O MELHOR DOS
GOVERNOS: O IMPÉRIO CHINÊS, LIBERALISMO E ECONOMIA POLÍTICA EM FRANÇOIS QUESNAY
O
declínio da França ocorreu logo após a morte de Luís XIV, que deixou um enorme
déficit público, atingindo cerca de cinquenta vezes o orçamento anual do
Estado. Ao mesmo tempo, a França recebeu um golpe decisivo em seu comércio
colonial com os ataques dos holandeses e ingleses. O governo francês
necessitava de uma solução imediata e decisiva. Para solucionar essa situação
calamitosa, a França apenas poderia contar com seu enorme território, sua
grande população e com o desenvolvimento da agricultura. Foi, neste contexto,
que surgiu a escola econômica dos fisiocratas, com seu principal representante
– François Quesnay (1694-1774). De fato, a partir da metade do século XVIII, a
França representava um laboratório interessante para a elaboração de saberes e
experimentações para a prática governativa no que tangia à economia, quer
dizer, conferir ao saber econômico o estatuto de ciência social que articulava
o contexto histórico com a forma de governo. (SEBASTIANELLI, 2028; SKORNICKI,
2011; PERROT, 1992)
Uma
das soluções era buscar alguma referência de sucesso. Voltaire explicava que a
riqueza da China não era apenas superior àquela angariada pelos europeus, mas
também muito mais antiga. No tempo em que a Europa era formada por cabanas, os
chineses moravam em castelos e casas decoradas com luxo. De modo semelhante, o
cultivo das terras levou a um tal ponto de perfeição que a Europa ainda nem
sonhou e que os camponeses não são explorados pelo excesso de impostos. O que
reverteu em um povo próspero e em cidades florescentes. (VOLTAIRE, 2010,
cap.195, p.288; ver também: MALBRANAQUE, 2021, p.53-63)
Por
outra, o barão de Montesquieu desconfiava dos valores chineses e a melhor forma
de seu governo. Friedrich Melchior Grimm, em 1754, dizia que os chineses eram
preguiçosos e ladrões. Porém, os fisiocratas, assim como Voltaire, eram
unânimes em sua admiração pela China. François Quesnay, na parte final de seu Le despotisme de la Chine, depois de
expor a história da China e as suas instituições, destacava uma comparação das
leis chineses com os princípios constitutivos dos governos prósperos. Assim,
não era na Roma imperial ou na filosofia de Platão e Sócrates, mas em Pequin e
em Confúcio que se deveria buscar as matrizes do bom governo e, portanto, do
sucesso econômico. Conforme explica Virgile Pinot, Quesnay, chefe da escola dos
fisiocratas, esclareceu em dois momentos o papel fundamental da agricultura e a
repercussão política do sistema político chinês: nos verbetes que escreveu para
a Enciclopédia e na sua produção doutrinal dedicada ao direito natural. (PINOT,
1906, p.200-214)
Nos
verbetes “fermiers” (arrendatários) (1756) e “grains” (“grãos”) (1757), da Enciclopédia, Quesnay demonstra que a
agricultura é única fonte de riqueza e os camponeses são a única classe
produtiva da sociedade. Assim, o comércio facilitava as trocas entre os
indivíduos e a indústria apenas elaborava produtos baseadas nas matérias-primas
que vêm do campo. São, pois, instâncias acessórias, complementares e dependentes.
Mesmo porque a exploração da terra garantia a sobrevivência da sociedade. Como
todos os indivíduos possuem o direito de arranjar os meios de sua
sobrevivência, então se tratava de um direito natural imprescritível. E para o
exercício do cultivo de terras são necessários os instrumentos de trabalho e a
propriedade a ser cultivada. O instrumento principal de seu trabalho é a sua
própria força de trabalho, assim o primeiro princípio da economia é a liberdade
pessoal.
O
artigo “fermiers” ilustra muito bem que pensava Quesnay sobre os problemas
sociais, econômicos e políticos que a França enfrentava no século XVIII e quais
os motivos que o levaram a encontrar na China a solução para este quadro
problemático. De fato, a França passava por uma crise financeira, fome, penúria
em várias regiões e declínio populacional. E, diga-se de passagem, Quesnay
ocupava naquele momento posição política de destaque. Era cirurgião do palácio
de Versalhes, médico pessoal da casa real e favorito de madame Pompadour.
Este
artigo é considerado por muitos estudiosos da economia política como a melhor
ilustração daquilo que os fisiocratas consideravam importante em termos de
virtudes que um Estado deveria possuir para empreender o bem-estar de seus
súditos. Aqui, embora François Quesnay defendesse o papel central da
agricultura como motor da economia e da formação de riqueza, ele nunca
argumentou a favor da rusticidade e da simplicidade campestre. Pare ele, era
falta de ambição ou pura migalha para a mera sobrevivência cotidiana. Seu ponto
de vista sobre a vida agrária era individualista e progressista. (CROCKER,
1963, p.54s; DEMALS, 2004, p.307-334; GOYARD-FABRE, 1972, p.143)
Embora
François Quesnay não fosse o primeiro partidário da escola fisiocrática a
elogiar o Império chinês, a atenção dada a esse governo asiático foi crucial
para disseminar e legitimar o modelo chinês como referência para a Europa. No
verbete “grains”, Quesnay fornece um quadro de razões para o declínio da
população. O governo de Luís XIV foi catastrófico, pois moveu a França em
várias guerras, o que levou a baixas consideráveis entre a população
economicamente ativa, causando assim o declínio dos recursos da fazenda régia
devido às restrições no comércio de grãos e o conseqüente aumento na cobrança
de impostos para o esforço de guerra. A pobreza era a realidade nas pequenas
cidades, com movimento de emigração em massa e migração interna para as grandes
cidades, além de intenso êxodo rural. O que diferia do Império chinês.
(QUESNAY, 1888, p.444s)
Segundo
Quesnay, em seu Le despotisme de Chine
(1767), a China era um reino ocupado por 320 milhões de habitantes felizes,
sábios e livres. Para ele, essa imensa população era prova suficiente de que se
tratava de um dos impérios mais florescentes do mundo e ainda com enormes
potencialidades por cumprir. Havia algumas cidades chinesas que eram sete vezes
maiores que Paris, oito vezes ou mais que Lyon, e centenas de vezes mais que
Orléans. Os fisiocratas acreditavam que a causa para o incremento populacional
era devido ao exercício de um bom governo. Mesmo porque o mau governo
aniquilava a população e destruía a riqueza do Estado e do povo.
Como
François Quesnay explicava, o problema da agricultura francesa resultava na
existência de muitas pequenas propriedades rurais (petite culture) ou a produção em baixa escala, em particular, as
propriedades que serviam apenas para a sobrevivência. Os camponeses trabalham
em pequenos torrões de terra e usavam métodos tradicionais e ultrapassados em
termos de eficiência produtiva. Assim, o agricultor não tinha acesso aos meios
de incrementar a sua produção, o que impedia a formação de mercado em larga
escala. Esta falta de inovação técnica favorecia a deterioração dos solos e a
perda de safras inteiras. E grande parte da produção agrícola, resultado do
enorme esforço dos agricultores, acabava nas mãos dos senhores feudais; além
disso, o excesso de impostos deixava os plebeus em situação precária.
François
Quesnay acreditava que o desastre da agricultura no Estado francês ficava cada
vez pior por conta de políticas legislativas equivocadas, da taxação arbitrária
e da regulação caótica do mercado de grãos. Opondo-se àqueles que defendiam que
apenas leis draconianas motivariam os camponeses ao trabalho e ao aumento da
produção, Quesnay explicava que a maior motivação de todo agricultor para o
trabalho está sempre em proporção com a recompensa que será obtida e não
qualquer forma de constrição ou violência. O problema da pequena propriedade
(uma reforma agrária, de fato) está no horizonte argumentativo das obras de
Quesnay. Ele acreditava que o remédio era realizar uma reforma nos moldes do
exemplo chinês. (QUESNAY, 1888, p.446s)
François
Quesnay defendia a grande propriedade (grande
culture) dos arrendatários (fermiers).
Como ele-mesmo explica, no verbete “arrendatários” da Enciclopédia, os grandes proprietários de terra “são aqueles que
investem e fazem valer os bens das áreas rurais e que procuram as riquezas e os
recursos os mais essenciais para o sustento do Estado. Assim o trabalho dos
arrendatários é um assunto muito importante para o Reino e merece grande
atenção por parte do governo”. (QUESNAY, 1888, p.159)
Os
latifundiários empregam considerável quantidade de capital e possuem
habilidades gerenciais em vários domínios, o que minimizam os custos de
produção e aumentam, por consequência, o excedente final. Além disso, eles
incentivam a dinâmica regional de trocas, pois angariam grande quantidade de
mão-de-obra, de insumos e de instrumentos de trabalho. São eles também os mais
interessados em inovações tecnológicas – a substituição de antigas técnicas por
novas formas de produzir melhora a eficiência do trabalho e aumenta a eficácia
das ferramentas empregadas.
Não
são apenas meros trabalhadores braçais, mas empreendedores que administram seus
bens pela inteligência e pela alocação correta de recursos. Dessa forma,
segundo esta lógica econômica, o aumento da produção resultaria na redução dos
preços dos alimentos, melhoria nas condições de vida da população em geral e no
incremento da exportação de excedentes.
“Quanto
mais os trabalhadores são ricos, mais eles aumentam por conta de sua
inteligência a produção de suas terras e a riqueza da nação. Um arrendatário
pobre não pode produzir a não ser em detrimento do Estado, porque ele não
consegue obter por seu trabalho os frutos que a terra possibilita numa cultura
opulenta” (QUESNAY, 1888, p.175)
Assim,
a proliferação das grandes propriedades favorece o lucro, o acúmulo de riqueza
e a adoção de novas práticas. Propriedades que são administradas por
latifundiários preferem o uso de cavalos, enquanto os pequenos proprietários
usam a tração por bovinos. Quesnay explica que um arado puxado por eqüinos pode
ser manejado por apenas uma pessoa, o que equivale a três parelhas de bois ou o
esforço de seis homens. Além disso, o gado bovino necessita de grandes
pastagens, ocupando espaço dos cultivos para a produção de alimentos. Mesmo porque “Os mesmos arrendatários somente
podem levar vantagem pela superioridade de sua produção e pela boa qualidade
das terras que cultivam, pois eles apenas podem ganhar quando o produto de suas
colheitas ultrapassa as suas despesas”. (QUESNAY, 1888, p.181)
Esses
argumentos de Quesnay parecem anacrônicos atualmente, porém a escola dos
fisiocratas foi uma resposta satisfatória para os problemas candentes da França
do século XVIII. De fato, conforme disse aproximadamente Peter Gay (1966,
p.89), na França do Antigo regime, o problema da agricultura era a questão
dominante e os fisiocratas nunca conseguiram se desvencilhar desse campo de
saber. O comércio marítimo sofria enorme concorrência pelas armadas inglesas e
holandesas (ver também GOYARD-FABRE, 1972). As fronteiras territoriais estavam
ameaçadas pela existência de outras potências como Espanha e Itália. Restava
aos franceses então voltar-se para os negócios internos, com uma
industrialização incipiente e com trocas comerciais internas sempre frágeis. O
que restava (por falta de opção viável?) era a tradição agrícola, que remontava
aos tempos feudais e que coadunava perfeitamente com as práticas sociais mais
prestigiosas.
Pierre
Poivre, em seu Voyage d’un philosophe
(1768), já havia mencionado que a agricultura em larga escala era a grande
solução para o problema dos impérios. Poivre exerceu diversas funções na Ásia
(missionário, embaixador, soldado etc.) e ficou impressionado com a enorme
população da China, que era alimentada por uma arte agrícola aperfeiçoada ao
longo de quatro mil anos (POIVRE, 1768, p.110). Os chineses adotaram práticas
de cultivo do solo sem precedentes na Europa (adubação, aragem etc.),
tornando-se “a mais antiga nação agrícola que já existiu na face da terra”
(POIVRE, 1768, p.111). O que era incentivada por um gerenciamento estatal e por
uma administração judiciária de acordo com as leis da natureza. Para ele,
qualquer poderio que deseja riqueza, poder e consenso deveria se moldar pelo
exemplo da China. Mas qual seria o segredo do sucesso chinês?
Para
Pierre Poivre:
“Todo
o país é recortado por canais construídos pelos homens e ligados entre si por
riachos de um lado a outro; estes dividem e delimitam este vasto Império como
um jardim em todas as suas partes (...) Em conseqüência, os riachos e os rios
são cultivados até a borda da água; não se perde uma parcela de terra (...)
Eles trazem a fertilidade para as terras; eles fornecem ao povo a maior parte
de sua subsistência”. (POIVRE, 1768, p.113-114)
A essas técnicas avançadas de cultivo agrícola
e construção de infra-estrutura, acrescenta-se uma forte ética de trabalho. Todos
os dias devem ser produtivos e dedicados a angariar riqueza e recursos. E essa
abundância e prosperidade se devem a um governo centralizado, cujo poder se
espalha coordenadamente por outras instâncias administrativas e judiciárias.
Nesse
sentido, pode-se afirmar de modo lapidar que:
“Ela
deve o seu governo aos fundamentos profundos e inquebráveis que foram colocados
apenas pela razão no momento da criação da sociedade. Igualmente, suas leis
foram ditadas pela natureza aos primeiros homens e conservadas preciosamente de
geração em geração depois dos primeiros tempos da humanidade, em todos os
corações, de cada um dos membros deste povo inumerável. Não foram baseados em
códigos obscuros ditados por homens soberbos e maldosos”. (POIVRE, 1768,
p.120-121)
Esta
precedência da agricultura nos negócios de Estado ganhou admiração de François
Quesnay. De fato, “a agricultura sempre foi objeto de veneração na China, e
aqueles que se dedicam a ela sempre tiveram atenção particular por parte do
imperador”. (QUESNAY, 1888, p.600)
Mesmo
porque o imperador dá ênfase especial na inovação, ordenando que todos os
governadores provinciais busquem os agricultores mais destacados localmente
para que sejam condecorados e elevados a cargos de destaque. Segundo François
Quesnay, este sistema de premiação deveria ser imitado pela França. A
competição pela honra e por prestígio seria um incentivo para a melhoria das
condições produtivas. É justamente por meio de um sistema educativo eficiente
que essas inovações são disseminadas, ao lado das virtudes como a frugalidade,
temperança, modéstia, lealdade e civilidade. O equivale a dizer que “A
liberdade pessoal e a propriedade, ou a certeza de aproveitar os bens que cada
um possui primeiramente por seus desejos e por suas necessidades, são assim
desde sempre assegurados aos homens pelas leis naturais, que constituem a ordem
essencial das sociedades bem reguladas”. (QUESNAY, 1888, p.648)
Conquanto
se afirme comumente que os fisiocratas eram contrários ao comércio, François
Quesnay destaca que na China o comércio interno é florescente, permitindo a
dinamização da economia. Porém, o comércio exterior, sobretudo aquele por via
marítima é regulado e restrito a alguns portos autorizados, com viagens de
pequeno curso. Dessa forma:
“As
trocas comercias em larga escala são talvez mais prejudiciais que favoráveis à
prosperidade das nações as quais a ela se dedicam; salvo aos comerciantes que
podem adquirir largas fortunas em grande parte às expensas de seus concidadãos.
As mercadorias que vão ser distribuídas em terras tão distantes não são mais
que frivolidades muito desejadas, que entretêm um luxo muito prejudicial.
Poderíamos relacionar várias nações que são muito ligadas a este tipo de
comércio e que comerciam em todas as partes do mundo, porém, a não ser pelo
lucro dos comerciantes, não fornecem exemplos de prosperidade”. (QUESNAY, 1888,
p.605)
A
referência à China como Estado centralizado, forjada no interior do pensamento
fisiocrático, parece quadrar perfeitamente com o mote “laissez-faire,
laissez-passer”, que é, sem dúvida alguma, a máxima mais conhecida da história
da economia. Trata-se de uma reinterpretação bíblica a partir da perspectiva da
economia política. Este mote era disseminado na cultura letrada do período e já
estava estabelecido como saber comum. Para o público coetâneo, a frase era
associada ao milagre da ressurreição de Lázaro por Cristo (João XI. 44). Como
metáfora, significava o ressurgimento do poder econômico da França e também
quadrava perfeitamente como a lógica das finanças e a formação de riqueza,
conforme a ordem natural (PRASCH & WARIN, 2019, pp.448–458). Ou, para
referir uma imagem corporal, “just as the continue circulation of blood gives
life to the living body, so does the continued circulation of income fgive life
to the social body”. (HOUMANIDIS, 1982, p.436)
Para
finalizar, conforme Quesnay, uma economia, fundada na lei natural, não
significava que o interesse individual é sempre compatível com o benefício
geral da sociedade. Aqui, o Estado possui o papel fundamental de regular as
ambições pessoais para que não se corrompa a vida política e cause a destruição
da economia. No interior do escopo doutrinal dos fisiocratas, o incentivo a um
Estado forte e interventor com uma iniciativa privada sempre em competição
forma uma aporia que acabou por frear o próprio desenvolvimento do liberalismo
na França. Quesnay ressaltava o perigo de uma sociedade baseada no comércio,
que não se movia pela lei natural e pelas virtudes. As trocas comerciais
certamente deveriam ser livres de entraves burocráticos e fiscais, porém esta
área da economia retirava recursos da agricultura, comprometendo a verdadeira
classe produtiva da sociedade. No
entanto, assim como Voltaire caiu em equívoco por confiar nas histórias
contadas pelos missionários, da mesma forma a imagem da China delineada pelos
fisiocratas tinha por referência menos os fatos reais e mais os textos
doutrinais e a correspondência de aventureiros e navegadores.
REFERÊNCIAS
BIOGRÁFICAS
Ricardo Hiroyuki Shibata é Doutor em Letras (Unicamp) e docente do curso de Letras no Delet/ Unicentro/PR. Este trabalho foi realizado no âmbito de meu Pós-Doutorado no Departamento de Filosofia, da Unisinos, sob supervisão do Prof.Dr. Hernán Ramirez.
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SEBASTIANELLI,
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SKORNICKI,
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In: _____. Oeuvres complètes. Oxford:
Oxford University Press, 2010.
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