MANIPULANDO TECLA: A SANTIDADE COMO ARTIFÍCIO DE
CONSOLIDAÇÃO EPISCOPAL E CONTROLE DAS MULHERES
Introdução
Tecla não somente é uma das
personagens mais populares da Antiguidade Tardia, sobretudo no Oriente, por
meio dos Atos de Paulo e Tecla, cuja recepção foi enorme, mas também por conta
da quantidade de menções a ela por autores do período, especialmente bispos.
Sua história é tomada como base para diversas outras mulheres cujas santidades
foram atestadas por meio de hagiografias. Ghazzal Dabiri e Flavia Ruani
organizaram uma coletânea que pensa a recepção dos Atos de Paulo e Tecla nessa
literatura [2022]. Se pensarmos na Síria, Catherine Burris se dedicou a examinar as menções
a ela na Síria em The Reception of the Acts of Thecla in Syriac Christianity:
Translation, Collection and Reception [2010] ou em The Syriac Book of Women:
Text and Metatext [2007, p. 86-101]. Jeremy
W. Barrier organizou com outros autores mais recentemente uma coletânea que
pensa a figura de Tecla no Oriente e Ocidente (diferente de Dabiri e Ruani, a
ideia aqui não é analisar a recepção dela na literatura medieval) [2017].
Chiaria Tommasi Moreschini considerou que:
“[...] deve ser constatado que a
literatura cristã latina (e também pagã em um determinado caso), apesar da
escassez de testemunhos acerca da virgem discípula de Paulo em Icônio, destacou
diferentes aspectos e os adaptou a situações específicas, seja de maneira
exemplar ou ainda polêmica.” [MORESCHINI, 2016, p. 90, tradução nossa]
Sever Voicu escreveu Thecla in the
Christian East para a mesma coletânea, realizando um exercício semelhante ao de
Moreschini, mas para o Oriente, e ele conclui que:
“Conforme os séculos passaram a
tradição nunca parou de tentar normalizar e assimilar Tecla, vendo-a como a
discípula que o texto formalmente nega que ela era, transformando-a em um
símbolo sombrio de virtude; negando-a qualquer originalidade e autonomia.”
[VOICU, 2016, p. 68, tradução nossa]
Se instaurou ainda um debate a
respeito de como interpretar Tecla e suas correlatas, de modo que Shelly
Matthews tentou desenhar um panorama do que se pensava a respeito no começo da
década passada em Thinking of Thecla: Issues in Feminist Historiography [2001].
Seu trabalho se centra principalmente entorno de destacar como diferentes
autores pensaram a possibilidade dessa documentação ser tomada como evidência
de mulheres que lutavam pela emancipação nesse período. Barrier fez o mesmo
mais recentemente [2016]. São trabalhos que compartilham um aspecto em comum: a
abordagem superficial da Vida e Milagres de Santa Tecla. Ela sequer é
mencionada em muitos dos trabalhos, enquanto outros dedicam apenas alguns
parágrafos. São dos tradutores a produção mais dedicada. Andrew Jacobs [2019] e
Linda Honey [2011] traduziram cada um uma parte da documentação, sendo a Vida e
os Milagres, respectivamente. Ángel Narro [2017] também a traduziu, mas para o
espanhol e por completo, além de ter produzido muita coisa relacionada a Tecla
tomando como ponto de partida a hagiografia, centrado especialmente na
coletânea de milagres. Outro trabalho relevante no que tange a análise literária
é o de Scott Johnson [2006], mas que traz preocupações que não nos interessam
muito de modo mais geral.
Se considerarmos que os Atos de
Paulo e Tecla foram produzidos em um contexto muito diferente do que
encontramos na Vida e Milagres de Santa Tecla, sobretudo em relação a
institucionalização da igreja e paulatina consolidação do episcopado
monárquico, chegaremos à conclusão que o olhar mais atento para a hagiografia
pode nos dar respostas muito diferentes ainda que façamos perguntas semelhantes
às dos autores que se dedicaram a examinar os AtPT. Se trata não somente de
inquirir que modelo de gênero a documentação sugere e como isso se relaciona
com seu contexto específico, mas também de fazê-lo por outros meios: os Estudos
de Gênero. Virginia Burrus [1987] e Dennis MacDonald [1983] sugeriram a partir
da leitura dos AtPT que a castidade era um meio dessas mulheres obterem
autonomia e mais liberdade do controle dos homens, à medida que autores como
Kate Cooper [1996] e Elizabeth Castelli [2022] apresentaram demonstraram
preocupação com o fato de que o ideal de castidade estar sendo manipulado por
homens que queriam manter essas mulheres sob controle.
Uma santidade generificada e,
portanto, performática
Hannah Hunt vai comentar o ascetismo
dessas mulheres em termos de um ascetismo performático, de modo que, apesar de
enfatizar por demais o empoderamento dessas figuras, destaca que:
"[…] autores masculinos de
cartas e outros textos sobre mulheres 'masculinas' sugerem que transcender as
limitações do gênero feminino, com todas as suas conotações negativas, é uma
maneira de alcançar a pureza e um poder ascético." [2019, p. 15, tradução
nossa]
Ela ainda comenta:
"[…] é presumido que é
infinitamente preferível ser masculino do que feminino; a masculinidade, no
entanto, precisa ser praticada e 'performada': como ambos Michel Foucault e
Judith Butler argumentam, gênero é sempre um papel pré-definido que alguém
maneja." [Ibidem, p. 14,
tradução nossa]
Sendo assim, não somente as
mulheres, como também os homens, precisam ter sua santidade construída de modo
a atender essa demanda pela masculinidade. Justamente por isso que MacDonald
afirma que "o mito da androginia não é a resposta da antiguidade ao
androcentrismo; mas uma manifestação dele" [1988, p. 285 apud Braun, 2002, p. 111, tradução
nossa].
Com isso, quero dizer que argumento
que o corpo não pode ser entendido como natural, mas antes como histórico ou
uma situação histórica, de modo que a materialidade desse corpo se diferencia
da dimensão em que ele ganha significado [Butler, 2019, p. 215]. A ação do
corpo produz significado, à medida que também os performa, ou seja, que atos
corporais específicos são associados a essa mulher cuja santidade tem como
principal característica a correspondência a atitudes e vestimentas entendidas
como masculinas? Butler argumenta que "o corpo não é apenas matéria, ele é
uma materialização contínua e
incessante de possibilidades. As pessoas não são seus corpos, mas fazem seus
corpos." [2019, p. 216]. Por conseguinte, nos interessa sobretudo a
possibilidade de que esses bispos estejam fazendo o corpo dessas mulheres de
acordo com interesses específicos.
Butler ainda se refere a esse fazer
dos corpos como um projeto corporal que precisa se repetir e sustentado de modo
ininterrupto, relacionando a ideia de "projeto" ao gênero como meio
de sobrevivência cultural que demanda estratégias [Ibidem, p. 217].
Consequentemente, podemos pensar no
fazer dos corpos dessas mulheres como uma empreitada hagiográfica performática
vinculada a um determinado projeto cultural em curso por esses homens no
decorrer do séc. V.
Bispos e hagiografia: a aparente
contradição no caso de Tecla
Claudia Rapp delineou bem a
importância que esses homens adquiriram na virada da Antiguidade para a
Antiguidade Tardia em seu trabalho seminal Holy Bishops in Late Antiquity: The
Nature of Christian Leadership in a Time of Transition [2005]. José Fernandez
Ubiña pensa a consolidação do episcopado monárquico como um processo de longa
duração, que começa nos primeiros séculos, com a necessidade de que alguém
encabeçasse um processo de enfrentamento a grupos entendidos como perigosos, o
que explicaria o por que as Cartas Pastorais (1 Timóteo e 1 Tito) tentam
delimitar melhor as responsabilidades e características necessárias para que se
exerçam os papéis de bispo, diácono e presbítero [2016]. Dennis MacDonald,
apesar de não tocar no assunto da consolidação do episcopado monárquico, não
discordaria, visto que alega que as Cartas Pastorais estão inseridas em um
ambiente de disputa pelo legado de Paulo, especialmente o que tange a
participação das mulheres, dado a sua contraposição aos Atos de Paulo e Tecla e
consequente restrição das mulheres na hierarquia eclesiástica [1986]. Ubinã
ainda nos diz que:
“A instauração desse sistema em Roma
foi, portanto, paulatina, em um processo lento de acumulação de autoridade e
funções por parte do bispo/presbítero que presidia o colégio de presbíteros
[...] A coincidência da concentração de poder eclesiástico em uma só pessoa com
o fortalecimento do poder monárquico do Império [...] O mais transcendental foi
o impacto em todo o Império do modelo organizacional adotado por Roma, dado que
muitas igrejas a tinham como referência.” [2016, p. 50, tradução nossa]
Rapp aponta em um trabalho anterior
a sua produção de maior repercussão que há uma disputa entre os bispos, homens
da cidade e, portanto, do meio urbano, com os monges do deserto, que encontram
na contemplação e na retirada da cidade a sua expressão de santidade [2000].
São monges e bispos que, por motivos diversos, que não guardam relação somente
com o intuito de revestir determinadas personalidades de santidade, colocaram a
pena à serviço dessas figuras. E no que tange às mulheres, que gozam de muito
prestígio nesse cristianismo dos primeiros séculos, principalmente em função
das organizações se darem no interior de casas e não de sinagogas como ocorria
no judaísmo, interessa a esses homens em vias de consolidação da sua
importância estabelecer um padrão de santidade a ser imitado (um exemplae) que não colocasse essas
mulheres em posição de disputa de poder. Com isso, quero dizer que parece muito
mais interessante que as figuras femininas ilustradas nas hagiografias sejam
elogiadas por serem pudicas, obedientes e quietas ou recatadas. Se considera
que Macrina, apesar de viril, não deixa de prestar reverência a seu irmão,
Gregório de Nissa: um bispo, mas também seu hagiógrafo [Gregório de Nissa, Vida
de Macrina, XVII, 1-2]. Ou que Mônica, apesar de mal poder ser reconhecida como
mulher, dado o tamanho de sua virilidade, tem como uma das suas principais
características a sua dedicação à maternidade (Clark, 1999). Macrina e Mônica
são dois exemplos de mulheres cujas histórias estão sendo escritas pelas penas
de bispos que ensejam destaque, mas sobretudo jogar para escanteio as mulheres
aristocráticas que angariavam prestígio com o patrocínio de homens como
Jerônimo e a construção de monastérios.
Tecla, por conseguinte, parece nos
apresentar um problema, dado que seu hagiógrafo anônimo, um homem que tentou a
carreira de bispo, mas se viu no meio de diversas querelas contra homens que
ele não hesita em citar nominalmente e amaldiçoa-los de diversas maneiras
possíveis, não parece querer omitir todos os trechos potencialmente
problemáticos da sua história. A sua atitude, no entanto, não é incomum, uma
vez que encontramos muitos desses bispos aparentemente se contradizendo ao
tentarem restringir o papel feminino, mas também escreverem histórias em que
mulheres assumem o papel de homens, pregam e andam pelas cidades, além das
cartas que trocam com mulheres que muitas das vezes são suas mantenedoras, onde
fica claro que elas não estão em posição de inferioridade para com eles. A
resposta que, por hora, parece fazer sentido é que esses autores simplesmente
não podem ser incisivos demais, dado o papel de importância que essas mulheres
ainda possuem, precisam fazer concessões a atuação dessas mulheres que incluem,
no nosso caso, não reescrever completamente a história de uma figura popular há
três séculos e que chegou a ser usada como motivação para que outras mulheres
preguem e batizem, como nos informa Tertuliano (De Baptismo, XVII). Se
trata de um processo paulatino em que essas narrativas transicionam para um
modelo de mulher que consagra uma binariedade de gênero (que guarda estreita
relação com um ideal de discrição), mas que ainda possui rastros de sua
composição original. E como isso aparece na hagiografia dedicada à Tecla?
Seu autor destaca, em diversos
momentos, como Tecla, apesar de adotar gestos e símbolos associados à
masculinidade, ainda sim é uma mulher, ressaltando a sua beleza “escapa como um
relâmpago” [Vida de Tecla, XV, tradução nossa] e toma o coração de Alexandre,
ainda que nesse momento ela esteja com vestes de monge. Como se destacando a
sua beleza de mulher tirasse o foco do fato que ela não estava vestida como
uma. Não nos deve parecer estranha a ideia de que de algum modo se higienize
essas histórias para cumprir um determinado fim. Se tratando de Tecla, Monika
Pesthy demonstrou como esses homens fizeram de Tecla um exemplo para todas as
mulheres por conta da sua castidade e pureza [1998, p. 63], o que nos parece
ser especialmente útil na nossa análise ao considerarmos também que esses
homens “enfatizam aspectos extracorpóreos das virgens, retirando passagens
eroticamente sugestivas, além de reafirmarem a inabilidade de Tecla transcender
seu corpo feminino” [HAINES-ETIZEN, 2007, p. 193, tradução nossa]. Se trata de manipular essas histórias e
coloca-las a serviço de um projeto de poder que delimitava a ação das mulheres.
Outra passagem que sugere uma
tentativa de enfatizar que Tecla, apesar da sua santidade, ainda é uma mulher,
se encontra na reta final de sua jornada, quando ela parte para encontrar com
Paulo e veste “algo mais masculino para esconder a beleza da sua juventude,
apesar de nada disso obscurecer a sua beleza” [Vida de Tecla, XXV, tradução
nossa]. A maneira como o autor descreve outras mulheres que aparecem ao longo
da narrativa também parecerem querer colocar Tecla em um lugar de
excepcionalidade. Trifena, uma aristocrata que socorre Tecla, é descrita como
estressada e chega a desmaiar em dado momento da narrativa [Ibidem, XX].
As mulheres que acompanhavam o martírio de Tecla não conseguem ficar quietas,
de acordo com o autor, “pois o gênero é predisposto ao prazer e a inquietude do
medo” [Ibidem, XVI, tradução nossa]. A histeria das mulheres era tamanha
que elas lamentavam sobre Tecla o tempo inteiro e mesmo cogitavam morrer
juntamente com ela [Ibidem, XIX]. Seria interessante em outro momento
recorrermos a uma comparação com os Atos de Paulo e Tecla, do séc. II, para
olharmos de maneira minuciosa as diferenças no tratamento as mulheres em ambos
momentos, mas o que se verifica, de modo inicial, é que a Vida e Milagres de
Santa Tecla, do séc. V, carrega uma abordagem mais misógina, dado a quantidade
de comentários depreciativos do seu autor especialmente em relação a
personagens que não Tecla.
Sobre a associação de Tecla a
atributos considerados masculinos à época, como a violência, trabalhei melhor
em outro lugar [Lima, 2024]. Sua autoridade não é questionada em nenhum momento
pelo autor. Se isso nos soa aparentemente contraditório, é muito por conta da
necessidade que esses homens tinham de se relacionar bem com essas mulheres
aristocráticas, de modo que reproduzir uma narrativa de santidade completamente
avessa a atuação dessas mulheres não parece ser inteligente. Seria ingênuo
também deixar de lado que mesmo essas narrativas de santidade que parecem
conferir mais liberdade às mulheres são construídas por homens que nesse
momento querem cada vez menos dividir espaço com as mesmas. Sendo assim, a
sexualidade feminina é entendida como um objeto a ser negociado, e a virgindade
não aparenta ter virado de cabeça para baixo a situação dessas mulheres e as
colocado em posição de atuação sem restrições, mas antes parece ter sido
adequada a uma dimensão teológica que a enquadra em um sistema de coação cujo
preço é a negação da sua identidade [Castelli, 2022, p. 65].
Outro dado que não podemos ignorar é
a quantidade expressiva de mulheres que aparecem na segunda parte da
hagiografia. 35% dos milagres atribuídos à Tecla possuem uma ou mais mulheres
como personagens centrais. 25% registram
aparições de um ou mais bispos (muitos se repetem). Dexiano, Menodoro,
Simpósio, Basílio, Mariano e Máximo. Já as mulheres são mais de uma dezena,
incluindo grupos de virgens e algumas cujo nome não foi registrado. Soa
especialmente interessante a nós que a maioria delas seja aristocrata e
mencionadas uma a uma no antepenúltimo milagre, ele termina por dizer que
“ainda há muitas outras que não tenho tempo para nomear, a menos que da mesma
maenira como Hesíodo eu escreva um catálogo das mulheres mais excelentes do
nosso tempo” [Vida e Milagres de Tecla, Milagre 44, tradução nossa]. Ele
conclui com dois milagres que se referem a mulheres (Dionísia e Xenarca). Se prova,
portanto, por meio destes dados, que ainda que não tivesse as mulheres em alta
conta, como demonstramos em alguns excertos da narrativa hagiográfica, era de
suma importância que ele, especialmente se considerarmos a sua situação
delicada no que tange à disputa por um cargo eclesiástico ilustrada ao longo da
hagiografia, zelasse pela manutenção de uma rede de apoio dessas mulheres,
mencionando-as mais que os bispos (mencionados muitas das vezes para mal
dizer). O que inclui, por conseguinte, a mobilização de uma figura popular como
Tecla, sem que no entanto, nesse caso em específico, altere por demais as
passagens potencialmente problemáticas, ainda que registre comentários
depreciativos em relação as mulheres de modo mais amplo ao longo da primeira metade da narrativa.
Conclusão
Sugerimos, portanto, que apesar do
contraste entre passagens que seguem representando Tecla como um exemplo
potencialmente problemático e outros momentos em que o autor retrata as
mulheres de modo depreciativo e destaca o corpo de Tecla como se ela não
pudesse se desprender dele, essas poucas evidências podem nos apontar uma
mudança paulatina no discurso hagiográfico que tem como fim instituir um modelo
de mulher a ser imitado que as relegue à um segundo plano e concentre pouco a
pouco o poder nas mãos desses homens. Tecla, no entanto, nessa presente
narrativa não se distancia muito daquele modelo considerado problemático nos
séculos anteriores por Tertuliano e outros autores, mas a sua mobilização
indica, a luz da diversidade de mulheres aristocratas presentes no entorno do
autor, uma necessidade de manejar essas figuras, ainda que de modo
contraditório, justamente porque não se pode negar completamente a essas
mulheres a possibilidade de agência, dado a importância que possuem nesse
contexto. Soa, em síntese, como uma hagiografia que se localiza ainda no começo
desse processo de ascensão do episcopado monárquico.
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Cainã Lima é graduando em História
na UERJ, membro do PEM – Programa de Estudos Medievais/UERJ, do ATRIVM – Espaço
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O que tenho entendido, a partir das minhas leituras, até o presente momento, é que esse processo começa a ocorrer especialmente no séc. V, quando os bispos começam a desempenhar um papel mais centralizador no cristianismo. De modo que essas figuras femininas de santidade passam a ser mobilizadas por diversos desses homens como um exemplo cujas principais características muito pouco tem a ver com o papel que muitas mulheres aristocráticas daquela época exerciam. Elas construíam monastérios e financiavam esses homens, mas para eles passa a ser importante produzir uma narrativa hagiográfica que restrinja de algum modo essa atuação para que cada vez mais eles aglutinem esse poder eclesiástico.
ResponderExcluirOBRIGADO PELA ATENÇÃO... Um livro bacana sobre a questão feminina a partir da idade média: O MARTELO DAS BRUXAS. obrigado
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