos essenciais para a devoção nessa religiosidade. Pois, é mediante a prática ritual que a divindade se faz presente nos ídolos construídos pelos devotos. Em outras palavras, é o rito que dá vida às deidades [Baumann e Wilke, 2023, p.314]. Embora possam ocorrer adaptações e pequenas alterações na maneira como o ritual é feito, ele se mantém baseado naquilo que os indivíduos praticam em suas terras natais. Dessa forma, o rito é mantido vivo seguindo diretrizes do lugar de origem, tais como datas, elementos ofertados, etc. Ao mesmo passo, em que se adapta às necessidades do novo local. Isso é muito comum nas comunidades hindus em diásporas que buscam manter sua religiosidade e ritualística.

Após o procedimento ritual as crianças colocam seus pequenos Ganeshas na mesa, junto ao grande Ganesha de barro do templo. Logo, todos ali presentes, são convidados pelo sacerdote a formar uma fila, para que possam pegar um ladoo [doce considerado como o favorito da divindade] de uma pilha e ofertar aos ídolos de barro, postos na mesa. Dessa maneira, todos aqueles que estão no templo, não só participam da performance ritual, mas, sobretudo, tem a oportunidade de adorar o deus Ganesha, fazendo assim seus pedidos, orações e agradecimentos. Prontamente, levanto do meu assento e junto-me a fila de devotos. Ofertando o ladoo à todos aqueles Ganeshas de argila, prestando respeito a este local de aprendizado e agradecendo pela oportunidade. Depois de todos terem ofertado os doces aos Ganeshas de argila, cada uma das crianças pegou sua respectiva estátua, enquanto que o sacerdote segurou acima de sua cabeça o ídolo de barro maior. Os músicos, que já estavam preparados, começam a tocar de pé, os mantras apropriados, ao mesmo tempo em que formam uma pequena procissão, seguidos das crianças e do sacerdote com os Ganeshas. Os demais frequentadores, assim como eu, seguem essa procissão, que saiu do templo e começou a andar em direção ao grande pátio externo do prédio. Todos cantavam, batiam palmas e dançavam ao som dos instrumentos musicais, bem como repetiam os mantras tocados pelos músicos.

Estando do lado de fora do templo, a procissão se direciona para o centro do pátio, onde avisto um grande tonel de plástico, com um diâmetro em torno de cem centímetros. O tonel estava cheio de água e logo entendi que lá seria o local de destino dos Ganeshas de argila. Aos poucos, de maneira ordenada, as crianças se organizam em fila, liderados pelo sacerdote, em frente ao tonel. Os demais devotos se põe ao redor do corpo d’água, cantando e dançando sem parar. Carregando o grande Ganesha de barro sobre a cabeça, o sacerdote o ergue ainda mais alto com os braços esticados e entoa em voz alta: Ganapati Bappa Moryia!

Uma expressão que me foi explicada mais tarde, sendo comumente usada pelos devotos para louvar o deus com cabeça de elefante e lembrar que ele é o grande removedor de obstáculos na vida dos humanos. Ao dizer isso, todos os demais repetiam em voz alta “Ganapati Bappa Moryia!”. E calmamente, o sacerdote mergulha o Ganesha de argila do templo no tonel com água. Após ele, todas as crianças, uma a uma, deixam seus pequenos ídolos de barro dentro do recipiente. Enquanto isso é feito, os devotos presentes no rito, molham suas mãos e levam a água à testa e à cabeça, como forma de serem abençoados pelo deus Ganesha. Já que agora, aquela era uma água sagrada. Pois, continha o próprio deus removedor de obstáculos nela. Se antes ele habitava as estátuas dos jovens devotos, ao ser dissolvido ele torna-se presente no líquido dentro barril. Este sendo o fim do ritual, a música foi parando e, aos poucos, os devotos foram se encaminhando em direção ao salão. Lá, foi servida a prasada, alimento sagrado, oferecido aos adeptos após celebrações como essa. No caminho, um dos meus interlocutores, nascido em Portugal, mas filho de pais indianos, explicou-me que depois da cerimônia, as águas daquele tonel serão jogados no rio Tejo. Então, de alguma forma, Ganesha estaria feliz ao brincar e mergulhar nesse importante rio da cidade de Lisboa, tal qual o faz nos rios sagrados da Índia.

Conclusão

Podemos perceber que há um movimento das populações diaspóricas de manter vivas suas crenças e práticas. Os ritos mostram possuir uma portabilidade, tendo uma continuação transnacional entre diferentes culturas e contextos sociais [Hüwelmeier e Krause, 2010]. Ao se estabelecer em um novo país, instituições formais facilitam esses indivíduos a se reunir e organizar a forma como reproduzirão sua cultura em um novo contexto. No caso dos hindus em Lisboa, por mais que tenham práticas originárias voltadas para o ambiente doméstico, a existência de um prédio ou templo [exclusivamente dedicado às suas manifestações culturais] se torna um local mais propício para praticar sua religião e transmiti-la aos mais novos. Além disso, ocorre a incorporação de componentes da cultura receptora, bem como uma busca por pertencimento no novo território. Dinâmicas, elementos e datas das celebrações são modificadas, mas os parâmetros da terra natal seguem como norteadores daquilo que essa população irá manter e adaptar, referente à sua visão de mundo e religiosidade.

 

Referências

Caio Cézar Busani é doutorando em Antropologia no ISCTE – Lisboa e faz parte do CRIA [Centro em Rede para Investigação em Antropologia] atuando no NAR [Núcleo de Antropologia da Religião].

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BAUMANN, WILKE, Martin e Annette. 2023. “The Hindu Temple in The Diasporas”. In KNUT, Jacobsen. “Hindu Diasporas”. Oxford Press. 2023.

FULLER, Christopher. “The Camphor Flame: Popular Hinduism and Society in India”. Princeton University Press. 2004.

GOWRICHARN, Ruben. “Multiple Homemaking. The Ethnic Condition in Indian Diaspora Societies”. New York, NY. Routledge. 2021.

HÜWELMEIER, KRAUSE, Gertrud e Kristine [orgs.]. “Traveling Spirits: Migrants, Markets and Mobilities”. Oxford/New York: Routledge, 2010.

LOURENÇO, Inês. “Chapter 54: Hindus and Hindu Traditions in Portugal” In: “Handbook of Hinduism in Europe” (2 vols); p.1292–1316. 2020.



11 comentários:

  1. Prezado Caio Cézar Busani,

    Parabéns pela excelente publicação. Trata-se de uma comunicação extremamente interessante, que, ao meu ver, tem grande potencial para se desdobrar em diversos outros temas. Tenho algumas perguntas que, embora à primeira vista possam parecer simples, envolvem uma certa complexidade.

    Não consegui identificar, em seu texto, em que língua a cerimônia é realizada, nem se os mantras são entoados na mesma língua. Independentemente da resposta, como poderíamos refletir sobre o papel da linguagem no desenvolvimento desse fenômeno cultural que você analisou? Ela integra o âmbito de “acordos” e “concessões” necessários à perpetuação das práticas culturais e religiosas? Digo isso, por exemplo, em uma situação em que as cerimônias são realizadas em português, mas palavras-chave como “Ganapati Bappa Morya!” são entoadas em línguas indianas; o que isso poderia significar? Penso também nos mantras, pois, como ficou claro a partir da leitura, eles são responsáveis por guiar todo o cerimonial. Sendo assim, o que pode simbolizar a língua escolhida para entoá-los?

    Por fim, existe algum levantamento acerca do percentual de participantes dessa cerimônia que se identificam como indianos e os que se identificam como portugueses/europeus? Faço essa pergunta para entender se há também um processo de inclusão e participação de um público europeu em tal manifestação cultural e religiosa.

    Agradeço imensamente por compartilhar um trabalho tão interessante! Espero que minhas perguntas possam ter sido úteis de alguma forma.

    Atenciosamente,
    Alexandre Cabús
    alexandrecabus@ufrrj.br

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    1. Olá Alexandre. Fico feliz que gostou do texto. Muito obrigado pelas perguntas e colocações. De fato, esse campo é vasto e pode se desdobrar em muitas questões interessantes.

      Os sacerdotes desse templo sempre conduzem os rituais, entoando os mantras em sânscrito. Isso é comum em todos os templos hindus, dentro e fora da Índia, já que o sânscrito é considerado uma língua sagrada.

      No entanto, a comunicação no templo (placas, avisos etc) e entre os frequentadores é majoritariamente feita em gujarate. Nas últimas décadas, a questão da linguagem não era problemática, já que a maioria dos imigrantes vinham do mesmo estado indiano (falavam a mesma língua). Porém, com meu trabalho atual, percebo que isso vem mudando. Pois, a alguns anos, mais pessoas de diferentes partes da Índia, estão morando em Lisboa e frequentando o templo. Como o gujarate não é sua língua materna, esses indivíduos nem sempre se sentem bem acolhidos no local.

      Durante meu trabalho de campo, venho entrevistando frequentadores e até lideranças da comunidade. Muitos já são nascidos em Portugal, logo se consideram (e de fato são) europeus/portugueses. Outros, que vieram da Índia, eram habitantes da Ilha de Diu ou do Moçambique, que eram colônias portuguesas. Por isso, se consideram “indianos-portugueses”. Digo isso, pois a questão do pertencimento (ser “europeu”), é bem complexa nesse caso. Pessoas caucasianas, que tem suas famílias já fixadas no território português a mais tempo, raramente frequentam as festividades do templo.

      Mais uma vez obrigado pelo interesse no texto e pelos questionamentos. Com certeza me fizeram pensar sobre pontos importantes da pesquisa.

      Att,
      Caio Cézar Busani
      caiobusani@gmail.com

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  2. Boa tarde. Achei muito interessante a vários questionamentos surgiram enquanto eu lia. Eu gostaria de entender qual o significado de Ganesha ter cabeça de elefante.

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    1. Olá Inês, obrigado pelas perguntas. A cabeça de elefante simboliza a força de Ganesha, que é igual à de um elefante. Sendo assim, nada pode pará-lo ou detê-lo, tal qual o animal. Dessa maneira, possuindo essa força, ele elimina os obstáculos da vida dos devotos.

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  3. Os imigrantes buscam manter a tradição de culto a Ganesha, mas eles também participam da religião do pais onde vivem ou somente praticam o hinduísmo?

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    1. De forma geral, eles praticam o hinduísmo. No entanto, muitos são devotos de Fátima e até organizam peregrinação ao santuário. Para eles, a virgem Maria é uma manifestação da mãe divina, chamada de Shakti ou Durga.

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  4. Quais outros Deuses que estão no Templo de Radha Krisna?

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    1. Existem altares dedicados a: Vishnu e Laksmi; Rama e Sita; Krishna e Radha (principal); Ganesha; Durga; Shiva e Parvati; Shivalingam (uma forma de Shiva).

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  5. Qual o significado de ofertar frutas para Ganesha?

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    1. Nos rituais hindus, é comum tratar a divindade tal qual um convidado de honra. Sendo assim, eles oferecem vários alimentos como as frutas, mas também doces e pratos salgados típicos da culinária indiana. No final, todos esses alimentos são distribuídos para aqueles presentes na celebração.

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